Exclusivo: Splice chega ao Brasil com série de samples gravados em São Paulo e mira expansão no mercado local

Plataforma de criação musical, Splice estreia produção no país com pacotes de funk, techno e rave, e planeja novas colaborações com artistas brasileiros.
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Nathália Pandeló
Artistas de São Paulo geram pacote temático na Splice
Artistas de São Paulo geram pacote temático na Splice (Crédito: Divulgação)

A Splice, plataforma de criação musical baseada em Nova York e usada por produtores de todo o mundo, acaba de lançar sua primeira série de pacotes de samples gravados no Brasil. A iniciativa, que marca a chegada oficial da empresa ao país, foi realizada ao longo de cinco dias no Estúdio Central, em São Paulo, e conta com colaborações de artistas brasileiros como BADSISTA, Zopelar, d.Silvestre, L’Homme Statue e Clementaum, entre outros.

A coleção reúne cinco pacotes originais que exploram gêneros profundamente ligados à cultura urbana brasileira, como o funk carioca, o mandelão (derivado do eletrofunk), além de versões locais de tribal house, techno e rave. Os materiais já estão disponíveis para assinantes da Splice e fazem parte de uma estratégia maior da empresa para se aproximar de comunidades musicais fora dos grandes centros tradicionais do mercado fonográfico.

Crescimento da plataforma no Brasil

Segundo Kenny Ochoa, vice-presidente sênior de conteúdo da Splice, o crescimento da cidade de São Paulo dentro da plataforma foi um dos fatores determinantes para o investimento local. 

“Em 2024, São Paulo ficou entre as cinco cidades de crescimento mais rápido na plataforma Splice. Nós reverenciamos a música brasileira e a vemos como uma líder e inovadora no mercado, que continua produzindo sons que cativam um público global em diversos gêneros”, afirmou Ochoa.

Para o executivo, a força da cena brasileira está ligada ao caráter inventivo de seus artistas. 

“A razão para isso é clara: uma comunidade de músicos ousada, experimental e apaixonada, que faz do Brasil um dos mercados musicais mais audaciosos do mundo. Eles deixam sua arte guiar sua abordagem e não têm medo de sair da caixa, adotando abordagens não convencionais para criar sons”, completou.

Modelo de parceria e pagamento de royalties

Kenny Ochoa, vice-presidente de conteúdo da Splice (Crédito A Jardiel)
Kenny Ochoa, vice-presidente sênior de conteúdo da Splice (Crédito: A Jardiel)

Os pacotes de samples são fruto de um modelo colaborativo de curadoria. A produtora BADSISTA, que assina o pacote “Brazilian Rave”, atuou como anfitriã do projeto e ajudou a selecionar nomes que representam diferentes vertentes da cena local. 

A lista de artistas convidados incluiu Idlibra, d.Silvestre, Zaila, Clementaum, L’Homme Statue, Evehive, RHR, Zopelar e R. Kills. Além disso, os pacotes contam com participações da percussionista Valentina Facury, cujo uso de instrumentos tradicionais brasileiros aparece em todos os materiais da série.

O modelo de negócio da Splice é baseado em assinaturas com sistema de créditos: cada sample custa um crédito, e os artistas recebem royalties proporcionais à quantidade de downloads. 

“Os artistas não precisaram pagar para participar; na verdade, todos os artistas que produziram pacotes de samples foram pagos por sua participação. Assim como todos os criadores que fazem parcerias com a Splice para produzir pacotes de samples, cada artista de São Paulo recebe royalties por cada sample comprado com créditos da Splice”, explicou Ochoa.

Repercussão internacional e novos passos

A Splice já começa a ver os primeiros resultados da iniciativa. 

“Hoje, ouvimos de ZOPELAR que duas pessoas já enviaram faixas usando seus pacotes de samples. Um cineasta em Nova York já está usando vocais de L’Homme Statue em seu próximo projeto. Tem sido muito empolgante ver a reação tanto dos artistas quanto dos produtores do outro lado”, relatou o vice-presidente sênior.

A empresa também revelou planos de continuidade no país. 

“Já estamos trabalhando em conteúdo adicional com R. Kills, e esperamos continuar colaborando com criadores no Brasil. Também temos a intenção de expandir para outras cidades ao redor do mundo”, adiantou.

Para a Splice, essa presença mais ativa no Brasil representa não apenas uma estratégia de mercado, mas também um reconhecimento da cena musical brasileira como influente e autêntica. 

“O que está acontecendo agora em São Paulo é gigante. Temos uma cultura de produção musical muito forte. As pessoas não querem ouvir música internacional, querem o funk. Ninguém se importa com o que está rolando lá fora. É tão grande que não tem espaço para o que vem de fora”, afirmou BADSISTA.

Catálogo disponível e proposta criativa

Cada pacote da coleção apresenta uma abordagem distinta, com sonoridades que variam de acordo com o artista responsável. “Brazilian Rave”, de BADSISTA, investiga o impacto das batidas de pista sobre o cotidiano urbano paulistano. “Brazilian Funk Meets Africa”, assinado por L’Homme Statue, cria pontes rítmicas entre o funk e a diáspora africana. 

“Sounds of Cuzil”, de Clementaum, mistura elementos psicodélicos e estética de baile de rua. “Early House Electro Baile”, de Zopelar, explora a fusão entre o house vintage e o eletrofunk. Já “The New Face of Brazilian Funk”, de d.Silvestre, destaca a inovação rítmica e de timbres do funk contemporâneo.

Todos os materiais estão disponíveis para download exclusivo na Splice, com arquivos de áudio editáveis que podem ser integrados em novas composições. O objetivo é permitir que produtores de diferentes partes do mundo possam acessar sons brasileiros originais, com respeito à autoria e às particularidades culturais de cada artista.

Com essa iniciativa, a Splice se posiciona como uma ponte entre criadores de diferentes contextos, promovendo intercâmbio e valorização de cenas locais. A estreia no Brasil reforça o compromisso com a diversidade e amplia o alcance das linguagens musicais nascidas em São Paulo para os quatro cantos do mundo.

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