A Beatoven.ai e a Musical AI apresentaram planos para criar uma nova plataforma de música gerada por inteligência artificial. O projeto busca atender às crescentes demandas por soluções que respeitem os direitos autorais de músicos e produtores. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2025 e promete operar de forma totalmente legal e licenciada.
A plataforma usará a tecnologia da Beatoven.ai e será desenvolvida com base em um catálogo que inclui mais de 3 milhões de músicas, loops, samples e sons. A Musical AI, especializada em licenciamento e atribuição de conteúdos, será responsável por estruturar os pagamentos aos titulares dos direitos e garantir que as criações geradas pela IA respeitem os materiais utilizados no treinamento.
O CEO da Musical AI, Sean Power, resumiu a empreitada:
“Estamos trabalhando com a equipe da Beatoven.ai, que é visionária e guiada por princípios éticos, porque eles reconhecem o valor de mostrar que a inteligência artificial generativa pode ser legal e compensar os criadores de conteúdo original por seu trabalho, enquanto ainda é possível prosperar como um negócio. Não há mais desculpas para não fazer as coisas de forma correta e bem-feita. Estamos provando isso com este serviço inédito.”
Modelo licenciado e compartilhamento de receitas
O foco da iniciativa está em criar um modelo de negócios que permita a remuneração proporcional de titulares de direitos autorais. A ideia é que os donos das obras usadas no treinamento e as músicas geradas pela plataforma recebam uma parcela da receita obtida.
A Musical AI planeja oferecer o serviço exclusivamente a clientes corporativos, em formato white-label, enquanto a Beatoven.ai destaca a adoção de práticas alinhadas a iniciativas como a certificação Fairly Trained. Essa certificação, criada para validar modelos de IA que respeitam os direitos dos criadores, tem ganhado espaço entre empresas do setor.
Parcerias e certificações no mercado de IA musical
A certificação Fairly Trained surgiu em 2024, como uma resposta às críticas em torno do uso de conteúdos protegidos por direitos autorais em tecnologias de inteligência artificial. Além da Beatoven.ai, outras empresas, como Endel e Infinite Album, também foram certificadas. O processo avalia como as ferramentas utilizam e remuneram conteúdos criativos.
A Beatoven.ai, ativa no mercado desde 2022, já foi usada por mais de 1 milhão de criadores que produziram 1,5 milhão de faixas. A plataforma permite que usuários personalizem as músicas geradas, com opções para alterar a emoção e o estilo musical das composições. A expectativa com a nova ferramenta é expandir o alcance da tecnologia e adaptar o modelo de negócios a uma estrutura mais ampla de licenciamento.
O contexto da inteligência artificial na música
O uso da inteligência artificial na música tem levantado discussões sobre ética e direitos autorais. Em 2023, a GEMA, organização alemã de gestão de direitos, propôs um modelo de licenciamento para regular o uso de músicas protegidas em tecnologias de IA. Não é à toa que ferramentas que afirmam respeitar as obrigações legais atraem atenção de empresas e profissionais do setor.
A Beatoven.ai e a Musical AI veem a nova plataforma como uma maneira de abordar essas questões ao mesmo tempo que atendem à demanda crescente por tecnologias de composição com a ajuda da inteligência artificial. Ainda assim, o impacto real da ferramenta dependerá de sua aceitação no mercado, onde concorrentes como Meta e outras grandes empresas também desenvolvem soluções de geração musical por IA.
Perspectivas para o lançamento em 2025
A previsão de lançamento em 2025 chega em um momento de intensas mudanças no mercado musical. A expectativa é que a nova ferramenta traga alternativas para empresas que buscam usar inteligência artificial sem comprometer os direitos de criadores.
Embora iniciativas como essa apontem para avanços na relação entre tecnologia e direitos autorais, o setor ainda enfrenta desafios sobre como regular de forma eficiente o uso de obras protegidas. A Beatoven.ai e a Musical AI apostam na combinação de licenciamento transparente e remuneração para criar um modelo mais sustentável. Se essa abordagem será suficiente para convencer a indústria, os próximos anos irão dizer.
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