Exportação musical: Brasil ultrapassa Suécia entre os maiores exportadores do mundo

Brasil avança para a 9ª posição entre os principais países em exportação de música gravada no mundo em 2025.
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Nathália Pandeló
Natanzinho Lima, Henrique & Juliano e MC Tuto se destacam na exportação musical brasileira (Crédito: Divulgação)
Natanzinho Lima, Henrique & Juliano e MC Tuto se destacam na exportação musical brasileira (Crédito: Divulgação)

O Brasil subiu uma posição no cenário global da exportação musical no primeiro trimestre de 2025, ultrapassando a Suécia e alcançando o 9º lugar no ranking divulgado pela Luminate. O levantamento considera o chamado Export Power Score, uma métrica que avalia a capacidade de um país de exportar música gravada com base em quatro critérios: volume de artistas com alcance internacional, performance de streaming em mercados estrangeiros, número de países importadores e o peso dos mercados receptores.

A mudança, embora discreta na numeração, marca uma consolidação da força da música brasileira no mercado internacional, especialmente com o avanço do consumo de gêneros como o piseiro e o funk em países vizinhos. 

De acordo com os dados mais recentes, o destaque brasileiro na exportação foi impulsionado por artistas como Henrique & Juliano (72º artista mais ouvido globalmente, com 1,58 bilhão de streams), Natanzinho Lima (834 milhões de streams) e MC Tuto (822 milhões).

Consumo regional e afinidade cultural

Entre os principais importadores da música brasileira estão Portugal, Bolívia e, pela primeira vez, Argentina, evidenciando uma maior ressonância regional e uma afinidade cultural crescente. 

Essa nova composição de mercados revela que, além da diáspora e do tradicional interesse lusófono, há também um fortalecimento da presença brasileira em países da América do Sul, o que pode refletir tanto iniciativas de artistas independentes quanto movimentos estratégicos de selos e plataformas.

A entrada da Argentina como um dos três principais mercados consumidores do Brasil é interpretada como um sinal de que a conexão latino-americana está se intensificando. Isso abre novas possibilidades para parcerias regionais e turnês internacionais mais alinhadas com a realidade de consumo no continente.

Não por acaso, o último ano viu uma maior presença de artistas argentinos em solo brasileiro, comprovando que o caminho inverso também é possível. Foi o caso de artistas como Bandalos Chinos, CA7RIEL & PACO AMOROSO e Kevin Johansen, entre outros.

Estados Unidos seguem no topo da exportação, mas cenário é mais diversificado

Brasil sobre no ranking de exportação de música (Crédito: Luminate)
Brasil sobre no ranking de exportação de música (Crédito: Luminate)

Apesar da ascensão brasileira, os Estados Unidos seguem como líder absoluto do ranking global, com Canadá, Austrália e Reino Unido como seus maiores mercados importadores. O país aparece também como principal destino da música de outras cinco das nove nações listadas (excluindo-se ele próprio), demonstrando seu papel central no consumo mundial de música gravada.

O Reino Unido ocupa o segundo lugar na lista, com destaque para as exportações destinadas aos Estados Unidos, Irlanda e Austrália. Já o Canadá figura em terceiro lugar, exportando principalmente para os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália — reafirmando a relevância do eixo anglófono no comércio global de música.

No quarto posto da exportação, a Coreia do Sul segue sustentando a força do K-pop, com destaque para o Japão, Taiwan e Indonésia como principais destinos. Os dados indicam que o consumo de música coreana permanece altamente concentrado em países do leste e sudeste asiático, com forte fidelidade de fãs e consumo acima da média.

Novos mercados surgem no radar

Além da Argentina no caso do Brasil, outros mercados ganharam destaque no primeiro trimestre. As Filipinas aparecem pela primeira vez como um dos três maiores importadores da música australiana, sinalizando uma aproximação cultural na região da Ásia-Pacífico. 

Já a Noruega entra no radar como um dos maiores mercados consumidores de música sueca, substituindo posições anteriormente ocupadas por países maiores em volume, como os Estados Unidos.

O Reino Unido, por sua vez, expande seu papel como consumidor, sendo agora também um dos principais mercados de importação de músicas dos Estados Unidos e da Suécia, o que reforça sua influência e diversidade de consumo musical.

O que os dados indicam para o mercado

Essas variações no ranking, embora pequenas em termos numéricos, refletem uma mudança nos fluxos de exportação musical e no comportamento dos ouvintes globais. A crescente relevância de mercados como Argentina, Filipinas e Noruega aponta para a importância de estratégias de marketing e distribuição mais localizadas e adaptadas a contextos culturais distintos.

No caso do Brasil, a subida no ranking sugere um momento propício para que artistas, selos e gestores ampliem suas ações internacionais. A presença de nomes como Henrique & Juliano e MC Tuto no top 200 global reforça que há espaço para sons fora do eixo anglófono conquistarem audiência fora do país.

Mais do que consolidar hits globais, os dados da Luminate reforçam a importância de mapear oportunidades específicas em mercados menos explorados, onde a música brasileira pode dialogar diretamente com hábitos de consumo e identidades culturais locais.

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