Robert Kyncl assina novo acordo como CEO da Warner Music Group

Novo contrato de Robert Kyncl redefine metas, remuneração e condições de desligamento enquanto a empresa registra avanço em receita e participação.
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Nathália Pandeló
Robert Kyncl, CEO da Warner
Robert Kyncl, CEO da Warner

O Warner Music Group enviou à Comissão Americana de Seguridade e Câmbio (SEC) a atualização do contrato de Robert Kyncl, o que marca uma nova etapa da gestão iniciada em 2023. O documento detalha mudanças em remuneração, condições de desempenho, metas financeiras e regras de saída, compondo um modelo que passa a alinhar parte relevante da remuneração do CEO aos resultados da empresa no mercado. A atualização surge em um momento em que a companhia registra crescimento de receita e ajustes internos que chamam atenção no mercado.

O movimento não altera as funções executivas do CEO, mas reestrutura a forma como a empresa distribui compensações de longo prazo. A companhia já havia sinalizado que parte de sua estratégia envolve reorganização operacional, fortalecimento de tecnologia e avanços em inteligência artificial, o que torna natural a adoção de métricas mais precisas para acompanhar esse processo.

Robert Kyncl em ação

Nos últimos meses, Robert Kyncl liderou dois movimentos que reposicionam a WMG no debate global sobre inteligência artificial. Primeiro, a companhia firmou um acordo de licenciamento com a Klay Vision, que criou um modelo treinado apenas com música autorizada e passou a trabalhar com Sony, Universal e Warner em estruturas formais de uso de catálogo em IA. O avanço aconteceu depois de anos de disputas judiciais envolvendo ferramentas que geravam obras derivadas sem autorização. 

Poucos dias depois, a Warner anunciou uma parceria com a Suno que encerrou 17 meses de litígio e estabeleceu um novo ciclo para a plataforma, agora comprometida com modelos licenciados e com o controle total dos artistas sobre nomes, imagens, vozes e composições usados em criações feitas por IA. Esses dois acordos mostram como o CEO tenta construir uma base regulada para tecnologias musicais emergentes, buscando unir inovação com proteção de direitos.

Estrutura das novas opções de ações

O documento informa que o acordo anterior previa uma concessão única de opções no valor de US$ 10 milhões. Com a mudança, essas opções serão emitidas imediatamente e divididas em três partes iguais, cada uma avaliada em US$ 3.333.333 na data de concessão. Para que essas partes possam ser exercidas, o preço da ação precisa superar níveis que correspondam a retornos totais aos acionistas de 8%, 10% e 12% durante pelo menos 20 pregões consecutivos dentro dos próximos três anos.

As opções terão validade de sete anos e o preço que o executivo pagará para exercê-las será calculado com base no valor médio das ações em 24 de novembro de 2025. Elas serão liberadas em três partes iguais, uma a cada ano, até completar três anos desde a concessão. Essas opções só poderão ser usadas se as metas de valorização forem atingidas, o que cria uma ligação direta entre o desempenho da empresa no mercado e a remuneração do CEO.

PSUs anuais e metas de longo prazo

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O contrato prevê uma concessão anual de unidades de ações condicionadas ao desempenho, avaliadas em US$ 5 milhões. A primeira será oferecida em janeiro de 2026. Essas unidades não são entregues imediatamente. Elas só passam a ser do executivo depois de três anos e apenas se ele continuar no cargo e se a empresa cumprir as metas financeiras e de longo prazo que o conselho definir. Essa estrutura cria um estímulo para que a liderança mantenha resultados consistentes ao longo do tempo.

O conjunto formado por essas unidades e pelas opções de ações distribui parte da remuneração em etapas e deixa claro que o acesso a esses valores depende diretamente do desempenho da empresa. Esse formato é comum entre grandes companhias que buscam organizar planos de longo prazo em momentos de transformação.

Condições de desligamento e termos gerais

A atualização contratual também muda as regras de saída. Caso a empresa encerre o contrato sem motivo ou caso o executivo deixe o cargo por um motivo previsto no acordo, ele receberá um valor equivalente à soma de toda a sua remuneração anual, incluindo dinheiro e ações. 

O pacote também cobre o valor estimado para manter o plano de saúde por um ano, com compensação fiscal, além de um bônus proporcional ao período trabalhado naquele ano. As demais condições já divulgadas pela empresa continuam válidas.

Essas regras seguem o padrão adotado por grandes empresas de entretenimento e tecnologia, que costumam definir pacotes de desligamento claros para dar previsibilidade a todos os envolvidos.

Indicadores que cercam a atualização contratual

Robert Kyncl, CEO do Warner Music Group
Robert Kyncl, CEO do Warner Music Group. Foto: Divulgação

O Warner Music Group está encerando o ano fiscal de 2025 com receita de US$ 6,71 bilhões, acima dos US$ 5,92 bilhões registrados em 2022. No trimestre mais recente, a receita de streaming por assinatura em música gravada aumentou 8,4% em relação ao ano anterior, sem considerar o impacto da saída da BMG.

Em conversa com investidores sobre esse desempenho, Robert Kyncl disse: 

“Esses resultados provam que nossa estratégia está funcionando”.

Em uma outra apresentação, feita em 20 de novembro, ele afirmou: 

“Tomamos medidas importantes para otimizar nossa organização para gerar eficiência e eficácia, tudo isso enquanto aceleramos novamente o crescimento e ganhamos participação de mercado”.

Warner Music Group Logo

Na mesma ocasião, ele acrescentou: 

“Nos Estados Unidos, estamos zero vírgula seis ponto percentual acima do trimestre do ano anterior, de acordo com a Luminate. Globalmente, nossa participação no Spotify Top duzentos subiu cerca de seis pontos percentuais em relação ao ano fiscal de dois mil e vinte e quatro”.

O CEO também afirmou: 

“Sou muito grato à nossa equipe de liderança, aos nossos operadores ao redor do mundo e aos nossos artistas e compositores incríveis por levar a WMG a novos patamares”.

Essas declarações aparecem em um momento em que a empresa revisa o próprio modelo de remuneração e projeta metas claras para orientar os próximos anos. Os números recentes ajudam a explicar por que a companhia aposta em continuidade, especialmente nas áreas de tecnologia, streaming e operações internacionais.

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