A Sony divulgou nesta semana os resultados financeiros do último trimestre de 2024, referente ao terceiro trimestre fiscal da empresa. O segmento de música, que inclui as divisões globais de música gravada, a divisão japonesa e o braço de edição, registrou um aumento de 14% na receita em comparação com o mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 3,15 bilhões (cerca de R$ 17,98 bilhões). Contudo, parte desse valor, US$ 433,86 milhões (R$ 2,47 bilhões), veio do setor de Visual Media e Plataforma, que, embora esteja dentro do segmento de música, é majoritariamente composto por receitas de jogos para mobile.
Quando olhamos apenas para os números relacionados diretamente à música, o crescimento também foi significativo. A receita de música gravada da Sony dobrou, chegando a US$ 2,06 bilhões (R$ 11,76 bilhões), enquanto o publishing cresceu 11%, atingindo US$ 624,17 milhões (R$ 3,56 bilhões).
2024 também foi o primeiro ano em que o negócio de direitos musicais da Sony ultrapassou a marca de US$ 10 bilhões em receita anual. Apesar disso, o crescimento do streaming, principal motor da indústria nos últimos anos, mostrou sinais de desaceleração, levantando discussões sobre um possível platô no setor.
Crescimento impulsionado por artistas e flutuações cambiais
Um dos destaques do trimestre foi o desempenho de alguns lançamentos musicais. O álbum “Golden Hour: Part.2”, do grupo Ateez, liderou a lista de projetos que mais geraram receita para a Sony no período. Outros lançamentos de peso, como “Chromakopia” de Tyler, The Creator, “SOS” de SZA e “Last Lap” de Rod Wave, também contribuíram para os resultados. No entanto, parte do crescimento foi atribuída a flutuações cambiais favoráveis, que responderam por quase um quinto do aumento na receita do segmento de música.
No lado do streaming, a receita de música gravada chegou a US$ 1,37 bilhão (R$ 7,82 bilhões), um aumento de 12,4% em relação ao ano anterior. Contudo, esse número inclui um ajuste único relacionado à forma como as plataformas de streaming reconhecem suas receitas. Sem esse ajuste, o crescimento em dólares foi de 9%, um ritmo mais modesto. Enquanto isso, as vendas de downloads continuaram em queda, com uma redução de 26,4%, e os formatos físicos, como vinil, também tiveram uma leve queda de 4,1%.
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Editora e projeções para o futuro
No segmento de edição, a Sony registrou um crescimento de 10,7% na receita, alcançando US$ 624,17 milhões (R$ 3,56 bilhões). Desse total, US$ 368,52 milhões (R$ 2,10 bilhões) vieram do streaming, um aumento de 10,6% em relação ao ano anterior. O lucro total do segmento de música, incluindo Visual Media e Plataforma, subiu 28%, chegando a US$ 637,67 milhões (R$ 3,64 bilhões).
Olhando para o futuro, a Sony revisou suas projeções para o restante do ano fiscal, que termina em março de 2025. A empresa elevou a previsão de receita em US$ 327,24 milhões (R$ 1,87 bilhão), mas atribuiu boa parte desse ajuste às expectativas de flutuações cambiais favoráveis e à integração da ePlus, plataforma de ingressos consolidada no segmento de Visual Media e Plataforma.
Desafios e oportunidades no mercado de streaming
Apesar dos números positivos, o crescimento modesto do streaming acendeu um sinal de alerta para a indústria. Enquanto o modelo de assinaturas continua sendo a principal fonte de receita, a desaceleração no ritmo de expansão sugere que o mercado pode estar se aproximando de um platô. Isso coloca em discussão a necessidade de novas estratégias para engajar os consumidores e explorar outras fontes de receita, como licenciamento e sincronizações.
A Sony, por sua vez, segue investindo em diversificação. A integração da ePlus e a expansão de serviços como o Crunchyroll Manga mostram que a empresa está buscando ampliar sua atuação além da música tradicional. Além disso, parcerias estratégicas, como a recente colaboração com a Kadokawa, indicam um movimento para explorar novos mercados e formatos de entretenimento.
O que esperar do próximo trimestre
Com o ano fiscal chegando ao fim, a atenção agora se volta para o último trimestre, que deve trazer mais clareza sobre o desempenho do setor de música em 2025. A Sony mantém uma postura otimista, mas os desafios do mercado, como a desaceleração do streaming e a volatilidade cambial, continuam sendo pontos de atenção.
Enquanto isso, artistas, produtores e executivos do setor acompanham de perto as movimentações da gigante japonesa, que segue como uma das principais forças na indústria musical global.