Os festivais de música estão cada vez mais se consolidando como experiências que vão muito além dos shows. O relatório “State of Play: Festivals 2025”, publicado pela Ticketmaster no Reino Unido, mostra como esses eventos têm se transformado em espaços de conexão geracional, práticas sustentáveis e descoberta de novos artistas. A tendência é cada vez mais comparada às viagens de férias tradicionais, com impacto que também encontra paralelos no Brasil.
Segundo o levantamento, 43% dos pais britânicos já consideram os festivais como uma alternativa às férias em família, enquanto 73% acreditam que são uma forma mais eficaz de apresentar novas culturas aos filhos. Os dados apontam que 51% valorizam o tempo de convivência e 57% destacam como momento especial ver seus filhos curtindo música ao vivo pela primeira vez.
No Brasil, a cena também reflete esse movimento: iniciativas exclusivas para os pequenos, como o Kidzhouse Festival, até espaços infantis dentro de eventos como o Lollapalooza, mostram que os organizadores investem em áreas dedicadas às crianças e em pacotes familiares para estimular a ida de diferentes gerações.
O crescimento da experiência familiar

No Reino Unido, eventos como o Camp Bestival registraram aumento de 155% na presença de crianças de dois a quatro anos, sinalizando que a infraestrutura está cada vez mais adaptada a famílias com filhos pequenos.
Essa lógica também se observa em festivais brasileiros de médio porte, como o Psicodália, o Rock the Mountain e o MADA, que ampliaram espaços de camping com foco em famílias, além de oferecer oficinas e atividades culturais.
A pesquisa ainda mostra que os fatores que mais influenciam os pais a levarem os filhos são a segurança, pacotes acessíveis e programação infantil. No Brasil, festivais como o Coala e o DoSol também têm investido em oferecer alimentação diversificada e áreas de descanso, para atrair públicos multigeracionais.
A tendência dos festivais solo

Outro destaque do relatório é o aumento do público que opta por ir sozinho a festivais. Em 2019, apenas 8% dos entrevistados diziam ter participado sozinhos, número que subiu para 29% em 2025. Entre os motivos estão a flexibilidade de aproveitar a programação sem concessões, a possibilidade de conhecer novas pessoas e o incentivo de grupos em redes sociais.
No Brasil, esse comportamento também vem crescendo, impulsionado por comunidades online que organizam encontros e acampamentos coletivos. Os promotores avaliam que a facilidade de pagamento parcelado estimula quem deseja viver a experiência por conta própria.
Sustentabilidade como prioridade

O estudo da Ticketmaster revela que 67% do público afirma levar em consideração práticas sustentáveis na hora de escolher o festival, enquanto 77% querem menos resíduos e 66% esperam opções de transporte de baixo carbono. Essa pressão tem levado os organizadores a ampliar ações como copos reutilizáveis, áreas de coleta seletiva e incentivo a transporte coletivo.
No Brasil, a discussão ambiental também ganha força. O Rock in Rio, por exemplo, investe em projetos de neutralização de carbono e em sistemas de reaproveitamento de água. Já o Festival Se Rasgum, em Belém, adota políticas de logística reversa e reciclagem de resíduos, refletindo o mesmo movimento visto na Europa. E provando, mais uma vez, que ações sustentáveis não devem ficar restritas a grandes conglomerados de eventos.
Redes sociais e novas descobertas

As redes sociais ocupam lugar central na forma como os fãs encontram e compartilham suas experiências. O relatório mostra que 25% dos entrevistados descobrem novos festivais por meio dessas plataformas, e um terço afirma que documentar o evento faz parte do ritual.
No Brasil, os festivais independentes têm utilizado o TikTok e o Instagram como ferramentas para ampliar o alcance de artistas emergentes e atrair públicos fora de suas regiões de origem. Essa prática reflete a função do festival como vitrine, tanto para novos artistas quanto para marcas parceiras.
Conforto e consumo

O relatório também destaca o crescimento das áreas VIP, com 47% dos upgrades motivados pelo acesso a banheiros e chuveiros melhores. Para muitos fãs, o atrativo não é a exclusividade, mas sim o conforto.
No Brasil, os setores premium se tornaram parte estratégica do modelo de negócios. O Lollapalooza, por exemplo, oferece lounges climatizados, áreas gastronômicas exclusivas e até serviços de spa, mostrando como a busca por bem-estar passou a fazer parte da experiência musical.
A força da marca do festival

Por fim, os dados mostram que 19% dos britânicos compram ingressos antes mesmo de conhecer a programação. Isso indica que a marca e o ambiente do festival já têm peso equivalente ao line-up.
No Brasil, esse comportamento também é visível. Ingressos de pré-venda para o Rock in Rio e o Lollapalooza esgotam em poucas horas, mesmo sem artistas confirmados. Esse cenário aponta para um mercado em que a vivência coletiva se tornou o principal atrativo.
A pesquisa da Ticketmaster confirma que os festivais deixaram de ser apenas sobre música e se transformaram em experiências culturais completas, com impacto direto na forma como famílias, jovens e adultos se relacionam com a música ao vivo.
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