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Produtor da Universal reúne vivências na África em projeto autoral

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Redação

Dono de múltiplos talentos e com conhecimentos acumulados pela vasta experiência musical – conquistada após se dedicar a trabalhos com artistas como Alice in Chains, Akon, Lil Wayne, Rita Ora, Emicida, Malía, Ramonzin e muitos outros, o produtor Rafael Tudesco se debruçou em um projeto autoral que reúne experiências vividas na África, com objetivo de aumentar a visibilidade para música produzida em países do continente.

Intitulado 3RDW, o projeto é o reflexo das vivências do brasileiro, nascido em Porto Alegre, que se mudou para Los Angeles e viajou o mundo inteiro fazendo música. Rafael já atuou como músico, engenheiro de som, produtor musical, A&R e curador de projetos como o Red Bull Pulso.

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Rafael Tudesco | Foto: Reprodução/Instagram

No primeiro estúdio em que trabalhou, em Los Angeles, nos EUA, Rafael viu se estruturar a Roc Nation, gravadora fundada pelo lendário rapper e empresário Jay-Z, responsável por lançar e gerenciar carreiras de artistas como Rihanna, J. Cole e Big Sean, processos e trabalhos que Rafa acompanhou bem de perto.

Desde 2017 contratado pela Universal Music como produtor e A&R, Rafael pode se conectar ainda mais a novos artistas, tendo sido responsável pelo desenvolvimento da carreira de vários deles. Ao longo desse período, o projeto 3RDW ganhou corpo e agora o músico está pronto para apresentar ao mundo seu primeiro lançamento.

“O projeto é uma soma das minhas experiências. Tive uma experiência muito importante para minha vida na África, quando morei em Mali. Comecei a perceber que só o fato de a gente ser brasileiro já tem muito de África, Europa e dessa miscigenação na nossa vivência. Então, sonoramente, quando comecei a vivenciar essas coisas, comecei a tentar trazer cada vez mais para o meu trabalho. Eu vi que esse era um diferencial”, conta Rafael em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música.

Rafael explica que ao transferir a sonoridade do local para ritmos, para células musicais, se sentiu em casa. “É daí que vem a nossa base musical brasileira”, explica. E completa dizendo que o projeto só existe devido a essa vivência e identificação. “Vivendo isso eu já sentia que a música pegava essa sonoridade e colocava na música mainstream”.

“[a indústria musical] bota um pouquinho dessas referências e soma com a fórmula do pop. Daí a minha vontade foi fazer o oposto: ao invés de colocar mais de pop e menos dessas referências, quem sabe trazer o foco para essas vivências, esses artistas e todo mundo dessa cadeia?”, explica o produtor.

Experiência

Tudesco expandiu sua conexão com a cultura africana quando trabalhou em um selo que se dedicava a lançar exclusivamente música tradicional do oeste africano. Por meio de uma parceria com a empresa KSK Records, Rafa foi até Mali, na África, onde trabalhou na produção do documentário “Music in Mali”.

Enquanto estava lá, ele colaborou com artistas como Bassekou Kuyate, que foi vencedor do Grammy, além de outros nomes lendários, incluindo Khaira Arby, Toumani Diabate, Sekou Maiga, Super Djata Band, Sibiri Samake e outros.

Durante a viagem, o artista entrou em contato com uma explosão de sonoridades e experimentou um intercâmbio cultural com artistas de vários países do continente, como Zimbábue e África do Sul. Rafa percebeu o paralelo estético que havia entre o que estava sendo feito lá e o que acontecia simultaneamente no mercado da música brasileira.

Primeiro single

O primeiro single do projeto, “Ahue”, expressão em Mina, uma língua originária da África. Sobre o nome da faixa, o artista Big, integrante do duo Dois Africanos, explica o significado: “A aldeia, o interior são para nós o que as raízes são para as árvores. Você vê a árvore, ela está bonita, de pé e gigante como vemos, por causa das raízes. Então, para nós, algumas vezes sair da cidade grande e voltar para o interior, é uma maneira de ir se recarregar”.

Rafael explica que essa faixa é uma conexão entre amigos, com quem trabalhou, pessoas do Brasil e de outros lugares. “Essa primeira música vem para apresentar o começo dessa história, ela traz artistas que eu curto muito, como o Ramonzin, com quem eu já trabalho há um tempo, o Daniel Yorubá, outro artista que eu gosto muito e com quem trabalhei, e os dois artistas africanos, Big e Izzy, um do Benin e um do Togo, radicados aqui no Brasil. Acho que sintetizou bem essa conexão com África, de ser um imigrante e estar no Brasil”, conta.

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Foto: Divulgação

“Eu tive vontade de fazer essa primeira música em algumas línguas diferentes e achei muito importante que fosse em algumas línguas locais dos países deles, como o Mina, uma língua do Togo, e o Fom, do Benin, junto com o português”, explica Rafa sobre a faixa de lançamento do projeto.

A música chega acompanhada de um clipe, dirigido por Mailson Soares (Cave Films). Sobre o vídeo, o artista conta: “Essa faixa conta um pouco sobre como a própria música te leva de volta pra casa. Tem uma história curiosa… O diretor do clipe, que é meu amigo há muito tempo e mora nos Estados Unidos, já não vinha ao Brasil há alguns anos. A filmagem desse clipe foi justamente uma volta pra casa dele. Foi muito legal porque a gente conseguiu fazer com que ele viesse pro Brasil e colocamos todos juntos (a família, os amigos…) pra fazer esse vídeo. Eu acho que ele representa um pouco dessa história”, finaliza Rafael.

Assista o clipe de “Ahue”: