SoundLabs, empresa de tecnologia co-fundada pelo indicado ao Grammy Brian Transeau (BT), é a mais nova parceira da Universal Music, segundo pronunciamento oficial feito ontem (18). Ambas juntam-se para propor aos artistas do catálogo musical do UMG o uso de uma inteligência artificial capaz de criar modelos de voz. Segundo as empresas, a ideia é que os próprios cantores e suas equipes possam treinar a IA generativa na produção musical.
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Com as ferramentas com inteligência artificial cada vez mais presentes no mercado fonográfico, o acordo estratégico do Universal Music Group com o SoundLabs incentiva o uso de um sistema de modulação vocal para os artistas e produtores do UMG. Chamado de MicDrop, o plug-in vocal de IA é criado pela SoundLabs e é capaz de criar modelos vocais, com grande semelhança aos vocais dos artistas.
Indo ao encontro das críticas no mercado, sobre o treinamento de IAs generativas com sucessos de cantores e bandas, sem consentimento dos artistas, o UMG sugere um formato de treinamento de inteligência artificial para o seu catálogo em que os profissionais na produção musical tenham a IA como ferramenta em seu trabalho.
“O UMG se esforça para manter os artistas no centro de nossa estratégia de IA, para que a tecnologia seja usada a serviço da arte, e não o contrário. Estamos entusiasmados por trabalhar com SoundLabs e BT, que possuem um conhecimento profundo e pessoal das questões técnicas e éticas relacionadas à IA. Através da experiência direta como cantor e em parceria com muitos colaboradores vocais, BT entende como os artistas veem e valorizam suas vozes, e a SoundLabs permitirá que os artistas do UMG ultrapassem os limites criativos usando IA de voz para voz para cantar em idiomas que não falam, realizar duetos com seus eus mais jovens, restaurar gravações vocais imperfeitas e muito mais”, declara Chris Horton, vice-presidente sênior de tecnologia estratégica da Universal Music.
De acordo com o comunicado oficial, os artistas poderão gerar dados de voz para treinamento do SoundLabs MicDrop, por meio do processamento de linguagem natural, com autoridade sobre os direitos e espaço para definição sobre o uso de sua voz. A SoundLabs foi fundada pelo produtor, compositor, desenvolvedor de software e artista eletrônico indicado ao Grammy BT, ao lado de Joshua Dickinson, Dr. Michael Hetrick e Lacy Transeau.
A previsão é que o MicDrop seja lançado aidna neste ano. O plug-in funciona em tempo real, nos formatos U, VST3 e AAX, sendo compatível com todos os principais DAWs. A SoundLabs explica que a tecnologia é pensada para que a produção musical tenha mais possibilidade de manipulação da voz, seja como canto, instrumento ou transposição. Os modelos vocais, contudo, não serão disponibilizados ao público em geral.
BT é conhecido por ter patenteado e desenvolvido plug-ins de áudio como Stutter Edit, BreakTweaker (iZotope), Polaris e Phobos (Spitfire Audio). Seus produtos de software geraram mais de R$ 350 milhões em receita bruta. A parceria com o UMG, no plug-in MicDrop, orienta o gerenciamento de propriedade intelectual pelos artistas.
“É uma enorme honra trabalhar com o Universal Music Group, com visão de futuro e alinhado de forma criativa. Acreditamos que o futuro da criação musical é decididamente humano. A inteligência artificial, quando usada de forma ética e treinada de forma consensual, tem a capacidade prometeica de desbloquear novos insights criativos inimagináveis, diminuir o atrito no processo criativo e democratizar a criatividade de artistas, fãs e criadores de todos os matizes. Estamos projetando ferramentas não para substituir artistas humanos, mas para ampliar a criatividade humana”, explica BT, co-fundador e CEO da SoundLabs.
Recentemente, a UMG e a Roland publicaram os Princípios para a Criação Musical com IA (aiformusic.info), documento sobre uso responsável da IA na criação musical, em que defendem o uso em toda a indústria musical e criativa. Estes princípios foram reconhecidos pela SoundLabs e devem guiar as decisões a partir do novo contrato de parceria com a major.