The Weeknd fecha acordo bilionário de catálogo com a Lyric Capital e mantém controle criativo da obra

The Weeknd firma parceria avaliada em até US$ 1 bilhão com a Lyric Capital, mantém controle criativo do catálogo e inaugura novo modelo de negócios para artistas.
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Nathália Pandeló
The Weeknd - show exclusivo Billions Club Spotify 2
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The Weeknd acaba de fechar um acordo envolvendo seu catálogo musical com a Lyric Capital Group, em uma operação avaliada em cerca de US$ 1 bilhão, segundo informações divulgadas com exclusividade pela Variety. O diferencial do negócio está no formato: não se trata de uma venda tradicional de catálogo, mas de uma joint venture que preserva o controle criativo e societário nas mãos do artista.

O acordo envolve todo o catálogo de The Weeknd desde o início de sua carreira até 2025, incluindo direitos de gravação e de edição. Mesmo com o investimento da Lyric, o artista e sua equipe seguem como acionistas e proprietários da estrutura criada para administrar esses ativos. Lançamentos futuros não fazem parte do pacote, e o cantor mantém seus acordos operacionais com a XO, Republic Records e a Universal Music Group, além da administração editorial pela Universal Music Publishing Group.

Esse modelo foge do padrão que dominou o mercado nos últimos anos, marcado por vendas integrais de catálogos para grandes gravadoras, editoras ou fundos de investimento. No caso de The Weeknd, a proposta foi desenhar uma estrutura financeira que garantisse liquidez sem abrir mão da autonomia artística.

Um modelo que foge da venda tradicional de catálogos

Em declaração à Variety, um representante do artista explicou que desde o primeiro encontro ficou claro que não haveria venda do catálogo.

“Desde o início da reunião, ficou claro para todos na Lyric que Abel não venderia seu catálogo. Ele queria ser mais inovador e criativo na forma como estabeleceríamos a parceria.”

A fala deixa claro o ponto central do acordo: criar uma nova lógica de exploração dos direitos, sem a transferência definitiva de propriedade. A estrutura permite que The Weeknd execute sua visão criativa com controle total sobre direitos autorais e fonográficos, algo ainda raro em transações dessa magnitude.

Por não ser uma venda convencional, os representantes afirmam que não é possível calcular um múltiplo clássico de royalties. Ainda assim, fontes ouvidas por Billboard e Bloomberg estimam que os ativos estejam avaliados em pelo menos US$ 1 bilhão, considerando uma geração anual próxima de US$ 55 milhões em participação líquida de gravadora e editora, o que indicaria um múltiplo em torno de 18,2 vezes.

Comparações com Michael Jackson e Queen

The Weeknd - show exclusivo Billions Club Spotify, Blinding Lights
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Caso os números se confirmem, o acordo coloca The Weeknd ao lado de nomes históricos como Michael Jackson e Queen, cujos catálogos também atingiram avaliações bilionárias recentemente. Em junho de 2024, a Sony Music Entertainment adquiriu o catálogo do Queen por cerca de US$ 1,27 bilhão. Já o espólio de Michael Jackson foi avaliado em US$ 1,25 bilhão em um acordo que envolveu a venda de 50% dos direitos.

A diferença está no perfil do artista. Enquanto esses catálogos pertencem a nomes consagrados há décadas, The Weeknd é um cantor contemporâneo, ainda em plena atividade e com forte geração de receita tanto no streaming quanto em turnês.

Atualmente, o cantor soma mais de 120 milhões de ouvintes mensais no Spotify, sendo o número 1 no mundo. Em 2023, “Blinding Lights” se tornou a música mais ouvida da história da plataforma, superando “Shape of You”, de Ed Sheeran. Em 2025, The Weeknd apareceu como o terceiro artista mais reproduzido globalmente no ranking anual do Spotify.

Turnês, streaming e o peso do catálogo

Além do streaming, a força do catálogo também se reflete no ao vivo. A turnê “After Hours ’Til Dawn” ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão em vendas de ingressos, estabelecendo um recorde para um artista solo masculino. Esse desempenho ajuda a explicar o interesse de fundos de investimento por ativos ligados à música, especialmente aqueles associados a artistas com carreira ativa e relevância cultural contínua.

Ross Cameron, sócio fundador e co-gestor da Lyric Capital, destacou o caráter inovador da parceria.

“Não poderia estar mais empolgado com o que a Lyric, Abel e sua equipe criaram juntos. Desde a primeira reunião, ficou claro que estávamos sentados com pessoas que iriam mudar a forma como um artista pensa sobre seus ativos, música e legado.”

Rich Garzia, também co-gestor da empresa, afirmou que a operação representa o mais alto nível de estruturas pensadas para artistas.

“A Lyric busca criar estruturas amigáveis aos artistas, e acreditamos que essa parceria demonstra isso no mais alto nível, com o maior artista do mundo.”

O contexto de um mercado aquecido por bilhões

O acordo de The Weeknd acontece em um momento de forte movimentação financeira no mercado de direitos musicais. A própria Lyric Capital levantou cerca de US$ 800 milhões para seu segundo fundo de royalties em 2023 e controla a Spirit Music Group, que administra catálogos de artistas como Tim McGraw, Jason Aldean e Ingrid Michaelson.

Outros players também vêm captando cifras expressivas. A Chord Music Partners arrecadou cerca de US$ 2 bilhões até agosto deste ano para investimentos em direitos musicais. A Concord levantou US$ 1,76 bilhão via títulos lastreados em ativos, enquanto a Warner Music Group e Bain Capital anunciaram uma joint venture de US$ 1,2 bilhão focada em aquisições de catálogos.

O movimento de The Weeknd chama atenção não apenas pelo valor envolvido, mas pelo sinal que envia ao mercado: artistas no topo da indústria começam a buscar alternativas à venda definitiva de seus catálogos, combinando capital, controle e estratégia de longo prazo.

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