Deezer mostra que artistas femininas representam apenas 26% do tempo de reprodução na plataforma

A Deezer lança um recurso que revela quanto tempo de escuta dos usuários é dedicado a artistas femininas e estimula reflexão sobre igualdade na indústria musical.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Deezer revela que artistas mulheres são menos ouvidas na plataforma
Deezer revela que artistas mulheres são menos ouvidas na plataforma (Crédito: Divulgação)

A Deezer revelou que, em setembro de 2025, as artistas femininas representaram em média apenas 26% do tempo de reprodução de seus usuários no mundo todo. No mesmo período, apenas 30 das 100 faixas mais ouvidas globalmente eram interpretadas por mulheres. A divulgação dos dados ocorre junto a uma nova atualização do recurso “My Deezer Month”, que agora permite que os usuários visualizem e compartilhem o percentual de tempo que dedicam a artistas femininas em suas audições mensais.

O objetivo da plataforma é ampliar a conscientização sobre as desigualdades ainda presentes na indústria da música e incentivar reflexões sobre o consumo de conteúdo digital. O relatório também faz parte de um esforço contínuo da empresa para dar maior visibilidade às artistas mulheres, após o lançamento da “Women Chart” em março de 2025.

A constatação é inevitável: quanto menos as mulheres são ouvidas nas plataformas, menor é a sua capacidade de rentabilizar a carreira, seja por meio de parcerias ou dos royalties gerados via streaming.

Nova funcionalidade e impacto cultural

Plataforma usa o My Deezer Month para deixar as desigualdade de gênero mais visíveis
Plataforma usa o My Deezer Month para deixar as desigualdade de gênero mais visíveis (Crédito: Divulgação)

Desde que foi lançada na primavera europeia, a funcionalidade “My Deezer Month” oferece uma visão personalizada das preferências de escuta de cada usuário, com dados sobre gêneros, artistas e faixas mais reproduzidas no mês. Agora, com a inclusão do indicador de diversidade, a plataforma amplia a discussão sobre representatividade.

“Permitir que nossos usuários vejam e compartilhem esses números é uma forma de convidá-los a refletir sobre como diversidade e igualdade se refletem em seus hábitos de escuta”, afirmou Narjes Bahhar, editora de rap e R&B da Deezer e responsável pelo projeto Women Chart.

Ela acrescentou: 

“Temos um papel importante na cultura e precisamos estar conscientes do nosso impacto, seja na escolha de capas, na programação de eventos ou na forma como promovemos nossos parceiros.”

Desigualdade ainda evidente nas plataformas

Após vencer Grammy, Chappell Roan faz apelo às gravadoras em prol dos artistas
Chappell Roan Foto: Divulgação

Embora a presença de artistas femininas na cena musical global seja ampla e diversa, os números evidenciam que a paridade ainda está distante. Um estudo da Chartmetric, publicado em 2024, mostrou que apenas 18% dos artistas solo identificados utilizam pronomes femininos e que apenas 24% dos artistas listados são mulheres.

Na Deezer, esse desequilíbrio é visível tanto nos rankings quanto nos hábitos de escuta dos usuários. A nova funcionalidade busca transformar esse cenário por meio da conscientização e de ações práticas de curadoria e promoção. Segundo a empresa, o recurso também serve como um espelho para o público compreender como suas escolhas individuais afetam a visibilidade e a valorização das artistas mulheres.

As artistas femininas mais ouvidas em 2025

Beyoncé - Imagem de uma mulher montada em um cavalo, vestindo um traje estiloso e segurando uma bandeira, simbolizando o tema Cowboy Carter.
Crédito: Divulgação

Entre janeiro e setembro de 2025, as artistas femininas mais ouvidas globalmente na Deezer foram Lady Gaga, Billie Eilish, Taylor Swift, Sabrina Carpenter, Beyoncé, Rihanna, Dua Lipa, Chappell Roan, Lana Del Rey e Tate McRae.

O ranking demonstra a permanência de grandes nomes do pop internacional e o crescimento de novas vozes. Enquanto artistas consagradas como Lady Gaga, Beyoncé e Rihanna mantêm forte apelo global, nomes emergentes como Sabrina Carpenter, Chappell Roan e Tate McRae indicam uma renovação geracional no protagonismo feminino.

Entre as faixas mais ouvidas de artistas femininas, o destaque ficou para “APT.”, de Rosé, seguida por “Die With A Smile”, de Lady Gaga, e “Messy”, de Lola Young. Também aparecem entre as mais tocadas “BIRDS OF A FEATHER”, de Billie Eilish, “Espresso”, de Sabrina Carpenter, e “TEXAS HOLD ’EM”, de Beyoncé.

Diversidade de gêneros e alcance global

A Deezer também divulgou que os gêneros mais representados entre artistas femininas são pop, R&B, alternativo, hip hop, eletrônico, country, rock, música francesa, música latino-americana e jazz. O levantamento é mais uma comprovação de que a produção feminina ultrapassa fronteiras estilísticas e geográficas, com uma presença cada vez maior em mercados de diferentes idiomas e culturas.

A companhia afirma que pretende continuar investindo em iniciativas que ampliem a visibilidade de artistas mulheres e incentivem o público a refletir sobre seus hábitos de consumo musical. O recurso de recapitulação mensal passa a ter papel estratégico nesse processo, transformando a experiência de escuta em um espaço de autocrítica e valorização da diversidade.

Leia mais: