Impala critica aquisições da UMG e novo modelo de streaming da Amazon

Impala questiona impacto das aquisições da UMG e novas regras de streaming da Amazon
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Nathália Pandeló

A expansão da Universal Music Group (UMG) e seu recente acordo com a Amazon Music são motivo de preocupação para a Impala, associação que representa gravadoras independentes na Europa. Em um comunicado, a entidade alerta para os impactos da aquisição de selos independentes e para os novos critérios de monetização do streaming, que podem prejudicar artistas menores.

A UMG divulgou recentemente seu balanço financeiro de 2024, registrando um crescimento de 7,2% na receita no último trimestre do ano, totalizando R$ 21,8 bilhões. O segmento de música gravada cresceu 6%, alcançando R$ 16,3 bilhões, enquanto a edição musical teve um aumento de 6,4%, chegando a R$ 3,8 bilhões. 

Já o faturamento com assinaturas de streaming cresceu 7,9%, atingindo R$ 7,81 bilhões, enquanto as receitas advindas de plataformas gratuitas com publicidade caíram 5,1%, chegando a R$ 2,3 bilhões.

Aquisição da 8Ball Music e preocupação com a concentração de mercado

A Impala criticou a recente aquisição da 8Ball Music, selo independente da Holanda, pela UMG. A entidade afirma que essas movimentações frequentes reforçam o monopólio das grandes gravadoras e dificultam a diversidade no mercado musical. 

“Seguimos preocupados com o fato de que dificilmente passa uma semana sem que uma nova aquisição de grande porte ganhe as manchetes. Esse é mais um motivo pelo qual os reguladores precisam interromper essas aquisições, como detalhamos em nossa recente submissão às principais autoridades de concorrência. Chega um ponto em que grande é simplesmente grande demais, e a escala pode impactar os resultados de um mercado inteiro. É hora de parar a estratégia implacável da Universal”, declarou Helen Smith, presidente executiva da Impala.

A UMG defende que sua estratégia de crescimento inclui apoio a selos independentes e empreendedorismo na música. 

“Nosso compromisso é garantir que a UMG continue sendo o principal destino para os melhores empreendedores e independentes da indústria”, afirmou Sir Lucian Grainge, CEO da companhia. 

Ele também ressaltou que a aquisição da Downtown Music Holdings ajudaria a UMG a “advogar por políticas avançadas que protejam e desenvolvam todo o ecossistema musical”.

Mudanças no modelo de streaming e impactos para independentes

Amazon Music - esquema de pagamento é criticado pela Impala

O acordo entre a UMG e a Amazon Music também levantou preocupações entre as gravadoras independentes. O modelo de monetização “Streaming 2.0”, defendido pela UMG, introduz novos critérios que podem afetar o pagamento de royalties para pequenos artistas. 

“Os independentes estão sendo solicitados a assinar termos com a Amazon baseados em limites que impactam desproporcionalmente seus artistas e receitas, com alguns relatando que cerca de 70% ou mais de seu repertório foi desmonetizado da noite para o dia”, afirmou Smith.

Os detalhes exatos dos novos critérios da Amazon não foram divulgados, mas há indícios de que a plataforma esteja adotando políticas semelhantes às da Deezer e do Spotify, que estabelecem um número mínimo de streams para que uma música gere royalties. A Impala defende que esse modelo pode prejudicar os artistas em fase inicial de carreira, tornando ainda mais difícil a sustentabilidade de selos independentes.

Resposta da Amazon e tensão entre independentes e majors

Em resposta às críticas, a Amazon Music afirmou que seu novo modelo de repasse de royalties beneficiará muitos artistas independentes. 

“Acreditamos que, para haver um setor musical diverso e vibrante, os artistas devem ter a oportunidade de viver de sua música”, disse um porta-voz da empresa. 

Segundo a plataforma, o modelo atualizado permitirá um aumento nos pagamentos de royalties para diversas gravadoras e artistas independentes.

A discussão sobre os critérios de remuneração do streaming não é nova. O Spotify, por exemplo, introduziu um limite mínimo de 1.000 streams anuais para que uma faixa receba royalties. A empresa justificou a mudança afirmando que isso ajudaria a aumentar os pagamentos para artistas profissionais e combater fraudes no streaming. A Impala, no entanto, argumenta que medidas como essa acabam favorecendo as grandes gravadoras, que possuem mais poder de negociação e catálogos robustos.

A Impala deve continuar pressionando reguladores para frear a expansão da UMG e avaliar os impactos das novas políticas de streaming. A entidade também planeja debater questões como financiamento para independentes e modelos empresariais alternativos na próxima reunião de sua diretoria, que ocorrerá em Estocolmo.

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