O Spotify encerrou o segundo trimestre de 2025 com resultados positivos em diversas frentes: a plataforma chegou a 276 milhões de assinantes pagos em todo o mundo, um crescimento de 12% na comparação anual, e registrou 696 milhões de usuários ativos mensais (MAUs), aumento de 11% no mesmo intervalo. O número de novos assinantes no primeiro semestre foi 30% superior ao do mesmo período de 2024.
Apesar do crescimento de usuários e da maior receita da história da empresa, o trimestre foi marcado por um prejuízo financeiro. A receita total atingiu € 4,193 bilhões (cerca de R$ 26,9 bilhões), com € 3,740 bilhões (R$ 23,9 bilhões) vindos das assinaturas e € 453 milhões (R$ 2,9 bilhões) da publicidade.
Já o lucro operacional foi de € 406 milhões (R$ 2,6 bilhões), mas o resultado líquido ficou negativo em € 86 milhões (R$ 551 milhões) por conta de custos financeiros e encargos sociais ligados à valorização das ações da empresa.
Segundo a apresentação aos investidores, a margem bruta do Spotify subiu 2,27 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2024, alcançando 31,5%. Ainda assim, as ações da empresa caíram 11,5% após a divulgação do relatório financeiro.
Aposta em superfãs e novos formatos

Durante a divulgação dos resultados, os executivos do Spotify reafirmaram a estratégia de longo prazo baseada na fidelização. “No estágio atual, o negócio de assinaturas é sobre retenção, não aquisição”, disse o CEO Daniel Ek.
A empresa segue apostando em iniciativas voltadas para superfãs, embora ainda não tenha revelado uma data de lançamento para o aguardado plano Music Pro, uma modalidade mais cara que incluiria recursos extras.
Por enquanto, o foco tem sido a ampliação do consumo multimodal na plataforma. O Spotify revelou que vídeos de podcasts estão crescendo 20 vezes mais rápido do que conteúdos apenas em áudio desde 2024. Segundo a empresa, mais de 350 milhões de usuários já assistiram a esse tipo de conteúdo. Além disso, há mais de 430 mil podcast em vídeo disponíveis, e os usuários que assistem consomem 1,5 vez mais do que os que apenas escutam.
O serviço de audiolivros foi expandido para Alemanha, Áustria, Suíça e Liechtenstein. São mais de 350 mil títulos disponíveis em idiomas como alemão, francês e italiano. Um novo pacote adicional de audiolivros também foi lançado em 13 mercados, oferecendo horas extras de escuta para os usuários premium.
Mais personalização com inteligência artificial

Com a ajuda de tecnologias generativas, a plataforma afirmou estar revolucionando a forma como entende e antecipa os desejos do público. A ferramenta DJ do Spotify, por exemplo, agora é capaz de interpretar comandos complexos em linguagem natural, como “toque aquela música em que o Bruce Springsteen chama uma fã ao palco”. Desde sua atualização, o consumo via DJ subiu quase 45% globalmente.
Outra funcionalidade que se destaca é a criação de playlists por IA, agora disponível em mais de 40 mercados. Milhões de usuários premium já criaram listas com base em comandos personalizados, aproximando ainda mais os ouvintes de suas preferências.
Descoberta musical segue em alta

Descobertas da Semana, a tradicional playlist que completou 10 anos em 2025, também teve papel importante na retenção. A empresa informou que essa seleção já impulsionou mais de 100 bilhões de streams e 56 milhões de descobertas de novos artistas, sendo que 77% dessas descobertas vêm de nomes emergentes.
Para novos lançamentos, o hub “Próximos Lançamentos” permite aos usuários explorar os álbuns mais esperados da semana. Já as experiências ao vivo também seguem no radar: recentemente, Travis Scott e Miley Cyrus protagonizaram shows exclusivos na plataforma.
Publicidade em expansão, mas ainda abaixo do esperado
Na área de anúncios, a empresa busca acelerar o crescimento da receita publicitária. Desde o lançamento do Creative Lab Hub, foram criados mais de 7 mil anúncios de áudio escaláveis e eficazes por quase 1.500 anunciantes. A receita com publicidade no trimestre, porém, cresceu apenas 5% em relação ao ano anterior, resultado considerado modesto diante das expectativas.
A companhia também projeta ampliar seu modelo de “marketplace”, em que artistas e selos podem pagar menos royalties em troca de mais visibilidade algorítmica. A ideia é impulsionar a margem bruta nos próximos trimestres, embora o modelo tenha sido criticado por associações de artistas.
Expectativas para o terceiro trimestre
Para o terceiro trimestre, o Spotify projeta chegar a 710 milhões de usuários ativos mensais e 281 milhões de assinantes pagos. A receita estimada é de € 4,2 bilhões (R$ 27 bilhões), com lucro operacional de € 485 milhões (R$ 3,1 bilhões).
Apesar dos desafios financeiros, a empresa aposta na ampliação dos formatos e na personalização como caminhos para crescimento. Como disse Daniel Ek: “Criamos cada vez mais valor para quase 700 milhões de pessoas usando nossa plataforma”.
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