No dia 30 de maio, das 12h às 13h, o palco SoundBeats III do Rio2C 2025 recebe o painel “Financiando uma carreira musical de forma responsável: discussões sobre adiantamentos e o futuro da indústria”, com Ian Bueno, head da Symphonic Brasil, e Laura Monzonís, senior A&R manager da sueca Snafu Records.
A conversa será centrada nas novas formas de financiamento no mercado digital e na importância de tratar os catálogos musicais como um patrimônio estratégico, especialmente para artistas em busca de sustentabilidade a longo prazo.
A presença dos dois executivos no evento promete trazer visões complementares sobre o tema. A Symphonic atua como distribuidora com foco em soluções financeiras para artistas independentes. Já a Snafu combina tecnologia e curadoria musical para identificar catálogos com potencial de crescimento e retorno financeiro. Ambas as empresas operam em modelos voltados para a longevidade das carreiras, e não apenas para o lucro imediato.
Catálogos como ativos de longo prazo
No Brasil, os direitos autorais seguem sendo uma das principais fontes de receita de músicos e compositores. Segundo o Ecad, em 2024 foram distribuídos R$ 1,5 bilhão em direitos autorais para mais de 345 mil titulares, incluindo compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos.
Desse total, 62% corresponderam a obras do repertório nacional. A maior parte da distribuição veio de execuções em TVs (28%), seguidas por plataformas digitais (23%), rádio (19%) e shows (14%). O avanço da tecnologia também impactou positivamente o setor: só em 2024, o Ecad identificou 6,6 trilhões de execuções em plataformas digitais, ampliando o alcance e a rastreabilidade das obras.
Apesar dos números expressivos, muitos artistas ainda não tratam seus catálogos como ativos com potencial de valorização. Para Laura Monzonís, o problema é global.
“Definitivamente não,” respondeu ela ao ser perguntada se os artistas compreendem o real valor de seus catálogos. “Embora os artistas estejam mais atentos, especialmente com o recente boom nas aquisições de catálogos, muitos ainda subestimam o quanto sua música pode ser valiosa com o tempo. Um catálogo não é apenas uma coleção de lançamentos antigos; é o maior ativo de longo prazo que eles possuem.”
Segundo ela, um erro comum é tratar as músicas antigas como material encerrado.
“Muitos artistas não acompanham suas análises ou não revisitam músicas antigas para oportunidades de sincronização ou relançamento. Outros cedem os direitos a longo prazo sem entender as implicações, muitas vezes por causa de fluxo de caixa no curto prazo.”
Na Snafu, explica, a equipe atua para ajudar artistas a descobrir esse valor oculto:
“Usamos dados para identificar faixas com bom desempenho, aumentar a visibilidade e investir em estratégias de crescimento que façam os catálogos se valorizarem e gerarem mais oportunidades com o tempo.”
Falta de estrutura e foco no curto prazo

Do ponto de vista brasileiro, Ian Bueno também reconhece um descompasso.
“Depende muito do background do artista. Geralmente artistas com mais de uma década de carreira já conseguiram ter essa percepção do catálogo como um ativo de cauda longa, mas artistas jovens e em ascensão a maioria das vezes estão na sede e na ansiedade do momento presente, querendo assinar o maior cheque possível sem ter muita noção das implicações futuras.”
Ian aponta que o desafio não é só do artista. Para ele, o Brasil ainda carece de estrutura e profissionais especializados que possam apoiar decisões estratégicas:
“Apesar de sermos um dos maiores mercados de música no mundo, ainda falta muita mão de obra especializada para fazer a gestão de carreiras em alto nível, com uma base de experiência técnica e acadêmica.”
O painel propõe justamente refletir sobre esses dilemas e abrir caminhos mais sólidos para que artistas e equipes compreendam o valor oculto que pode existir em obras já lançadas. Em vez de depender exclusivamente de novos sucessos, a gestão responsável de um catálogo pode se tornar a principal fonte de receita e de segurança para uma carreira de longo prazo.
Serviço
Painel: Financiando uma carreira musical de forma responsável: discussões sobre adiantamentos e o futuro da indústria
Data: 30 de maio de 2025 (quinta-feira)
Horário: das 12h às 13h
Local: Palco SoundBeats III – Cidade das Artes, Rio de Janeiro
Participantes:
- Ian Bueno – Head da Symphonic Brasil
- Laura Monzonís – Senior A&R Manager da Snafu Records
Evento: Rio2C 2025 – Rio Creative Conference
Ingressos e programação completa: rio2c.com