Nos últimos anos, catálogos musicais antigos se tornaram mais valorizados, tanto como patrimônio artístico quanto como oportunidades de negócios. Empresas como Hipgnosis Songs Fund e Primary Wave pagaram milhões de dólares por direitos de músicas de artistas consagrados. Isso mostra que esses acervos ainda têm muito valor, mesmo décadas depois de seu lançamento.
Nem todo artista acompanha o ritmo de lançamentos imposto pelas plataformas de streaming, o que torna seus catálogos o principal ativo. Nesse cenário, entender como manter essas obras relevantes no mercado é uma questão importante para selos, empresários, músicos e gravadoras.
Streaming e redes sociais são ferramentas essenciais
Nem só de Descobertas da Semana e Radar de Novidades vive o Spotify. As plataformas de streaming têm um papel importante no consumo de músicas mais antigas. Segundo a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), cerca de 65% do streaming global é composto por faixas com mais de 18 meses de lançamento. Essa procura demonstra que o público não se limita a consumir apenas lançamentos recentes.
Um exemplo disso foi o sucesso da música “Dreams”, do Fleetwood Mac, que voltou às paradas em 2020 depois de ser usada em um vídeo no TikTok. A faixa alcançou milhões de novos streams, provando que as redes sociais podem conectar músicas antigas a um público completamente novo.
As playlists também ajudam a colocar obras antigas em evidência. Muitos serviços de streaming usam algoritmos para montar seleções temáticas que combinam músicas de diferentes épocas. Isso permite que artistas do passado sejam descobertos por gerações mais jovens.
Como renovar o interesse por músicas antigas
Outra estratégia que tem dado resultado é a remasterização digital. Muitos artistas e gravadoras estão atualizando gravações antigas para atender aos padrões de qualidade atuais, garantindo que elas sejam competitivas nos serviços de streaming. Assim, álbuns antigos ganham um relançamento.
Além disso, as redes sociais se tornaram um espaço para resgatar histórias, bastidores e curiosidades sobre músicas do passado. Selos e artistas investem em conteúdos exclusivos que ajudam a engajar o público e reativar o interesse por obras já lançadas.
Remixes autorizados por DJs ou artistas contemporâneos também são uma alternativa interessante para atingir novos públicos. Ao trazer uma nova interpretação para músicas clássicas, as gravadoras conseguem atrair ouvintes sem precisar lançar algo completamente inédito. Em 2024, o fenômeno das MTGs elevou o interesse em faixas com alguns anos de rodagem – foi o caso de “Quem não quer sou eu”, de Seu Jorge. A nova versão alcançou o topo das paradas no Spotify Brasil e acumulou milhões de reproduções no YouTube.
Catálogos como fonte de receita e investimento
A valorização dos catálogos também se reflete no interesse de empresas e investidores. A Universal Music, por exemplo, comprou o de Bob Dylan por mais de US$ 300 milhões. Esse tipo de negociação mostra como os catálogos podem ser explorados além do consumo digital, servindo como ativos financeiros com grande potencial de retorno.
Do lado dos artistas, estratégias baseadas em dados ajudam a entender o comportamento do público. Saber quais faixas geram mais interesse ou engajamento permite planejar campanhas mais direcionadas, aumentando os resultados.
O que esperar do futuro
Com o uso de novas tecnologias, as músicas antigas continuam ganhando espaço. O streaming e as redes sociais facilitam o acesso a essas obras, enquanto ações como remasterizações e campanhas digitais ajudam a mantê-las em destaque.
O desafio para o mercado é encontrar formas de modernizar esses catálogos sem perder sua essência, garantindo que eles continuem sendo relevantes tanto para o público mais fiel quanto para quem está descobrindo essas músicas pela primeira vez.