A Warner Bros. Discovery (WBD) acertou um acordo com a Cutting Edge Group para criar uma joint venture que coadministrará um vasto catálogo de trilhas sonoras de filmes e séries. O acordo envolve mais de 400 mil composições e trechos musicais, abrangendo produções como Friends, Game of Thrones e O Exorcista. O valor estimado ultrapassa US$ 1 bilhão, segundo o Financial Times.
Outras empresas também participam do negócio. O grupo alemão DWS investe na transação, enquanto Universal Music Publishing Group e Sony Music Publishing continuam administrando parte dos direitos, conforme os acordos pré-existentes. O objetivo da parceria é explorar novas oportunidades para monetizar esse acervo musical.
O que muda com a nova gestão
A joint venture dará ênfase à distribuição e ampliação das receitas provenientes do catálogo. A Warner Bros. Discovery manterá controle criativo e operacional dos direitos musicais, enquanto a Cutting Edge atuará na gestão comercial das obras.
O portfólio inclui trilhas de franquias como Harry Potter e O Senhor dos Anéis, além de séries populares como The Big Bang Theory, Two and a Half Men, Succession e The White Lotus. A intenção é maximizar a utilização dessas obras em novos formatos e licenças.
Segundo Paul Broucek, presidente de música da Warner Bros. Discovery, a parceria permitirá novas formas de levar essas composições a diferentes públicos. Ele afirmou que o histórico da empresa com trilhas sonoras de grandes produções continuará sendo um diferencial no mercado de licenciamento musical.
“Esta parceria com a CEG é a maneira perfeita de expandir o acesso à nossa biblioteca musical incomparável, ao mesmo tempo em que honramos nossa longa história de supervisão criativa e protegemos a integridade das obras e dos artistas.”
Outro ponto relevante é a possível ampliação das oportunidades de sincronização. Produções audiovisuais, jogos eletrônicos e campanhas publicitárias são setores que demandam trilhas para gerar conexão com o público. O aumento da distribuição digital também possibilita novas estratégias para monetizar obras que já fazem parte do imaginário coletivo.
Investimentos e estratégias de monetização
A Cutting Edge Group já vinha se posicionando no mercado de aquisição de direitos musicais. Em 2023, a empresa concluiu uma captação de US$ 500 milhões e mapeou um pipeline de investimentos avaliados em US$ 1,5 bilhão.
Philip Moross, CEO da Cutting Edge, destacou a importância do acervo adquirido e mencionou que a parceria com a Warner Bros. é resultado de anos de trabalho da equipe. A empresa pretende expandir o alcance das composições e encontrar novas formas de engajamento com o público.
“Este é um conjunto icônico de catálogos criado ao longo de quase um século por um dos estúdios originais de Hollywood, e ter a oportunidade de investir e gerenciar essa joint venture ao lado da WBD é uma perspectiva incrivelmente empolgante para nós.”
Além da monetização por meio de licenciamento para publicidade e cinema, a empresa deve ampliar sua atuação em plataformas de streaming e novos formatos de distribuição digital. A valorização dos direitos musicais tem sido um dos principais focos da Cutting Edge, que já realizou diversas aquisições no setor nos últimos anos.
O mercado de sincronização e relançamento de trilhas também tem se mostrado um fator relevante para a valorização desses ativos. Com o crescimento de remakes e reboots no cinema e na TV, há uma demanda crescente por trilhas sonoras. A parceria pode reforçar essa tendência, tornando o catálogo ainda mais rentável.
Cenário do mercado de catálogos musicais
Nos últimos anos, grandes empresas têm investido na aquisição e gestão de catálogos musicais. A crescente valorização desses ativos tem atraído fundos de investimento e grupos especializados na administração de direitos autorais.
A movimentação da Warner Bros. Discovery ocorre em um contexto no qual outros estúdios e editoras também têm buscado novas formas de rentabilizar seu acervo musical. O crescimento do streaming e da demanda por licenciamento tem sido um dos principais fatores para essa estratégia.
A transação reforça a tendência do setor de entretenimento em explorar catálogos já estabelecidos para aumentar as receitas. O aumento da procura por músicas de trilhas sonoras de produções marcantes tem impulsionado o valor de direitos autorais, tornando o segmento cada vez mais competitivo para investidores e empresas de mídia.
Outro aspecto importante desse movimento é a crescente digitalização do mercado fonográfico. Com o uso de inteligência artificial e algoritmos de recomendação, músicas de catálogo podem ganhar nova relevância ao serem reintroduzidas ao público por meio de playlists e curadorias automatizadas. Esse fenômeno pode aumentar ainda mais o valor de bibliotecas musicais históricas.
A disputa por catálogos musicais deve continuar aquecida nos próximos anos, com mais empresas e fundos de investimento buscando oportunidades nesse segmento. O impacto dessas aquisições pode remodelar o mercado de licenciamento e distribuição musical, tornando o gerenciamento de direitos uma peça-chave na indústria do entretenimento.