Snoop Dogg está pronto para uma mudanças de ares. O rapper anunciou uma parceria com a Tune.FM, plataforma de streaming baseada em blockchain, e sinalizou que pretende migrar parte de seu catálogo para o serviço.
A decisão vem após suas críticas públicas aos modelos de pagamento de royalties do Spotify, que ele considera insuficientes para artistas. No entanto, a mudança também coincide com um momento delicado, já que Snoop Dogg vem enfrentando reações negativas por sua proximidade de Donald Trump.
Apesar da nova parceria com a Tune.FM, as músicas de Snoop Dogg continuam disponíveis no Spotify por enquanto. Contudo, o artista já deixou claro que isso pode mudar no futuro.
Com quase 30 milhões de ouvintes mensais na plataforma, a decisão do rapper pode impactar não apenas sua carreira, mas também o debate sobre remuneração no setor de streaming.
Snoop Dogg e a insatisfação com o Spotify
A relação entre Snoop Dogg e o Spotify começou a se desgastar no final de 2024, quando o artista revelou ter recebido menos de 45 mil dólares por um bilhão de streams na plataforma.
Em entrevista ao podcast Business Untitled, ele afirmou que o valor foi considerado baixo e que não pretende continuar colaborando com o serviço.
“Eles me mandaram um relatório mostrando que eu tinha um bilhão de streams. Quando perguntei quanto dinheiro aquilo representava, não chegava a 45 mil dólares”, disse.
O Spotify, por sua vez, contestou os números apresentados por Snoop Dogg. Um porta-voz da empresa afirmou que um bilhão de streams gera milhões de dólares para os detentores dos direitos autorais, sugerindo que o problema pode estar na distribuição dos valores.
“É lamentável saber que os pagamentos do Spotify não chegaram a Snoop. Ele é uma lenda e, agora que é dono da Death Row Records, esperamos que ele receba mais por seu trabalho”, completou o representante.
Polêmicas e críticas recentes
A decisão de Snoop Dogg de se afastar do Spotify ocorre em um momento em que o artista enfrenta críticas pesadas por sua participação no Crypto Ball, um evento realizado em homenagem à posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. O rapper se apresentou ao lado de artistas como Soulja Boy e Rick Ross, gerando uma onda de reações negativas nas redes sociais.
Muitos fãs lembraram que, no passado, Snoop Dogg havia criticado duramente Trump, chegando a chamar seus eleitores de “alguns idiotas” e condenando artistas que se apresentaram na primeira posse do ex-presidente.
A participação no Crypto Ball fez com que o rapper perdesse mais de meio milhão de seguidores e levantou questionamentos sobre a coerência de suas posições políticas.
A aposta na Tune.FM e no modelo Web3
A parceria com a Tune.FM marca uma nova fase na carreira de Snoop Dogg, mas não está livre de questionamentos. A plataforma, que se define como uma alternativa descentralizada aos serviços tradicionais de streaming, promete pagamentos instantâneos aos artistas a cada segundo de música reproduzida. Além disso, utiliza uma criptomoeda própria, a JAM, para distribuir 90% da receita gerada pelas streams diretamente aos músicos.
Snoop Dogg será o “rosto” da Tune.FM e lançará sua nova música, “Spaceship Party”, exclusivamente na plataforma. O rapper também planeja migrar parte do catálogo da Death Row Records, gravadora que adquiriu em 2022, para o serviço. A ideia é explorar novas formas de interação com os fãs, incluindo experiências digitais, colecionáveis e modelos de propriedade baseados em NFTs.
Artistas e plataformas: uma relação conturbada

A decisão de Snoop Dogg de remover parte de seu catálogo do Spotify não é um caso isolado. Nos últimos anos, outros artistas também se retiraram de plataformas de streaming por discordâncias políticas ou econômicas.
Um dos exemplos mais emblemáticos foi Neil Young, que em 2022 removeu seu catálogo do Spotify em protesto contra a veiculação do podcast de Joe Rogan, que espalhava desinformação sobre vacinas. Taylor Swift, Beyoncé e Prince estão entre os artistas que relutaram em disponibilizar suas obras no app.
Esses movimentos mostram como a relação entre artistas e plataformas de streaming pode ser tensa, especialmente quando questões financeiras ou ideológicas entram em jogo. No caso de Snoop Dogg, a insatisfação com os pagamentos do Spotify parece ser o principal motivo, mas a decisão ocorre em um contexto de polêmicas que podem afetar sua imagem pública.
O futuro da Death Row Records e o metaverso
Desde que assumiu o controle da lendária gravadora Death Row Records, Snoop Dogg tem demonstrado interesse em inovar no mercado musical. Em 2022, ele anunciou planos para transformar a gravadora em uma “NFT label”, com lançamentos exclusivos no metaverso. Na época, o artista retirou parte do catálogo da Death Row de plataformas como Spotify e Apple Music, gerando reações mistas entre os fãs.
A parceria com a Tune.FM parece alinhada com essa visão. Snoop Dogg já vendeu mais de 44 milhões de dólares em NFTs através da Gala Games, empresa com a qual colabora para criar experiências no metaverso. Agora, ele espera levar a Death Row para um novo patamar, integrando música, tecnologia e interação direta com o público.
Impactos no mercado de streaming
A decisão de Snoop Dogg pode influenciar outros artistas a repensarem suas estratégias de distribuição. A Tune.FM já está em conversas com grandes gravadoras, como Universal Music Group e Sony Music, para ampliar seu catálogo. Se o modelo de pagamentos instantâneos e a utilização de criptomoedas ganharem força, plataformas tradicionais como Spotify e Apple Music podem enfrentar pressão para revisar seus modelos de negócio.
Enquanto isso, Snoop Dogg segue firme em sua missão de inovar, mas as críticas recentes e as polêmicas em torno de sua imagem pública mostram que o caminho não será fácil. Por enquanto, os fãs ainda podem acessar as músicas do rapper no Spotify. Mas, com a aposta na Tune.FM e no metaverso, fica claro que o futuro da música pode estar longe dos modelos tradicionais.