A Deezer revelou que, em setembro de 2025, as artistas femininas representaram em média apenas 26% do tempo de reprodução de seus usuários no mundo todo. No mesmo período, apenas 30 das 100 faixas mais ouvidas globalmente eram interpretadas por mulheres. A divulgação dos dados ocorre junto a uma nova atualização do recurso “My Deezer Month”, que agora permite que os usuários visualizem e compartilhem o percentual de tempo que dedicam a artistas femininas em suas audições mensais.
O objetivo da plataforma é ampliar a conscientização sobre as desigualdades ainda presentes na indústria da música e incentivar reflexões sobre o consumo de conteúdo digital. O relatório também faz parte de um esforço contínuo da empresa para dar maior visibilidade às artistas mulheres, após o lançamento da “Women Chart” em março de 2025.
A constatação é inevitável: quanto menos as mulheres são ouvidas nas plataformas, menor é a sua capacidade de rentabilizar a carreira, seja por meio de parcerias ou dos royalties gerados via streaming.
Nova funcionalidade e impacto cultural

Desde que foi lançada na primavera europeia, a funcionalidade “My Deezer Month” oferece uma visão personalizada das preferências de escuta de cada usuário, com dados sobre gêneros, artistas e faixas mais reproduzidas no mês. Agora, com a inclusão do indicador de diversidade, a plataforma amplia a discussão sobre representatividade.
“Permitir que nossos usuários vejam e compartilhem esses números é uma forma de convidá-los a refletir sobre como diversidade e igualdade se refletem em seus hábitos de escuta”, afirmou Narjes Bahhar, editora de rap e R&B da Deezer e responsável pelo projeto Women Chart.
Ela acrescentou:
“Temos um papel importante na cultura e precisamos estar conscientes do nosso impacto, seja na escolha de capas, na programação de eventos ou na forma como promovemos nossos parceiros.”
Desigualdade ainda evidente nas plataformas

Embora a presença de artistas femininas na cena musical global seja ampla e diversa, os números evidenciam que a paridade ainda está distante. Um estudo da Chartmetric, publicado em 2024, mostrou que apenas 18% dos artistas solo identificados utilizam pronomes femininos e que apenas 24% dos artistas listados são mulheres.
Na Deezer, esse desequilíbrio é visível tanto nos rankings quanto nos hábitos de escuta dos usuários. A nova funcionalidade busca transformar esse cenário por meio da conscientização e de ações práticas de curadoria e promoção. Segundo a empresa, o recurso também serve como um espelho para o público compreender como suas escolhas individuais afetam a visibilidade e a valorização das artistas mulheres.
As artistas femininas mais ouvidas em 2025

Entre janeiro e setembro de 2025, as artistas femininas mais ouvidas globalmente na Deezer foram Lady Gaga, Billie Eilish, Taylor Swift, Sabrina Carpenter, Beyoncé, Rihanna, Dua Lipa, Chappell Roan, Lana Del Rey e Tate McRae.
O ranking demonstra a permanência de grandes nomes do pop internacional e o crescimento de novas vozes. Enquanto artistas consagradas como Lady Gaga, Beyoncé e Rihanna mantêm forte apelo global, nomes emergentes como Sabrina Carpenter, Chappell Roan e Tate McRae indicam uma renovação geracional no protagonismo feminino.
Entre as faixas mais ouvidas de artistas femininas, o destaque ficou para “APT.”, de Rosé, seguida por “Die With A Smile”, de Lady Gaga, e “Messy”, de Lola Young. Também aparecem entre as mais tocadas “BIRDS OF A FEATHER”, de Billie Eilish, “Espresso”, de Sabrina Carpenter, e “TEXAS HOLD ’EM”, de Beyoncé.
Diversidade de gêneros e alcance global
A Deezer também divulgou que os gêneros mais representados entre artistas femininas são pop, R&B, alternativo, hip hop, eletrônico, country, rock, música francesa, música latino-americana e jazz. O levantamento é mais uma comprovação de que a produção feminina ultrapassa fronteiras estilísticas e geográficas, com uma presença cada vez maior em mercados de diferentes idiomas e culturas.
A companhia afirma que pretende continuar investindo em iniciativas que ampliem a visibilidade de artistas mulheres e incentivem o público a refletir sobre seus hábitos de consumo musical. O recurso de recapitulação mensal passa a ter papel estratégico nesse processo, transformando a experiência de escuta em um espaço de autocrítica e valorização da diversidade.
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