Warner firma parceria com a Suno e encerra disputa judicial envolvendo geração de música por IA

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Nathália Pandeló
Warner Music Group e Suno fecham acordo
Warner Music Group e Suno fecham acordo (Crédito: Divulgação)

O Warner Music Group anunciou um acordo considerado histórico com a Suno, plataforma de criação musical por inteligência artificial. O movimento encerra 17 meses de litígio entre as duas empresas e dá início a uma colaboração que promete transformar a forma como obras musicais são criadas, distribuídas e usadas em novas experiências digitais. A iniciativa surge poucos dias depois de o CEO da Warner, Robert Kyncl, apresentar sua estratégia global para IA, em um momento em que a companhia firmou acordos semelhantes com outras empresas como Udio e Stability AI.

O anúncio chama atenção por algumas razões. A Warner se torna a primeira grande gravadora a licenciar oficialmente o uso de seus repertórios para a Suno, plataforma que ganhou escala rápida nos últimos anos e levantou US$ 250 milhões em rodada recente. Além disso, a parceria envolve a compra do Songkick pela Suno, empresa até então pertencente à Warner, o que abre espaço para novos formatos de conexão entre artistas e fãs.

Mudanças anunciadas pela Suno para 2026

Suno logo

As empresas confirmaram que 2026 será um ano de transformações importantes na Suno. A plataforma colocará no ar novos modelos mais avançados e licenciados. Esses modelos substituirão completamente os atuais, que serão descontinuados. Ao mesmo tempo, haverá mudanças no acesso aos conteúdos criados pelos usuários.

Segundo a própria Suno, downloads de áudio passam a exigir conta paga. Usuários do plano gratuito poderão ouvir e compartilhar suas criações, porém não terão acesso ao download. A empresa também vai implementar limites mensais de download para assinantes, com opção de pagar por pacotes adicionais. De acordo com o comunicado oficial da Suno, “mais detalhes serão compartilhados em breve”.

Essas mudanças mostram como a plataforma busca se ajustar ao novo ambiente regulatório e às demandas das majors em relação à proteção de artistas, compositores e titulares de direito. Para a Warner, a adoção de modelos licenciados era condição essencial para avançar nas negociações.

Como o acordo impacta artistas e compositores

Robert Kyncl, CEO da Warner
Robert Kyncl, CEO da Warner

Um ponto central do anúncio é o controle total dos artistas sobre o uso dos próprios nomes, imagens, vozes e composições dentro da Suno. A companhia afirma que irá desenvolver novas experiências de criação que só ocorrerão mediante escolha dos artistas da Warner. Essas interações podem gerar novas receitas, enquanto estabelecem limites claros sobre o uso de identidades e repertórios por IA.

Em comunicado, Robert Kyncl, CEO da Warner Music Group, afirmou: 

“Esse acordo histórico com a Suno é uma vitória para a comunidade criativa que beneficia todos. Com a Suno crescendo rapidamente, tanto em usuários quanto em monetização, aproveitamos esta oportunidade para moldar modelos que expandem a receita e entregam novas experiências aos fãs. A IA se torna pró-artista quando ela segue nossos princípios: comprometendo-se com modelos licenciados, refletindo o valor da música dentro e fora da plataforma, e oferecendo a artistas e compositores a possibilidade de optar pelo uso de seus nomes, imagens, semelhanças, vozes e composições em novas músicas feitas por IA”

A fala reforça a tentativa das majors de estabelecer parâmetros para o uso de IA generativa na música, em um cenário marcado por disputas judiciais e pela pressão de diferentes categorias profissionais por mais transparência.

A visão da Suno para seu novo ciclo

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Do lado da Suno, a parceria é descrita como uma oportunidade para enriquecer a experiência da plataforma e ampliar suas funcionalidades. 

“Nossa parceria com a Warner Music desbloqueia uma experiência Suno maior e mais rica para os amantes de música e acelera nossa missão de mudar o lugar da música no mundo tornando-a mais valiosa para bilhões de pessoas. Juntos, podemos melhorar como a música é feita, consumida, experimentada e compartilhada. Isso significa que vamos lançar novos recursos mais robustos para criação, oportunidades de colaborar e interagir com alguns dos músicos mais talentosos do mundo, tudo enquanto continuamos construindo o maior ecossistema musical possível”, resume o CEO da Suno, Mikey Shulman.

Embora a fala abra espaço para interpretações amplas, o ponto que se destaca é a aposta da empresa em expandir a participação do público em experiências criativas interativas. A aquisição do Songkick reforça isso. Ao integrar a descoberta de shows com ferramentas de IA, a empresa pretende aproximar artistas e fãs em diferentes ambientes, tanto no digital como no presencial.

O acordo da Warner com a Suno e o fim da disputa judicial

O acordo coloca fim à ação movida pela Warner contra a Suno, parte do movimento iniciado pela RIAA contra geradores de música por IA acusados de violação em larga escala de direitos autorais. A expectativa é que os próximos meses indiquem se outras majors, como Sony e Universal, seguirão parâmetros semelhantes ou estabelecerão seus próprios modelos.

O fechamento do acordo também influencia as ações movidas diretamente por artistas contra a plataforma, já que a estrutura de escolha pode servir como referência para futuras soluções contratuais e operacionais.

As empresas afirmam estar comprometidas em criar um “modelo” para uma plataforma de IA musical licenciada, algo que ainda está em formação na indústria global. A parceria coloca a Warner mais uma vez no centro de debates estruturais sobre tecnologia e direitos autorais, enquanto transforma a Suno em um player ainda mais relevante no mundo da IA generativa.

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