A Recording Industry Association of America (RIAA) divulgou o relatório de meio de ano de 2025 para o mercado de música gravada nos Estados Unidos, com receita total de US$ 5,6 bilhões entre janeiro e junho. O número representa um aumento modesto de 0,9% em relação ao mesmo período de 2024, puxado principalmente pelo crescimento do streaming pago, já que as vendas físicas voltaram a cair.
O total de assinaturas pagas em plataformas de streaming atingiu a marca de 105 milhões de contas ativas, o que representa 6,4% de crescimento em relação ao ano anterior. Essa base de usuários gerou US$ 3,2 bilhões em receitas no período, uma alta de 5,7%. Quando considerados todos os tipos de streaming (incluindo planos gratuitos com anúncios, rádios digitais e uso em redes sociais), a receita total alcançou US$ 4,7 bilhões, equivalente a 84% do mercado norte-americano.
O CEO da RIAA, Mitch Glazier, destacou o marco histórico das assinaturas pagas:
“O número de assinaturas pagas atingiu um marco histórico, ultrapassando 100 milhões de contas, enquanto as receitas de todos os formatos chegaram a US$ 5,6 bilhões no primeiro semestre de 2025 – marcos importantes que ressaltam o valor duradouro da música e a demanda pela arte humana apoiada por gravadoras e parcerias colaborativas.”
O peso do streaming no mercado atual
O streaming consolidou-se como a principal fonte de receita para a indústria da música nos Estados Unidos. Além dos serviços premium, que oferecem acesso completo ao catálogo, há também planos pagos de menor custo com catálogos limitados ou funcionalidades restritas. Essas diferentes modalidades ajudam a expandir o alcance entre públicos diversos, contribuindo para a marca histórica de mais de 100 milhões de contas ativas.
As camadas gratuitas com anúncios, como os planos básicos do Spotify e da Amazon Music, também colaboram para esse cenário, ainda que em proporções menores. Plataformas sociais como TikTok e Instagram, que utilizam música em grande escala, geram rendimentos adicionais por meio de acordos de licenciamento, assim como rádios digitais remuneradas via SoundExchange.
Queda nas vendas de CDs e estabilidade do vinil

Apesar do avanço digital, o relatório mostra que o mercado físico segue em retração. As vendas de CDs despencaram 22,3% no primeiro semestre, somando apenas US$ 108,1 milhões. O vinil, por sua vez, manteve sua relevância com US$ 456,9 milhões, quatro vezes mais que os CDs. O vinil respondeu por mais de três quartos de toda a receita física, mesmo tendo registrado uma pequena queda de 1% em relação ao ano passado.
Essa diferença marca a consolidação do vinil como principal produto físico, superando os CDs pelo quinto ano consecutivo tanto em número de unidades quanto em faturamento. Depois de quase duas décadas de retomada, o vinil tornou-se parte estável dos hábitos de consumo musical.
Mudança no método de divulgação
A partir deste ano, a RIAA passou a apresentar seus números com base em valores de atacado, modelo já seguido por relatórios internacionais como o Global Music Report, da IFPI. Antes, os dados eram divulgados em valores de varejo, que consideravam o preço final ao consumidor. A nova métrica oferece uma visão mais precisa dos recursos que retornam efetivamente à cadeia criativa, permitindo também comparações mais transparentes entre países. Para gravadoras, editoras e investidores, essa uniformização facilita análises de mercado e decisões estratégicas em escala global.
O vice-presidente de pesquisa da associação, Matt Bass, ressaltou a importância da nova metodologia adotada para os relatórios:
“Esses números mostram uma base estável e sustentável, já que a música continua sendo uma das exportações mais fortes dos Estados Unidos, com artistas norte-americanos respondendo por um em cada três streams globais – mais do que a soma dos próximos seis países. Alinhar nosso relatório aos padrões internacionais nos permite contar essa história com mais clareza do que nunca.”
Exportação da música dos EUA
Como bem lembrou Matt Bass, outro ponto destacado pela RIAA é a relevância da música norte-americana como exportação cultural. Um em cada três streams globais corresponde a artistas dos Estados Unidos, proporção que supera a soma dos seis países seguintes no ranking. Além disso, os EUA estão entre as poucas nações que mantêm superávit na balança comercial musical, reforçando o papel do setor como motor econômico e de influência cultural.
Embora o crescimento de 2025 tenha sido mais moderado em relação a anos anteriores, os dados indicam que a música continua sendo um dos segmentos mais sólidos da economia criativa dos EUA. O avanço do streaming, a consolidação do vinil e a adoção de padrões internacionais de medição ajudam a sustentar uma base estável para a indústria no futuro próximo.
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