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Opinião: Quais os insights sobre o Grammy 2023?

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Redação

Banner Rodrigo Lampreia

A 65a cerimônia do Grammy Awards 2023 começou em Los Angeles – depois de dois anos em Las Vegas – com o calor e swing da música latina nos versos do porto-riquenho Bad Bunny. De camiseta branca, calça jeans, boné e quase 20 bilhões de Spotify streams na conta, o artista, que é titular absoluto do mainstream global, animou os convidados com muito reggaeton e mambo. Taylor Swift, Jack Harlow DJ Khaled, Berry Gordon da Motown e outros medalhões se divertiram e aplaudiram de pé a primeira performance da noite, com gritos de celebração no final: ‘Viva a música latina’, puxados por Bad Bunny. Nessa hora eu pensei: ‘Olha ai a Latin Music! Começou bem!’.

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Bad Bunny. Foto: Getty Images/ Emma McIntyre

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Mas antes disso, a Premiere Ceremony já tinha dado a cara da noite. Com quase 70 categorias premiadas de maneira bem dinâmica e tempo muito cronometrado, o destaque foi para a house band, que deu um show a parte, tocando versões instrumentais de all time hits, servindo de trilha para cada vencedor que subia o palco para buscar o seu gramofone. Os metais da intro brasileira de ‘Descobridor dos Sete Mares’, hit de Tim Maia e Lulu Santos, serviram de soundtrack para o prêmio de Melhor Álbum Latino de Rock ou Alternativo, conquistado por Rosalía, com Motomami. A cantora não apareceu para receber o prêmio.

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Rosalía. Foto: Instagram/@rosalia.vt

As categorias Gospel foram dominadas pelo grupo Maverick City Music, em suas parcerias com Kirk Franklin, e o Rock por Ozzy Osbourne. Viola Davis, atingiu o status EGOT, vencendo na categoria Melhor Audiolivro, Narração ou Gravação de Storytelling, pela versão em áudio de sua autobiografia Finding Me’.

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Viola Davis. Foto: Getty Images/Emma McIntyre

O R&B foi dominado por Robert Glasper, um gênio do jazz com influências urbanas, muito respeitado entre músicos e artistas da cena, mas causou revolta em Chris Brown, que disputava a mesma categoria com o álbum ‘Breezy’.

O Brasil brilhou com a vitória do Boca Livre, na categoria Melhor Álbum Pop Latino e a banda indie britânica Wet Leg – concorrente ao prêmio de Melhor Artista Revelação –  mostrou sua força ganhando dois prêmios seguidos –  Melhor Álbum e Performance Alternativa.

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Boca Livre. (Foto: Getty Images – Uso autorizado POPline)

Enquanto isso, Beyoncé ganhava mais algumas estatuetas, igualando o recorde histórico e passando lendas como Quincy Jones e Paul McCartney. Tudo isso na pré cerimônia!

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Beyoncé. Foto: Getty Images

Com os caminhos abertos por Bad Bunny, a cerimônia principal seguiu com a boa apresentação de Trevor Noah e comentários inteligentes e coerentes de Charles Gavin, bela aquisição da TNT BR para a transmissão brasileira.

As quase 30 categorias a seguir estavam representadas por uma maioria de indicações femininas e metade de artistas negros, mostrando a evolução de pautas importantes:  diversidade,  inclusão e  pluralidade nesse Grammy de 2023.

Harvey Mason Jr, CEO da Recording Academy, estava orgulhoso em dizer que o processo de votação e a escolha dos membros votantes havia passado por uma reestruturação para garantir igualdade de gêneros, raça e mostrar a total diversidade da música global. No seu discurso introdutório lembrou que a noite era uma grande celebração da música e frisou que a música é um agente transformador, tem poder, cura e une as pessoas.  ‘Nosso propósito é de servir a música’, disse ele.  

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Harvey Mason Jr, CEO da Recording Academy. Foto: Getty Images/ Emma McIntyre

As celebridades deram show na plateia. As imagens de b-roll fizeram sucesso com muitos momentos curiosos e engraçados. A conexão de Adele com Lizzo, as dancinhas e os vinhos brancos de Taylor Swift, o entusiasmo de DJ Khaled, o estilo de Pharrell e Anderson Paak, o atraso de Beyoncé e Jay-Z, o amor de J-Lo e Ben Affleck, Nile Rodgers trocando com Kendrick Lamar e até a vovó superfã do Harry Styles.

A lista dos apresentadores das categorias também se destacou pelo ecletismo: Madonna, a primeira-dama Jill Biden, James Corden, Olivia Rodrigo, Cardi B, Chris Martin, Shania Twain e Dr. Dre dando o prêmio ‘Global Impact’ a ele mesmo.

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Dr Dre. Foto: Getty Images/Emma McIntyre

Aliás, a iniciativa da Academia de criar a categoria ‘Impacto Global’, homenageando o rapper-produtor em virtude da sua enorme contribuição à indústria, ao longo das últimas décadas, foi certeira. A atenção do GRAMMY para a educação de jovens amantes da música é fundamental para o desenvolvimento da nova geração de músicos, artistas, produtores e compositores. A pauta foi norte no discurso de Dre, que foi um super gancho para celebrar e lembrar dos 50 anos do Hip Hop, que ele é protagonista há 30 anos.

E o que foi a performance contando a história do Hip Hop?

Nascido em Agosto de 1973, no bairro do Bronx, em Nova Iorque, o movimento foi fundamental para o desenvolvimento da música urbana americana e segue firme nas paradas de sucesso até hoje. LL Cool J disse: ‘Fomos do Bronx ao TikTok para o mundo!’.

Nomes como Big Boi, Busta Rhymes, De La Soul, DJ Jazzy Jeff, Missy Elliott, Future, Grandmaster Flash, Ice-T, Lil Baby, Lil Wayne, Method Man, Nelly, Public Enemy, Queen Latifah, Run-DMC, Salt-N-Pepa, DJ Spinderella, Scarface, Swizz Beatz e Too $hort entregaram quase 13 minutos de performance em um medley dirigido pelo baterista Questlove, do The Roots.

Revivi sucessos da minha adolescência, num momento único da premiação. Adorei ver Jay-Z sorrindo, pulando e cantando todos aqueles hits. E para melhorar, foi ótimo ver ele participando da performance final de ‘GOD DID’, música de DJ Khaled, que dá o nome ao seu álbum, indicado em várias categorias, porém sem nenhuma vitória. A performance de 8 minutos teve também os feats da faixa original: John Legend, Rick Ross, Lil Wayne e Fridayy, que apresentaram um verdadeiro videoclipe ao vivo, na parte externa do Crypto.com Arena

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Foto: Getty Images/ Kevork Djansezian

Voltando para os vencedores, vimos todos, a Rainha Beyoncé quebrando um recorde histórico, acumulando 32 gramofones, se consagrando como a maior vencedora de Grammys no mundo.

Uma pena não ver ‘Renaissance’ como melhor álbum, claro que era! Assim como ‘Lemonade’ também era o melhor em 2017 e ela também não ganhou. Na verdade, Beyoncé só ganhou o Big Four uma vez, com ‘Single Ladies’, como música do ano, em 2010.

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Foto: Kevin Winter / Getty Images

Dessa vez as quatro maiores categorias foram bem variadas: Harry´s House (Harry Styles), álbum do ano, ‘About Damn Time’ (Lizzo), gravação do ano e  ‘Just Like That’ (Bonnie Raitt), canção do ano, que surpreendeu a própria artista, que incrédula, foi receber o prêmio.

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Foto: Getty Images (Uso autorizado ao POPline)

A tão esperada vitória de Anitta, na categoria Artista Revelação, não aconteceu. Mas teve um destino muito merecido: Samara Joy. A artista negra, de 23 anos, criada no Bronx em Nova Iorque, com início de carreira na igreja, venceu a categoria e trouxe o Jazz para a linha de frente, numa categoria que geralmente premia artistas de gêneros mais populares e mainstream.

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Foto: Getty Images (Uso autorizado ao POPline)

Uma pequena minoria de Anitters ainda foi no perfil de Instagram da vencedora reclamar da vitória da americana, o que eu acho lamentável, já que Anitta ainda assim, saiu muito bem vista e respeitada pela indústria americana.

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Foto: Getty Images (Uso autorizado POPline)

Esse foi um dos melhores Grammys que já assisti

 A cerimônia foi dinâmica, as performances foram espetaculares, os vencedores variados e diversos e tudo feito com muito zelo, a nível de produção de eventos, que os americanos fazem melhor que ninguém.

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Foto: Kevin Winter / Getty Images

Me emocionei com as homenagens in memorium de Gal Costa e Erasmo Carlos, vibrei vendo Stevie Wonder com Smokey Robinson cantando a ‘Motown’, me inspirei no discurso autêntico, humilde e eufórico de Lizzo e achei que a maioria dos prêmios foi justo.

É importante lembrar que o Grammy Awards não é uma competição e sim uma premiação para celebrar a música no mundo. São doze mil membros votantes e comitês votando e dando suas opiniões técnicas sobre aquelas músicas e produtos lançados em um período de tempo. O fato de ser um peer award garante a qualidade do processo e a responsabilidade dos seus votantes em premiar os melhores, embasados em critérios rígidos com guidelines pré-estabelecidos pela Academia e também gostos pessoais.

Nem sempre o nosso artista ou música favorita vai ganhar, mas o que vale mesmo é a união de todos em torno da música, que tem papel crucial na cultura mundial e na educação e evolução da sociedade.  Que venha 2024!

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Com 20 anos de carreira musical, Rodrigo Lampreia é cantor, compositor, produtor musical e empreendedor de música e cultura. É co-fundador e CEO do selo independente Little Glass Records e idealizador, fundador e CEO do Soho Sessions, jam session que abraça novos artistas e fortalece a cena independente. Com cinco álbuns lançados, Lampreia já fez shows pelo Brasil e mundo a frente de projetos importantes como Samba de Santa Clara, Benditos, Sambinha, Roda do Lampra e sua carreira solo. Rodrigo também é o editor, produtor e apresentador do Podcast do Lampra, que debate tendências, novidades, informações sobre a indústria global da música.