Universal Music Group tem aquisição da Downtown Music sob investigação da Comissão Europeia

A aquisição de US$ 775 milhões da Downtown está sendo avaliada pela Comissão Europeia após preocupações antitruste.
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Nathália Pandeló
Virgin Music Group e Downtown - logos

A Comissão Europeia confirmou a abertura de uma investigação sobre a proposta de aquisição da Downtown Music Holdings LLC pela Universal Music Group (UMG), em um acordo avaliado em US$ 775 milhões

A decisão foi motivada por solicitações dos reguladores da Áustria e dos Países Baixos, que expressaram preocupações sobre o possível impacto na concorrência no mercado musical europeu.

O acordo foi anunciado em dezembro de 2024 pela divisão Virgin Music Group da UMG, prevendo uma aquisição integral da Downtown em uma transação totalmente em dinheiro. Apesar de não atingir os limites de faturamento estipulados para notificações obrigatórias no âmbito da União Europeia, a operação foi encaminhada para análise da Comissão com base no Artigo 22 do Regulamento de Concentração da UE, que permite a avaliação de negócios que possam afetar o mercado interno mesmo sem uma “dimensão europeia” formal.

Preocupações com concorrência e concentração de mercado

Segundo a Comissão Europeia, a aquisição ameaça afetar a concorrência em partes importantes da cadeia de valor da música, não apenas na Áustria e nos Países Baixos, mas também em diversos outros Estados-membros. A UMG já é considerada o maior conglomerado musical do mundo, com um catálogo que inclui artistas como Taylor Swift e Billie Eilish.

Organizações independentes expressaram forte oposição ao acordo. A IMPALA (Independent Music Companies Association), entidade que representa selos independentes europeus, foi uma das principais vozes contra a operação

Helen Smith, presidente executiva da IMPALA, declarou que “o mercado da música precisa de grandes empresas, mas existe um ponto em que grande é grande demais”, acrescentando que “a UMG claramente ultrapassou esse limite antes mesmo de considerar a adição da Downtown”. Segundo Smith, o acordo “deve ser bloqueado totalmente”.

Parlamento europeu, União Europeia (Crédito Jonas Horsch)
Parlamento europeu (Crédito: Jonas Horsch)

Downtown Music e sua atuação em nível global

Fundada em 2007 em Nova York como uma editora musical, a Downtown transformou seu modelo de negócios para atuar como uma empresa de serviços, oferecendo soluções em arrecadação de royalties, editoração, licenciamento e suporte a artistas e selos independentes. Atualmente, atende mais de 5.000 clientes empresariais e representa mais de 4 milhões de criadores em 145 países.

Em 2021, a Downtown vendeu seu catálogo autoral para a Concord por cerca de US$ 400 milhões, consolidando sua atuação como prestadora de serviços em várias frentes da indústria fonográfica. Seus negócios incluem marcas como FUGA, Curve Royalties, CD Baby, Songtrust e outros serviços voltados à gestão de direitos e distribuição digital.

Desdobramentos regulatórios e próximos passos

Com a abertura formal da investigação, a UMG foi orientada a notificar oficialmente a operação junto à Comissão Europeia. A empresa não poderá implementar a aquisição antes de receber a autorização definitiva das autoridades de concorrência.

Em nota enviada à imprensa, a UMG declarou que “segue confiante” de que concluirá a aquisição no segundo semestre de 2025, dentro do cronograma previsto inicialmente. Fontes do mercado consideram que a investigação poderá se estender, dado o histórico de análises detalhadas realizadas pela Comissão Europeia em casos de fusões de grande impacto.

Enquanto isso, a IMPALA e outras entidades do setor continuam pressionando para que a investigação também inspire ações regulatórias em outras regiões, como o Reino Unido, apontando para a importância da diversidade e da competição no ecossistema musical global.

O caso está registrado no sistema de acompanhamento da Comissão Europeia sob o número M.11956, onde serão divulgadas atualizações sobre o andamento da investigação.

A evolução deste processo será acompanhada de perto pelo setor musical e por observadores de regulação econômica, em um momento em que questões sobre o excesso de concentração de mercado ganham cada vez mais relevância na Europa e no mundo.

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