O cantor e compositor João Gilberto, considerado um dos maiores gênios da história da música brasileira, morreu ontem (6) aos 88 anos, no Rio de Janeiro.
A notícia do falecimento foi confirmada pelo seu filho, João Marcelo Gilberto em mensagem divulgada nas redes sociais. A causa da morte não foi informada.
Além de Marcelo, ele deixa outros dois filhos, Bebel e Luisa.
Trajetória
João Gilberto de Prado Pereira de Oliveira nasceu em Juazeiro, no sertão baiano, no dia 10 de junho de 1931.
Depois de alguns anos morando em Aracaju (SE), onde passou a tocar na banda escolar, voltou à sua cidade-natal e, aos 14 anos, ganhou o primeiro violão do pai.
Com 18 anos mudou-se para Salvador, onde se tornou crooner da Rádio Sociedade da Bahia. Em 1950 foi para o Rio de Janeiro e fez parte de alguns conjuntos musicais, mas foi expulso por indisciplina.
Em 1958, fez participação como violonista no disco de Elizete Cardoso, com canções de Tom Jobim e Vinícius de Morais.
Em março de 1959, lançou Chega de Saudade, considerado por muitos o marco inicial da Bossa Nova. No disco, João abriu um novo caminho para um novo estilo de tocar violão, com uma batida e uma harmonia diferentes e o canto doce que influenciou, como disse Tom Jobim, “toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores”.
“Chega de saudade” (1959), “O amor, o sorriso e a flor” (1960) e “João Gilberto” de 1961, são a trilogia de álbuns que apresentaram a Bossa Nova ao mundo.
O álbum que marcou o início do gênero em 1959, “Chega de saudade”, traz a música de mesmo nome composta por Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980).
A canção havia sido apresentada em um LP em abril de 1958 por Elizeth Cardoso (1920-1990), mas a versão mais conhecida, com a voz de João, foi lançada em agosto do mesmo ano.
Em 1962, foi um dos destaques de show patrocinado pelo governo brasileiro no Carnegie Hall, uma das principais arenas de Nova York, em uma tentativa de popularizar o gênero nos Estados Unidos.
Pouco depois, gravou o disco Getz/Gilberto com o saxofonista de jazz americano Stan Getz, que se tornou um dos grandes clássicos de sua carreira. O álbum se tornou um dos mais vendidos de 1964, com 2 milhões de cópias, e ganhou quatro prêmios Grammy, o maior da música mundial.
De acordo com o G1, a produção de João foi objeto de uma disputa judicial em 2018. A defesa do cantor pedia uma revisão no valor de uma indenização da gravadora EMI Records, hoje controlada pela Universal Music.
Em 2015, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) proibiu a empresa de vender os discos do artista sem seu consentimento. A Universal não comenta o caso.