Mais do que reunir grandes nomes da indústria criativa, o fim de semana de encerramento do Rio2C transformou a Cidade das Artes em um espaço de formação, escuta e experimentação voltado às novas gerações. Nos dias 31 de maio e 1º de junho, o evento abriu espaço para temas como educação profissional, inteligência artificial, criação artística, juventude periférica, influência digital e os desafios do futuro do trabalho.
Essa programação extensa e diversa demonstrou como o evento vai além da vitrine de tendências e se firma como ponto de encontro entre profissionais estabelecidos e jovens em busca de seus primeiros passos no setor.
Ao reunir nomes experientes e iniciativas formativas, os dois dias finais do evento ampliaram o alcance educativo do Rio2C, sem perder de vista as transformações sociais e tecnológicas que moldam o presente e o futuro da indústria criativa.
Foram masterclasses, painéis e workshops que abordaram tanto os bastidores técnicos de áreas como música, audiovisual e publicidade quanto as questões estruturais que impactam o acesso e a permanência de novos talentos no mercado.
Formação profissional e inclusão: o papel das empresas e da escola
A mesa “Parcerias que transformam: o impacto do setor privado na formação profissional” foi um dos destaques do sábado (31). O painel mostrou como empresas e instituições de ensino podem trabalhar juntas para criar oportunidades concretas de inserção no mercado. A partir do case “Futuros Sonhadores”, parceria entre o Grupo Dreamers e a Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch, o debate envolveu temas como empregabilidade, diversidade e protagonismo juvenil, com participação de Débora Moura (Grupo Dreamers), Cláudia Scott (Next) e Danielle de Jesus (Dabelle).
No domingo (01), o painel “O papel da escola na formação de um atleta” trouxe a perspectiva da educação básica como espaço essencial para o desenvolvimento esportivo. Daniel Santiago (Comitê Olímpico do Brasil), Antônio Hora Filho (CBDE) e a repórter Hanna Tenda abordaram a importância de políticas públicas, professores e gestores no estímulo à prática esportiva como vetor de formação integral.
Inteligência artificial e juventude: educação crítica e criativa

Diferentes abordagens sobre o uso da inteligência artificial no ensino e na criação marcaram a programação. A oficina “Designers do futuro”, com George R. Stein, convidou os participantes a imaginar o papel do professor em um cenário mediado por IA generativa. No mesmo eixo, o workshop “IA na prática: do prompt ao play”, com Janaina Augustin, deu uma visão abrangente das aplicações criativas da tecnologia, de imagens a música, com foco na ética e no uso consciente.
Outro destaque foi a masterclass “Quem está escrevendo para quem?”, do professor Luis Octavio Rogens, que discutiu os impactos da IA nas narrativas digitais, nos perfis geracionais e na confiança nas redes. No domingo, a PUC-Rio apresentou sua proposta curricular para formar comunicadores preparados para esse novo cenário, com a masterclass “Inteligência artificial e inovações tecnológicas na comunicação”, conduzida por docentes do Departamento de Comunicação da universidade.
Criação artística, influência e saúde mental
A criação de conteúdo, especialmente entre jovens, também ganhou espaço com um olhar crítico. A mesa “Mais influenciadores que médicos” abordou os riscos da bolha da creator economy e trouxe uma análise sobre a sustentabilidade desse modelo, com André Mendes (Reckitt), Luiz Menezes (Trope) e Eder Redder (gen_c). Já no domingo, a streamer Bagi compartilhou em “Por trás da webcam” sua experiência com monetização, saúde mental e a rotina dos criadores de conteúdo.
A masterclass “A carreira à prova de futuros incertos”, com Tanci Simões, propôs reflexões sobre resiliência e adaptabilidade profissional. Já o workshop “O imperativo da perfeição e seus efeitos sobre a criatividade” estimulou a escuta sobre bloqueios criativos e autocobrança, com mediação de especialistas em neurociência e gestão de pessoas.
Música, audiovisual e múltiplas linguagens

Em diálogo com a educação e a interdisciplinaridade, o painel “A sintonia dos saberes”, no domingo, reuniu representantes da Orquestra Sinfônica Brasileira e do grupo MusMat para refletir sobre a relação entre música, matemática e aprendizagem. Outro destaque foi a “Masterclass de narração esportiva”, com a narradora Natália Lara, que compartilhou técnicas e bastidores da profissão em múltiplas plataformas.
Na criação para o público infantil, a autora Karen Acioly conduziu a masterclass “Primeiros contatos com o imaginário”, propondo caminhos poéticos e sensíveis para lidar com as múltiplas infâncias do Brasil. No campo do audiovisual, o domingo trouxe debates técnicos como a “Masterclass: a relação entre roteiro e direção”, com profissionais da Globo, e o “Workshop de efeitos visuais”, com Cláudio Lima Peralta, da Conspiração Filmes.
Juventude periférica e novas narrativas
Um dos momentos mais simbólicos do domingo foi o painel “A força da juventude nas novas cenas criativas”, promovido pela Disney em parceria com o Instituto Criar. O encontro discutiu caminhos para que jovens das periferias acessem, permaneçam e transformem a indústria do entretenimento. Participaram da conversa nomes como Rita Moraes (LB Entertainment), Jéssica Queiroz (cineasta), Roberto Vitorino e Adriana Cristovão (The Walt Disney Company).
O painel “Should I stay or should I go?”, por sua vez, apresentou dados de uma pesquisa inédita com a Geração Z sobre o futuro da liderança e os desafios geracionais no ambiente de trabalho. A discussão reforçou que a construção de carreiras hoje exige escuta, flexibilidade e novas práticas de gestão.
O fim de semana educativo do Rio2C mostrou que pensar o futuro da indústria criativa passa necessariamente por dialogar com quem está começando agora. A programação valorizou tanto as trajetórias consolidadas quanto a urgência de garantir acesso e formação para quem vem das bordas, da escola pública, da internet ou da experimentação autodidata. Foi uma ode ao aprendizado em todas as suas formas — e um convite para construir um mercado mais inclusivo, diverso e atento aos novos tempos.
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