A participação de Tiago Iorc no Latin Grammy não serviu apenas para ampliar sua visibilidade fora do Brasil, mas também motivou a criação de um novo projeto artístico: um álbum totalmente em espanhol, com versões de sucessos já lançados. O processo foi detalhado pelo cantor durante o painel desta quarta-feira (29), no Rio2C 2025, ao lado do empresário Carlos Taran e da advogada Flórency Rodrigues, no palco Soundbeats III by Mundo da Música.
“Foi no Latin Grammy que comecei a perceber o tamanho desse universo que eu desconhecia. Eu achava que conhecia, mas foi ali que vi o quanto ele é rico, diverso e potente. Isso me inspirou muito”, contou Iorc, que participou da premiação pela primeira vez em 2016. Desde então, sua presença constante nos eventos da academia tem servido de base para uma atuação mais ampla no mercado latino.
O projeto em espanhol e a construção da ponte com a América Latina
Durante o painel, Iorc confirmou que está finalizando um álbum com versões em espanhol de músicas lançadas originalmente em português. O disco ainda não tem data definida, mas a previsão é que chegue ao público em 2026, com novos singles sendo lançados ao longo de 2025. A primeira amostra do projeto foi apresentada no início do ano, com a versão “Quédate Otra Vez (Amei Te Ver)”, em parceria com a cantora porto-riquenha Kany García.
Segundo o cantor, o convite para iniciar esse projeto partiu de um executivo da Sony Music após uma apresentação sua no Latin Grammy. A partir daí, Iorc passou a frequentar Miami com mais regularidade, estabelecendo conexões e participando de sessões de composição.
“É sempre sobre estar presente. Se você não cuida da planta, ela não floresce. Com a carreira internacional é a mesma coisa.”
Um dos momentos marcantes dessa jornada foi o convite para compor com Alejandro Sanz. Iorc também mencionou Jorge Drexler como um dos artistas que o ajudou a se inserir nesse circuito, reforçando como a convivência nos bastidores do Latin Grammy tem sido essencial para a troca cultural.
Gestão estratégica com metas definidas

Carlos Taran, responsável pela gestão da carreira do artista, explicou que o projeto internacional foi planejado com metas claras, formalizadas em contrato.
“Um dos objetivos era consolidar o Tiago como artista brasileiro atuando no universo hispânico. Para isso, era necessário reorganizar a carreira e escolher parceiros com estrutura internacional.”
Ele destacou que, após negociações com as quatro majors, a opção mais adequada foi a retomada da parceria com a Som Livre, agora integrada à Sony Music.
Taran também frisou os desafios do projeto.
“Muitos artistas flertam com esse mercado, mas poucos conseguem abrir mão de agendas no Brasil para realmente se colocar no exterior. O Tiago topou esse risco.”
Segundo ele, mesmo em anos em que Iorc não tinha lançamentos ativos, sua presença nos eventos da academia garantiu espaço na mídia e novas conexões.
A advogada Flórency Rodrigues acrescentou que o processo exige planejamento jurídico e alinhamento constante:
“É uma construção diária, que exige comunicação, clareza nos contratos e visão de longo prazo.”
O Latin Grammy como plataforma e rede de conexões
Ao longo do painel, Taran reforçou que o Latin Grammy tem um papel fundamental na estratégia internacional.
“Em 2023, o Tiago foi o artista brasileiro com mais indicações. Apresentou-se ao lado da Anitta, participou do Person of the Year, entregou prêmio na cerimônia principal e ainda levou um Grammy para casa.”
Segundo ele, naquele ano, o cantor foi também o artista brasileiro mais requisitado pela imprensa internacional.
Tiago contou que, mesmo em sua primeira participação, sem indicações, já sentiu o impacto da convivência com artistas latinos.
“A gente aqui no Brasil vive um certo isolamento cultural, muito por conta da língua. Quando comecei a circular mais fora, percebi como o Brasil tem um sabor único, um tempero que o mundo admira.”
Um Brasil que o mundo quer ouvir

Ao final da conversa, Iorc refletiu sobre o processo de cantar em espanhol e se apresentar em novas praças.
“É bonito ver como as coisas vão se costurando. A música tem sido essa ponte que liga tudo.”
Ele ressaltou que o projeto em espanhol não é meramente uma estratégia de mercado, mas parte de uma busca pessoal por conexão e troca cultural com os países vizinhos.
“Existe uma sede no mundo pelo que é brasileiro. E muitas vezes a gente não reconhece isso aqui dentro. Quando comecei a circular mais em Miami, me senti mais brasileiro do que nunca.”
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