ONErpm celebra 15 anos e CEO defende novo modelo para a indústria musical

CEO da ONErpm, Emmanuel Zunz critica os rótulos tradicionais da indústria, valoriza a autonomia financeira e destaca a atuação na América Latina.
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Nathália Pandeló
Emmanuel Zunz, CEO da ONErpm
Emmanuel Zunz, CEO da ONErpm (Crédito: Divulgação)

A ONErpm completa 15 anos em 2025 consolidada como uma das empresas independentes mais influentes do mercado musical. Fundada por Emmanuel Zunz, a companhia opera em mais de 40 países, mantém participação de 2,7% no market share global do Spotify e ultrapassa 23 bilhões de visualizações mensais no YouTube. Mas, segundo seu fundador, mais importante do que os números é o modelo de negócios que foge aos padrões tradicionais.

“Não existem mais ‘gravadoras’ nem ‘distribuidoras’. Existem apenas empresas que oferecem soluções para criadores”, afirmou Zunz em entrevista ao site Music Business Worldwide.

A frase sintetiza a visão que sustenta o crescimento da empresa: autonomia financeira, tecnologia própria, diversidade de modelos de negócio e presença global.

Atuação estratégica na América Latina

Apesar de sediada em Nashville, a ONErpm construiu boa parte de sua trajetória a partir da América Latina. No Brasil, onde é um dos principais players do setor, a empresa oferece desde serviços básicos de distribuição até acordos de licenciamento, aquisição de catálogos e joint ventures. Segundo Zunz, essa atuação foi decisiva para fortalecer o ecossistema musical regional.

“Fomos uma das primeiras empresas a ajudar artistas da América Latina a ganhar dinheiro. Estou falando de dezenas de milhares de artistas que antes não viam receita alguma. Ajudamos a transformar esse mercado e torná-lo mais justo”, declarou.

Com mais de 150 indicações ao Grammy e ao Latin Grammy desde 2017 e 25 vitórias no total, o portfólio da ONErpm comprova a força de seu modelo. A empresa também aponta para um crescimento expressivo fora do eixo EUA-Europa, com foco recente em regiões como África e Ásia.

Independência como escolha estratégica

Escritório da ONErpm
Escritório da ONErpm (Crédito: Divulgação)

A filosofia da empresa passa por um princípio básico: manter a independência plena, inclusive financeira. Zunz rejeitou diversas ofertas de investimento ao longo dos anos. “Se você aceita muito dinheiro de capital externo, você não é mais independente”, afirmou. Para ele, a autonomia só é possível quando a empresa preserva o controle sobre suas decisões.

Zunz também critica a busca por crescimento rápido a qualquer custo, comum entre concorrentes. 

“Muitos têm focado no crescimento de participação de mercado a curto prazo, sacrificando a sustentabilidade de longo prazo. Não estamos dispostos a fazer isso”, disse.

Tecnologia própria e escalabilidade

Um dos diferenciais da ONErpm é a plataforma proprietária ONE System, que centraliza a gestão de campanhas, contratos e dados de performance. A tecnologia permite acompanhar resultados em tempo real, em diferentes formatos de contrato e territórios, gerando escala com eficiência.

“Suspeito que muitas gravadoras tradicionais, especialmente as majors, ainda operam com sistemas antigos. Confio que estamos à frente de qualquer um em inovação tecnológica em uma única plataforma”, afirmou Zunz. 

Ele cita a Sony e a The Orchard como exceções bem estruturadas, mas reforça que a meta da ONErpm é seguir liderando nesse quesito.

Crítica aos rótulos do mercado

Zunz afirma que os termos “gravadora” e “distribuidora” já não descrevem corretamente o que fazem empresas como a ONErpm. A companhia atua com artistas de diferentes perfis, oferecendo desde distribuição do it yourself (DIY) até aquisição de direitos e investimentos em selos. Para ele, o que define uma empresa musical hoje é sua capacidade de entregar soluções em diferentes níveis.

“A ONErpm não cabe numa caixa. Fazemos distribuição DIY, acordos de licenciamento, assinamos artistas, compramos catálogos, investimos em gravadoras. Somos uma empresa diversificada para a era moderna”, declarou. 

Ele também ressalta que a diferença entre majors e independentes está mais na estrutura de controle do que no tipo de serviço oferecido.

Perspectivas para o futuro

Ao comentar os próximos passos da empresa, Zunz afirmou que o objetivo é replicar em outras regiões o modelo já aplicado com sucesso na América Latina e nos Estados Unidos. A aposta está na combinação entre presença local, tecnologia de gestão e propostas de valor flexíveis para os criadores.

“Estamos tentando construir a gravadora do futuro: uma gravadora transparente, que possa atender criadores de todos os perfis”, disse.

Para ele, o mercado ainda está em transição e há espaço para inovação, especialmente em áreas como relacionamento direto com os fãs e monetização fora das plataformas tradicionais.

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