“LAR”, novo álbum de Jonathan Ferr, nasce como uma obra que ultrapassa o limite entre som e introspecção. O projeto marca uma nova fase da carreira do pianista e produtor, ao reunir pela primeira vez diversos colaboradores em um mesmo disco e aprofundar a conexão entre o urban jazz e outras linguagens contemporâneas da música brasileira. São onze faixas que exploram a noção de pertencimento, memória e espiritualidade, em um registro que dialoga com o passado, mas projeta o futuro do gênero no país.
A ideia do álbum começou a se formar em 2023, durante um período de intensas transformações pessoais.
“Esse álbum nasceu a partir do meu processo de pesquisa espiritual, interna, terapia. Eu já vinha com essa pergunta que me guia em todos os álbuns: o que é ‘lar’ pra mim? Que lar é esse?”, explicou Ferr.
O tema se tornou o eixo central de um disco que entende o lar como estado de presença e conexão, não apenas um lugar físico.
Produção compartilhada e pluralidade sonora

Pela primeira vez, Jonathan abriu o estúdio para que outros produtores contribuíssem diretamente na construção estética do álbum.
“Eu queria muito que fosse um álbum com outros produtores. Foi o meu primeiro com vários”, contou ao Mundo da Música.
A lista inclui Douglas Moda, Gabriel Salles, Jok3r, Júlio Raposo e Duda Raupp, além do parceiro de longa data Alex Sá, responsável por parte dos arranjos e metais.
O resultado é um trabalho de texturas múltiplas, em que as camadas de piano e sintetizadores se misturam a programações de bateria e sopros gravados por músicos como Junior Abreu e Rerison Luz. O próprio Ferr assina arranjos em todas as faixas e atua também como produtor em diversas delas, reafirmando o controle criativo sobre o processo.
Parcerias e encontros
As colaborações de “LAR” ampliam o alcance do urban jazz de Ferr. Em “ALMAR”, composta e interpretada ao lado de Marcos Valle, o encontro entre gerações traduz a união entre o jazz contemporâneo e a MPB clássica. Produzida por Gabriel Salles, a faixa tem arranjos de metais assinados por Alex Sá e simboliza a fluidez entre estilos e épocas.
A música “INFINITO”, parceria com o cantor português Dino D’Santiago e a Nova Orquestra, é uma das mais emblemáticas do projeto. Gravada sob produção de Douglas Moda, a faixa traz cordas orquestradas e sintetizadores que evocam imensidão, reforçando a busca espiritual que permeia o disco.
Já “TUDO O QUE SOU”, com Luccas Carlos, resgata uma canção composta pelos dois em 2014 e nunca lançada. Onze anos depois, ela reaparece com nova roupagem e arranjo atualizado, mantendo a mesma essência emocional do primeiro encontro. “PERMANÊNCIA DO SOM” leva à obra o texto de Pedro Bial, originalmente escrito para apresentar Ferr no programa “Conversa com Bial”. Aqui, o discurso se transforma em composição e ganha nova dimensão dentro do repertório.
Instrumentação e arranjos
Entre os destaques técnicos, “CASA”, faixa de abertura, apresenta baixo e voz da cantora e instrumentista Ana Karina Sebastião, com sax e trompete de Alex Sá e Junior Abreu. A faixa “INTEIRO” é produzida por Júlio Raposo, e combina metais a uma base de piano e bateria eletrônica. Em “EIXO NOVO”, a colaboração com Duda Raupp resulta em um groove mais denso, pontuado por baixos e sintetizadores.
A presença da Nova Orquestra também marca momentos como “SAUDADE”, produzida pelo próprio Jonathan, em que as cordas criam uma ambiência emotiva e cinematográfica. Já “RARO” e “VISCERAL”, ambas produzidas por Joker, incorporam timbres eletrônicos e batidas urbanas, traduzindo o encontro entre jazz e hip hop que se tornou assinatura do artista.
Conceito e continuidade
A trilogia que se inicia com “Cura” (2019) e segue com “Liberdade” (2023) encontra em “LAR” sua síntese emocional e filosófica.
“Enquanto ‘Cura’ falava de se curar e ‘Liberdade’ sobre emancipar-se, ‘LAR’ é o entendimento de quem se é no mundo”, afirma Ferr.
A jornada pessoal do artista, que inclui a perda do pai durante a turnê de “Liberdade”, atravessa o novo trabalho de forma sensível e simbólica.
“Como essas emoções moram dentro da gente e fazem a gente ser uma pessoa única dentro do nosso propósito de vida… É sobre isso ‘LAR’”, resume o pianista.
O álbum, distribuído pela Slap/Som Livre, consolida Jonathan Ferr como um dos nomes centrais da música instrumental contemporânea brasileira. Sua obra, entre o jazz, o soul e o hip hop, agora se expande também para a canção, reafirmando que o lar pode ser, acima de tudo, o som. E a permanência dele.
Ficha técnica:
Nome do álbum: Jonathan Ferr – LAR
Ano de lançamento: 2025
Gênero musical: Urban Jazz / Soul / Música Brasileira
Profissionais envolvidos:
Jonathan Ferr – Piano, teclados, synths, arranjos, produção e direção artística
Alex Sá – Saxofone, arranjos de metais
Junior Abreu – Trompete
Ana Karina Sebastião – Baixo e voz em “CASA”
Julio Raposo – Baixo e produção em “INTEIRO”
Douglas Moda – Produção, engenharia de gravação e bateria em “TÔ APAIXONADO”, “INFINITO” e “TUDO O QUE SOU”
Gabriel Salles – Produção, baixo e programação de bateria em “ALMAR”
Duda Raupp – Produção e programação de bateria em “EIXO NOVO”
Jok3r – Produção e teclados em “VISCERAL” e “RARO”
Rerison Luz – Baixo em “EIXO NOVO”
Elias de Souza – Synth em “INFINITO”
Nova Orquestra – Cordas em “INFINITO” e “SAUDADE”
Tallia – Coautoria em “VISCERAL”
Daniel Cruz – Coautoria em “RARO”
Participações especiais:
Marcos Valle – Voz e coautoria em “ALMAR”
Luccas Carlos – Voz e coautoria em “TUDO O QUE SOU”
Dino D’Santiago – Voz em “INFINITO”
Pedro Bial – Voz e texto em “PERMANÊNCIA DO SOM”
Ana Karina Sebastião – Voz e baixo em “CASA”
Produção executiva: Moodstock Music
Produção musical: Jonathan Ferr
Engenharia de gravação: Douglas Moda, Gabriel Salles, Joker, Duda Raupp, Julio Raposo e Jonathan Ferr
Mixagem: Equipe Moodstock Music
Masterização: Moodstock Music
Arte e capa: João Ferro e Lorena Lys
Gravadora: Moodstock Music/Som Livre
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