Carnaval 2025: arrecadação de direitos autorais cresce 37% e Bahia lidera ranking

Levantamento do Ecad aponta que a arrecadação com direitos autorais no Carnaval de 2024 somou R$ 32,8 milhões, com destaque para Bahia e São Paulo.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Carnaval em Belo Horizonte (Crédito: Divulgação)
Carnaval em Belo Horizonte (Crédito: Divulgação)

O Carnaval de 2025 se aproxima com expectativa de movimentação intensa na música, impulsionada pelo aumento na arrecadação de direitos autorais no ano passado. Segundo um levantamento do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), a receita gerada pelos repasses aos compositores e artistas alcançou R$ 32,8 milhões em 2024, um crescimento de 37% em relação a 2023.

A Bahia ficou no topo do ranking, respondendo por R$ 6,8 milhões da arrecadação, cerca de 21% do total nacional. São Paulo e Minas Gerais vieram logo atrás, cada um com R$ 5,2 milhões arrecadados. O Rio de Janeiro ocupou a quarta posição, com R$ 4,4 milhões, seguido pelo Paraná, que somou R$ 2,6 milhões. Esses estados concentraram a maior parte da distribuição de valores para artistas e compositores que tiveram suas músicas tocadas na folia.

Expansão e oscilações regionais

O estudo também apontou um crescimento expressivo na arrecadação de direitos autorais em alguns estados. Sergipe registrou um salto de 548% em relação ao ano anterior, enquanto Minas Gerais teve aumento de 138%. O Distrito Federal, o Rio Grande do Norte e o Paraná também apresentaram avanço significativo, com taxas de crescimento superiores a 80%.

Em contrapartida, São Paulo, que ficou entre os estados que mais arrecadaram, registrou queda de 22% na arrecadação. O Espírito Santo também seguiu essa tendência, com uma redução de 18%. Esses resultados sugerem oscilações no licenciamento de música ao longo do país, possivelmente ligadas às dinâmicas locais de organização de eventos carnavalescos e ao nível de conscientização sobre direitos autorais.

Eventos licenciados e impacto no setor

Carnaval de Salvador (Crédito: Betto Jr./ Secom PMS)
Carnaval de Salvador (Crédito: Betto Jr./ Secom PMS)

A arrecadação reflete diretamente o volume de eventos licenciados para execução pública de músicas protegidas por direitos autorais. São Paulo liderou esse ranking em 2024, com 1.198 eventos registrados. A Bahia ficou em segundo lugar, com 596 eventos licenciados, seguida pelo Rio de Janeiro, com 560. Minas Gerais e Santa Catarina completaram a lista dos cinco estados com maior volume de registros.

Os dados também indicam que blocos de rua, trios elétricos e shows ao vivo foram os principais responsáveis pela arrecadação, reforçando a importância do licenciamento musical para garantir o repasse a compositores e artistas. O Ecad tem intensificado suas campanhas para conscientizar produtores de eventos e estabelecimentos sobre a necessidade de regularizar o uso de músicas protegidas por direitos autorais.

Músicas mais tocadas na folia

O estudo também revelou quais foram as canções mais executadas durante o Carnaval de 2024. As tradicionais marchinhas mantiveram espaço na programação de festas, com “Mamãe Eu Quero”, de Jararaca e Vicente Paiva, no topo do ranking. A música “Eva”, de Cartavetrata, Umto e Ficarelli, e “Me Dá um Dinheiro Aí”, de Ivan Ferreira, Homero Ferreira e Glauco Ferreira, também figuraram entre as mais tocadas.

O repertório incluiu tanto clássicos do gênero quanto sucessos recentes, reforçando a diversidade musical que marca o período carnavalesco. Canções como “A Jardineira”, “Cidade Maravilhosa” e “País Tropical” seguiram entre as preferidas dos foliões, mostrando a presença constante de hinos populares na festa.

Campanha de regularização e desafios do setor

Para estimular o pagamento dos direitos autorais, o Ecad lançou uma campanha voltada para organizadores de shows, prefeituras e estabelecimentos que promovem eventos com música ao vivo. A ação tem Milton Cunha como rosto da campanha e busca ampliar a adesão ao licenciamento musical.

O desafio do setor segue sendo a regularização de eventos menores e informais, que muitas vezes não realizam o pagamento dos direitos autorais. O crescimento na arrecadação indica avanço nesse aspecto, mas a variação entre os estados mostra que há espaço para ampliar a conscientização sobre o tema.

A expectativa para 2025 é que a tendência de crescimento continue, impulsionada pelo aumento na quantidade de eventos licenciados e pela mobilização do setor para garantir o reconhecimento dos profissionais da música. O Carnaval segue como um dos momentos de maior impacto econômico para a indústria musical, e a arrecadação de direitos autorais continua sendo um termômetro para medir essa movimentação.

Ranking de Carnaval com as músicas mais tocadas no Brasil em shows, trios elétricos, bailes, clubes, blocos, casas de diversão e eventos de rua em 2024, segundo o Ecad:

1 – Mamãe eu quero – Jararaca / Vicente Paiva

2 – Eva – Cartavetrata / Umto / Ficarelli

3 – Me dá um dinheiro aí – Ivan Ferreira / Homero Ferreira / Glauco Ferreira

4 – Allah-la-ô – Haroldo Lobo / Antônio Nassara

5 – Marcha do remador (se a canoa não virar) – Castelo / Antônio Almeida

6 – A jardineira – Benedito Lacerda / Humberto Carlos Porto

7 – Não quero dinheiro – Tim Maia

8 – Cidade maravilhosa – Andre Filho

9 – Milla – Tuca Fernandes / Manno Goes

10 – É hoje – Didi / Mestrinho

10 – Arerê – Gilson Babilônia / Alaim Tavares

11 – Cabeleira do Zezé – Joao Roberto Kelly / Roberto Faissal

12 – Praieiro – Manno Goes

13 – Peguei um ita no norte – Arizao / Celso Trindade / Guaracy / Dema Chagas / Bala

14 – Ta-hi – Joubert de Carvalho

15 – Vassourinhas – Batista Ramos / Mathias Da Rocha

16 – Vou festejar – Jorge Aragão / Neoci / Dida

17 – País tropical – Jorge Ben Jor

18 – O teu cabelo não nega – Joao Valença / Raul do Rego Valença / Lamartine Babo

18 – Superfantástico – J Badia / Difelisatti / Edgard Pocas

19 – Levada louca – Gilson Babilônia / Alaim Tavares / Lula Carvalho

19 – Prefixo de verão – Beto Silva

20 – Aurora – Mario Lago / Roberto Roberti

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