Kesha lança plataforma Smash para conectar músicos e promover autonomia criativa

Cantora americana Kesha aposta em tecnologia para transformar as relações de trabalho na indústria musical com o lançamento da Smash.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Kesha
Kesha (Crédito: Divulgação)

Após encerrar seu contrato com a gravadora RCA Records e tornar-se artista independente, Kesha anuncia uma nova empreitada que vai além da carreira musical. A cantora norte-americana lançou a Smash, plataforma digital voltada à colaboração entre criadores de música, com foco em autonomia, valorização e controle de direitos. O projeto marca também sua estreia como CEO de uma startup no setor de tecnologia e inovação.

Descrita como uma “plataforma comunitária para criadores de música se conectarem e criarem em seus próprios termos”, a Smash se propõe a ser mais do que uma rede social ou ferramenta de produção. 

Ainda em fase inicial, o site oficial apresenta uma página de cadastro para interessados em acompanhar os próximos passos do projeto. A promessa é reunir funcionalidades como marketplace, estúdio remoto de colaboração e recursos contratuais integrados.

Modelo inspirado em redes profissionais

A Smash foi idealizada como um “LinkedIn para criadores de música”, segundo o comunicado oficial da empresa. A proposta é reunir músicos, compositores, produtores e técnicos em um mesmo ambiente, facilitando a contratação de serviços, parcerias criativas e trocas profissionais com garantias de proteção legal e transparência.

A iniciativa é assessorada pela Crush Music, empresa que já gerencia a carreira de Kesha, e conta com cofundadores experientes nas áreas de tecnologia e negócios. Além da própria artista como CEO, a Smash tem como CTO Alan Cannistraro (ex-Apple e ex-Facebook) e como COO o produtor e empresário Lagan Sebert, irmão da cantora.

Uma resposta às estruturas da indústria

Página inicial do Smash, iniciativa de Kesha
Página inicial do Smash (Crédito: Reprodução)

A motivação pessoal de Kesha é central na criação da Smash. No comunicado de lançamento, a artista declarou:

“Assinei um contrato predatório aos 18 anos e passei mais de uma década lutando para recuperar os direitos sobre minha voz e imagem. Quando finalmente conquistei minha liberdade, percebi que a luta ainda não tinha acabado. Quero garantir que o que aconteceu comigo nunca aconteça com mais ninguém.”

Conhecida não apenas por sua música, mas também pela longa batalha judicial contra seu ex-produtor, Dr. Luke, a cantora afirma que a plataforma nasce como um movimento em defesa dos criadores. 

“Já passou da hora. O sistema está quebrado. Smash é minha nova plataforma comunitária para conectar e proteger criadores de música”, afirmou em suas redes sociais.

Tendência de plataformas independentes

A aposta em soluções tecnológicas que empoderam músicos não é isolada. Nos últimos anos, startups como BandLab, Splice e SoundBetter vêm ganhando espaço entre profissionais que buscam independência das grandes gravadoras. O diferencial da Smash está na combinação entre rede profissional, gestão de contratos e estúdio remoto em um mesmo ecossistema.

Além disso, a legitimidade de Kesha como artista que vivenciou abusos contratuais dá peso à proposta. Sua experiência ressoa com uma geração de músicos que questiona a centralização de poder nas mãos de grandes players da indústria, reforçando a demanda por plataformas mais éticas, transparentes e sustentáveis.

Impacto para o mercado e próximos passos

Ainda em fase beta, a Smash não divulgou data oficial de lançamento completo nem informações sobre modelo de monetização ou critérios de adesão. No entanto, ao posicionar-se como uma plataforma que devolve aos criadores o controle sobre suas obras, a empresa pode se tornar um ponto de inflexão nas dinâmicas atuais do mercado.

Especialmente em um contexto de crescente valorização do trabalho remoto, do licenciamento direto e da remuneração justa, iniciativas como a Smash representam novas possibilidades para músicos fora dos circuitos tradicionais. Para um setor marcado por disputas judiciais e concentração de poder, a entrada de figuras públicas como Kesha no universo da tecnologia aponta para uma movimentação estratégica em direção à descentralização.

O desafio será transformar o discurso de revolução em infraestrutura concreta, funcional e acessível para quem mais precisa: os criadores independentes que, como Kesha no passado, buscam fazer música sem abrir mão de seus direitos.

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