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Com investimentos de R$ 61 milhões, Política Nacional Cultura Viva é reativada; saiba mais

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Redação

A Política Nacional Cultura Viva foi retomada na última sexta-feira (1) em celebração na Concha Acústica Paulo Freire, em Recife, que sediou o lançamento dos editais Sérgio Mamberti e Pontões de Cultura. Somados, eles representam um investimento de R$ 61 milhões no setor cultural.

Mais de mil pessoas participaram do evento, realizado em parceria com a Prefeitura de Recife, por meio da Secretaria de Cultura, e com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“A política cultural Cultura Viva é uma iniciativa que busca valorizar e fortalecer a diversidade cultural reconhecendo o papel fundamental dos artistas, artesãos, músicos, dançarinos e de todos aqueles que dedicam suas vidas à criação e expressão artística. Nosso objetivo é promover o acesso amplo e democrático à cultura, garantindo que todos os cidadãos tenham a oportunidade de participar e se beneficiar das manifestações culturais”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Com investimentos de R$ 61 milhões, Política Nacional Cultura Viva é reativada em evento no Recife
Com investimentos de R$ 61 milhões, Política Nacional Cultura Viva é reativada em evento no Recife. Foto: Filipe Araújo/ MinC

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Ao lado do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), Silvio Almeida, de representantes de movimentos sociais e culturais, trabalhadores e fazedores de cultura e representantes da sociedade civil, a chefe da Cultura explicou o porque da escolha da cidade pernambucana como palco para o lançamento.

“A cultura pernambucana é multifacetada, resultado da miscigenação e da diversidade cultural que moldaram a sociedade do estado ao longo dos séculos. Sua riqueza está presente em suas manifestações artísticas, tradições, costumes e no orgulho que o povo pernambucano tem de sua identidade cultural única”. E completou: ‘Por isso escolhemos Recife para retomar as ações da Política Nacional Cultura Viva, que hoje, em seus 19 anos de existência, é uma das principais expressões da ruptura e de avanço institucional no campo das políticas culturais no Brasil e no mundo’, destacou a ministra.

Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) do MinC, Márcia Rollemberg, assinala que a Cultura Viva é uma política interfederativa, intrafederativa e de gestão compartilhada, por isso, a reunião de agentes com perfis tão diversos tem um simbolismo ainda maior.

Quinta geração

Classificados por Margareth Menezes como espaços revolucionários, os pontos de cultura atingem sua quinta geração com esse novo fomento. “Que essa força transformadora das comunidades resgate valores humanitários, ambientais, civilizatórios. Resgatem o Brasil em suas vocações mais profundas”, clamou Margareth Menezes.

“Os Pontos de Cultura são, hoje, a estrutura mais ativa e mobilizadora da cultura nas comunidades. Há municípios que não têm secretaria de cultura, mas têm Ponto de Cultura. Por isso estamos trabalhando diuturnamente para que este processo de retomada evolua para novos meios e instrumentos, para além da ferramenta de editais”, completou Márcia.

A secretária de cidadania e diversidade, Marcia Rollemberg, durante entrevista sobre o Edital Sérgio Mamberti, no programa A Voz do Brasil, nos estúdios da EBC
A secretária de cidadania e diversidade, Marcia Rollemberg, durante entrevista sobre o Edital Sérgio Mamberti, no programa A Voz do Brasil, nos estúdios da EBC. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Serão investidos R$ 28 milhões em 46 iniciativas, para desenvolver, difundir, acompanhar e articular atividades formativas e culturais. A intenção é dar continuidade às ações das Redes de Pontos de Cultura e fortalecer a Política Nacional de Cultura Viva no Brasil, junto com os Agentes Cultura Viva, o Comitê Gestor do Pontão de Cultura, as redes territoriais, temáticas, setoriais e identitárias de Pontos de Cultura. Tudo isso para uma gestão compartilhada com os governos locais e nacional da Política Cultura Viva.

Sérgio Mamberti

Representado por seu filho, Carlos, Sérgio Mamberti foi um dos grandes homenageados do dia. Com o edital de premiação que leva seu nome, o MinC destaca a incansável e marcante luta do ator pela diversidade no Brasil.

“Estou muito emocionando, porque meu pai sempre foi um ator, um artista, muito engajado, com um trabalho muito forte. Por quase 12 anos ele trabalhou pelo Ministério da Cultura. Presidiu a Funarte, depois [foi secretário de] Políticas Públicas, mas a parte que ele mais se orgulhava era a sigla da Diversidade Cultural, porque ele sabia a importância dessa diversidade”, contou Carlos Mamberti. O ator idealizou e liderou a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural em 2004.

O Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti destinará R$33 milhões para contemplar 1.117 iniciativas culturais em quatro categorias distintas, com prêmios individuais de R$30 mil. O objetivo é incentivar mestres e mestras das culturas populares, valorizar as manifestações culturais das etnias indígenas, reconhecer a diversidade cultural e promover atividades culturais que ampliem a Rede Cultura Viva, com a valorização e o incentivo aos Agentes Cultura Viva e aos Pontos de Cultura em redes territoriais e temáticas.

Além disso, presta homenagem ao legado do ator, gestor cultural e defensor dos direitos culturais, Sérgio Mamberti. “A essência transformadora de Mamberti pautou-se no comprometimento com a promoção da diversidade cultural, inclusão social e o respeito aos direitos humanos, buscando impulsionar e reconhecer aqueles que promovem a preservação e a difusão da diversidade cultural brasileira”, ressaltou Márcia Rollemberg. A Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural foi idealizada e liderada pelo ator, em 2004.

Categorias da Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti

  • Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo: Reconhecerá a atuação de mestres e mestras dos saberes e fazeres, grupos, coletivos e instituições culturais que promovem as culturas populares e tradicionais brasileiras.

  • Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernaldina: Valorizará as iniciativas culturais que promovem e preservam as manifestações culturais indígenas em todas as regiões do Brasil.

  • Prêmio Diversidade Cultural: Reconhecerá e valorizará as iniciativas e produções culturais de pessoas idosas, com deficiência, LGBTQIA+ e em sofrimento psíquico.

  • Prêmio Cultura Viva: Reconhecerá e incentivará atividades culturais desenvolvidas por Pontos de Cultura e por grupos, coletivos e instituições privadas sem fins lucrativos que querem ser reconhecidas e certificadas com o Selo Cultura Viva em todos os estados brasileiros, para fazerem parte da Rede Cultura Viva e darem destaque às suas atividades culturais e às comunidades onde atuam.

De acordo com a secretária Márcia Rollemberg, o Prêmio de Diversidade Cultural desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão e no reconhecimento das expressões culturais de grupos marginalizados que compõem a diversidade cultural brasileira. “Comunidades que têm enfrentado históricas formas de exclusão e discriminação, o que torna ainda mais importante valorizar e celebrar suas contribuições”, disse.”

Lançamento dos editais Sergio Mamberti e Pontões de Cultura marcam a retomada da política que busca valorizar e fortalecer a diversidade cultural brasileira. Foto: Divulgação
Lançamento dos editais Sergio Mamberti e Pontões de Cultura marcam a retomada da política que busca valorizar e fortalecer a diversidade cultural brasileira. Foto: Divulgação

Cultura Viva

O Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura vai investir R$28 milhões em 46 iniciativas, para desenvolver, difundir, acompanhar e articular atividades formativas e culturais. A intenção é dar continuidade às ações das Redes de Pontos de Cultura e fortalecer a Política Nacional de Cultura Viva no Brasil, junto com os Agentes Cultura Viva, o Comitê Gestor do Pontão de Cultura, as redes territoriais, temáticas, setoriais e identitárias de Pontos de Cultura. Tudo isso para uma gestão compartilhada com os governos locais e nacional da Política Cultura Viva.

Os projetos contemplados terão como ação estruturante o Agente Cultura Viva, ou seja, jovens entre 18 e 24 anos, que serão selecionados para apoio às ações de diagnóstico, mapeamento, mobilização, articulação de redes e formação. Cada agente receberá uma bolsa de R$900,00 por mês. Ao todo serão 46 pontões de cultura selecionados, que desenvolverão seus projetos no período de 12 meses.

Eixos:

  • Eixo 1: 31 projetos para atuação nos estados e no Distrito Federal: Nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo serão selecionados dois pontões em cada. Cada projeto receberá entre R$ 400 mil e R$ 700 mil. Os projetos selecionados na Amazônia Legal receberão um acréscimo de R$ 50 mil.

  • Eixo 2: 15 projetos para atuação temática, setorial ou identitária: Cada projeto selecionado receberá entre R$ 400 mil e R$ 800 mil. Sendo eles: Culturas Indígenas e Mãe Terra, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; Culturas Populares e Tradicionais; Cultura Digital, Comunicação e Mídia Livre; Patrimônio e Memória; Linguagens Artísticas; Livro, Leitura e Literatura; Gênero, Diversidade e Direitos Humanos; Acessibilidade Cultural e Equidade; Economia da Cultura, Solidária e Criativa; Cultura da Infância; Formação e Educação Cultural; Territórios Rurais e Cultura Alimentar; Cultura Urbana, Direito à Cidade e Juventudes; Cultura, Territórios de Fronteira e Integração Latino-americana.

Quem são Mestre Lucindo e Vovó Bernaldina?

O Prêmio de Culturas Populares e Tradicionais presta homenagem a Luiz Rebelo da Costa, conhecido como Mestre Lucindo, uma figura icônica da cultura musical paraense. Nascido em 3 de março de 1908 e falecido em 1988, Mestre Lucindo deixou um legado duradouro na rica tradição cultural da região.

Originário de Água Boa, às margens do Rio Cajutuba, parte da cidade de Marapanim, Mestre Lucindo se destacou como pescador, autodidata, compositor e rezador de ladainha em latim. Ele se tornou uma voz proeminente no frenético ritmo amazônico, o Carimbó. Apesar de permanecer desconhecido por 80 anos, como muitos mestres da cultura popular, ele foi o primeiro a gravar um disco de vinil como líder do Grupo de Carimbó “Os Canarinhos”.

Suas composições, interpretadas por artistas nacionais e internacionais, se tornaram verdadeiros hinos do Carimbó, registrando a vida cotidiana da população simples da região. Mestre Lucindo capturou em suas músicas o profundo conhecimento dessas comunidades, preservando sua sabedoria única através da arte.

O Prêmio Culturas Indígenas homenageia a saudosa líder Bernaldina José Pedro, carinhosamente conhecida como Vovó Bernaldina. Originária da comunidade Maturuca, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ela foi uma figura emblemática na cultura Macuxi. Era detentora de conhecimentos ancestrais preciosos, incluindo cantos, danças, artesanato, medicina tradicional e rezas do povo indígena.

Sua importância transcendeu as fronteiras culturais, sendo também uma defensora incansável na luta pela homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e pela denúncia da violência contra os povos indígenas. Aos 75 anos, em junho de 2020, ela nos deixou devido à Covid-19, tendo construído um legado inspirador, seis filhos e 15 netos.