A Kobalt estima que mais de US$ 1 bilhão em royalties de edição de músicas fiquem sem ser recolhidos anualmente. O problema afeta principalmente compositores independentes, que muitas vezes não têm estrutura para acompanhar a arrecadação de direitos sobre suas obras. Para tentar reduzir essa perda, a empresa anunciou o lançamento do Kosign, uma plataforma de administração de edição focada em músicos sem vínculo com grandes editoras.
A proposta do Kosign é permitir que esses artistas acessem o mesmo sistema de arrecadação de royalties usado por compositores já representados pela Kobalt. A plataforma funciona por meio de convite ou aplicação e, segundo a empresa, simplifica o processo de registro e coleta, oferecendo uma alternativa aos contratos tradicionais de publicação.
Um novo modelo para arrecadação de direitos
A Kobalt já havia criado um serviço voltado para artistas independentes com a AWAL, vendida para a Sony Music por US$ 430 milhões em 2021. Agora, com o Kosign, a empresa busca aplicar um modelo semelhante ao mercado de publishing, permitindo que compositores tenham mais autonomia na administração de seus direitos.
O CEO da Kobalt, Laurent Hubert, apontou que artistas emergentes enfrentam dificuldades para receber os valores devidos, pois o sistema de arrecadação global ainda é burocrático e fragmentado.
“Por muito tempo, artistas emergentes talentosos lutaram para navegar pelas complexidades da edição musical e coletar os royalties que ganharam legitimamente. O Kosign remove essas barreiras, dando aos compositores um caminho claro e acessível para gerenciar sua publicação com o mesmo poder e sofisticação anteriormente reservados para grandes artistas e compositores.”
A empresa afirma que, ao contrário dos contratos tradicionais, o Kosign permite que os compositores mantenham 100% de seus direitos autorais. O modelo de remuneração oferece um repasse de 80% sobre os royalties coletados, sem exigência de cessão permanente das obras.
Tecnologia para acelerar pagamentos

Além de facilitar o registro e a administração de direitos, o Kosign promete agilizar o pagamento dos compositores. Enquanto contratos tradicionais podem levar mais de um ano para repassar valores arrecadados, a Kobalt afirma que sua tecnologia reduz esse prazo para cerca de três meses.
A plataforma também oferece um sistema de rastreamento que permite aos usuários monitorar seus ganhos por território, plataforma e canção. O serviço licencia músicas diretamente com plataformas como Spotify, Apple Music, TikTok e YouTube, além de rádios e emissoras de TV.
Segundo a empresa, o Kosign usa tecnologia de correspondência de royalties para identificar pagamentos devidos que, de outra forma, poderiam ser perdidos em um sistema complexo de arrecadação. Os membros do serviço também podem gerenciar registros junto a Organizações de Direitos de Execução (PROs) e Organizações de Gestão Coletiva (CMOs) ao redor do mundo, garantindo um alcance maior na coleta de receitas.
Inscrições e perspectivas para compositores
Com o início das operações do Kosign, compositores e artistas independentes já podem se inscrever para utilizar a plataforma. A Kobalt informa que o processo de aprovação leva de um a dois dias úteis, e a seleção é baseada em critérios internos da empresa.
A presidente da Kobalt, Jeannette Perez, afirmou que o Kosign foi projetado para dar mais transparência ao mercado e maior controle aos artistas sobre sua arrecadação.
“O Kosign é mais do que apenas uma plataforma — é um movimento. Seja você um artista emergente construindo sua carreira ou um compositor estabelecido buscando mais flexibilidade, o Kosign lhe dá as ferramentas, transparência e expertise para ter sucesso. Trata-se de dar aos artistas e compositores a liberdade e o suporte que merecem para prosperar na indústria musical atual.”
O mercado de arrecadação de royalties tem passado por mudanças, impulsionadas pelo crescimento do streaming e pela busca por maior transparência na distribuição de valores. O Kosign surge como mais uma alternativa para atender a essa demanda, especialmente entre artistas que preferem não assinar contratos de longo prazo com grandes editoras. Resta acompanhar como a plataforma será recebida pelos compositores e se conseguirá preencher a lacuna deixada por sistemas tradicionais de arrecadação.