O setor de música ao vivo está passando por um período de reajuste em 2025, após três anos de forte recuperação pós-pandemia. Os dados mais recentes da Pollstar mostram um cenário complexo: enquanto o número de ingressos vendidos pelos 100 maiores artistas em turnê cresceu 17,3%, a arrecadação total apresentou redução de 6,4% no período entre 14 de novembro de 2024 e 12 de fevereiro de 2025.
Esses números representam uma mudança no comportamento do mercado. Nos últimos anos, o setor vinha registrando crescimento simultâneo tanto no público quanto nas receitas. Em 2023, o faturamento do primeiro trimestre havia apresentado aumento de 52% em relação a 2022. Já em 2024, o crescimento foi de 35%, marcando a primeira vez que os 100 maiores artistas ultrapassaram US$ 1 bilhão em arrecadação no primeiro trimestre.
Queda nos preços médios e impacto no mercado
O preço médio dos ingressos registrou redução de 20,2%, passando de US$ 123,25 em 2024 para US$ 98,40 no primeiro trimestre de 2025. Esse valor se aproxima dos patamares observados em 2023 (US$ 94,10) e 2022 (US$ 95,60), sugerindo que os preços podem estar voltando a níveis mais próximos do padrão histórico.
A redução nos preços parece ter tido impacto direto no comportamento do público. A quantidade média de ingressos vendidos por show aumentou 18,8%, enquanto a receita média por apresentação registrou queda de 5%.
Esse movimento indica que os consumidores estão respondendo positivamente aos preços mais acessíveis, mas que essa estratégia tem reflexos diretos na arrecadação total.
Diferenças no desempenho dos artistas

Os cinco artistas mais rentáveis tiveram queda de 39,3% na arrecadação total no período. Entre os 100 primeiros colocados, a redução foi mais moderada, ficando em 6,4%. Essa diferença sugere que as receitas estão se distribuindo de forma mais equilibrada entre os artistas, com uma redução menos acentuada para aqueles que ocupam posições intermediárias no ranking.
O Coldplay lidera o ranking com US$ 69,4 milhões arrecadados em apenas 11 shows. A Trans-Siberian Orchestra aparece em segundo lugar, com US$ 68,1 milhões gerados em 107 apresentações, registrando a maior venda de ingressos no período (823.749). Luke Combs, Eagles e Justin Timberlake completam o top 5, demonstrando a diversidade de gêneros musicais entre os artistas mais rentáveis.
Novas estratégias
A presença de artistas de diferentes países entre os nomes com mais ingressos vendidos também mostra maior variedade. Dos 100 artistas listados, 52 são de fora dos Estados Unidos ou têm repertório predominantemente em espanhol. Nove desses artistas internacionais conseguiram posições no top 20, incluindo nomes como o colombiano Feid (10º lugar) e o mexicano Luis Miguel (17º).
Diante desse cenário, artistas e promotores estão adotando novas estratégias. Há uma maior diversificação nos formatos de shows, com opções em diferentes faixas de preço.
Muitos estão optando por turnês mais longas em determinadas regiões para diluir custos, além de criar pacotes especiais que combinam ingressos com outros benefícios. Parcerias com patrocinadores também têm sido fundamentais para subsidiar parte dos custos.
O futuro do mercado de shows

Os números da Pollstar para o primeiro trimestre de 2025 mostram um setor em transformação. O aumento na venda de ingressos confirma a vitalidade da música ao vivo, enquanto a queda nas receitas totais e nos preços médios indica um período de ajustes.
À medida que o ano avança, será importante monitorar como esses padrões se desenvolvem, especialmente durante os períodos tradicionalmente mais movimentados para shows e festivais.
A capacidade de entender essas mudanças e se adaptar a elas será determinante para o sucesso no novo cenário que se desenha. O que está claro é que o setor está evoluindo, e essa evolução trará tanto desafios quanto oportunidades para todos os envolvidos na indústria da música ao vivo nos próximos anos.