O Prêmio da Música Brasileira acaba de estrear uma iniciativa audiovisual com foco na diversidade cultural do país. Intitulada Casa PMB, a série documental apresenta encontros musicais em diferentes regiões do Brasil, reunindo nomes consagrados e representantes da nova cena artística em episódios semanais. A primeira temporada, dedicada à Bahia, terá três capítulos exibidos nos dias 20 e 27 de julho e 3 de agosto, sempre às 20h, no canal oficial do PMB no YouTube.
Os episódios foram gravados em Salvador e mostram conversas, apresentações e bastidores de colaborações entre artistas de gerações e estilos variados. Entre os nomes envolvidos estão Mariene de Castro, Lazzo Matumbi, Ju Moraes, Rachel Reis, Hiran, Sued Nunes, Yan Cloud e Melly. A proposta é registrar e fomentar trocas musicais entre diferentes trajetórias, revelando as conexões afetivas e estéticas que atravessam a produção musical brasileira contemporânea.
Temporada Bahia reúne diferentes gerações em Salvador
Com direção de Marcio Debellian e coprodução do Prêmio da Música Brasileira com a K2D Produções, a série se estrutura em episódios curtos que misturam depoimentos e apresentações ao vivo. As filmagens ocorreram em ambientes intimistas da capital baiana, favorecendo a espontaneidade e o clima de troca entre os artistas.
No episódio de estreia, o idealizador do prêmio, Zé Maurício Machline, comenta:
“A música da Bahia vem de dentro pra fora, é por isso que é tão boa. Não tem nada de fora pra dentro, tudo vem da alma de cada um destes artistas. Agradeço muito ao Hiran, por exemplo, por ter me apresentado a Melly. Artistas que estão em praias musicais completamente diferentes e absolutamente ricas”.
Diálogo entre trajetórias e valorização da cultura baiana

Um dos destaques do projeto é o modo como a série promove o diálogo entre músicos com diferentes experiências. Para o cantor Lazzo Matumbi, a conexão entre artistas da mesma região tem um papel especial.
“Sem querer ser bairrista, mas cada baiano é embaixador de outro baiano. Quando vai a um lugar, puxa o outro e diz ‘olha, conheço uma pessoa nova que você também tem que conhecer’. Porque essa coisa de ser um artista experiente e poder dizer ‘olhe, eu gosto muito desse som que está rolando aqui, venham ver’ pra mim é um prazer imenso. Penso sempre como é bom estar trocando com essa galera, aprendo o tempo todo. Me sinto honrado como o coroa no meio dessa garotada toda”.
A série também abre espaço para que os artistas compartilhem experiências pessoais, como no depoimento de Mariene de Castro, que relembra o início da carreira e os desafios familiares.
“Desde o início os tambores me chamaram; já surgia essa espontaneidade de cantar para os orixás, antes mesmo de me iniciar no candomblé”, conta. A cantora também relata as barreiras enfrentadas no início da carreira: “Foi como se essa luta começasse de dentro pra fora”. E completa: “Cultura popular não vendia, que não deveria cantar samba de roda ou louvores aos orixás porque não vão pra lugar nenhum”, teria ouvido. “Eu sou teimosa, então eu disse: ‘aí é que eu canto!’”.
Jam sessions registram repertórios autorais e releituras
Além dos diálogos e depoimentos, a série conta com apresentações musicais gravadas no formato de jam sessions. Entre os destaques, estão interpretações de faixas como “Ponto de Nanã” (Roque Ferreira), cantada por Mariene de Castro; “Deusa do Ébano”, na voz de Lazzo Matumbi; e “20h”, com Rachel Reis. Hiran e Melly também se revezam em um dueto de “Ceder”, compartilhando os bastidores da composição em parceria. Sued Nunes interpreta “Amor que Benze” e Yan Cloud apresenta “Garota de Salvador”.
O projeto se propõe a ir além do registro musical, oferecendo ao público uma escuta próxima da diversidade sonora e social do país. As histórias pessoais, as influências religiosas, a resistência e as referências culturais compartilhadas nos episódios contribuem para reforçar a identidade coletiva e o valor simbólico da música popular brasileira.
Projeto terá novas temporadas em outras regiões do país
Com a estreia da Casa PMB, o Prêmio da Música Brasileira expande sua atuação para além da tradicional cerimônia anual. A série é o primeiro passo de um plano maior, que pretende circular por outras regiões do país, sempre destacando polos criativos e seus protagonistas locais. Segundo os organizadores, a ideia é criar “muitas casas”, cada uma dedicada a acolher a música brasileira de forma viva e diversa.
Criado em 1987, o PMB é uma das mais longevas premiações da indústria musical no Brasil. Além de premiar artistas, compositores e produtores, o projeto também realiza ações que visam preservar e difundir o patrimônio cultural do país. Produções como “Por Acaso” e agora “Casa PMB” ampliam essa missão, gerando conteúdos que conectam diferentes públicos e fortalecem as pontes entre tradição e renovação.
- Leia mais:
- Alejandro Duque assume liderança da ADA e Warner Music Latin America
- Prêmio da Música Brasileira lança série documental Casa PMB para celebrar encontros regionais
- IFPI aponta decisão judicial no Brasil como marco contra fraude de streaming
- Disney abre audições para espetáculo de Natal em Curitiba com foco em talentos do teatro musical
- Ozzy Osbourne, um dos precursores do heavy metal, morre aos 76 anos