A volta do Oasis aos palcos não passou despercebida pelo público nem pelos números. Depois de 16 anos separados, os irmãos Liam e Noel Gallagher se reuniram para a turnê Live ’25, iniciada em Cardiff no começo de julho, e logo as paradas britânicas foram tomadas por seus discos antigos. O impacto reforça um movimento já conhecido no mercado: grandes turnês e reuniões de bandas conhecidas costumam trazer novo fôlego ao catálogo, puxando vendas, streams e atenção da imprensa.
Na última atualização do Official Albums Chart, que acompanha as paradas britânicas, o álbum “Time Flies – 1994-2009” voltou ao primeiro lugar, 15 anos após seu lançamento original. O disco reúne os 27 singles da banda lançados entre 1994 e 2009 e teve um aumento de 184,7% no consumo semanal, somando 21.015 unidades, sendo a maioria vinda de streams (20.062). Além dele, o álbum “(What’s The Story) Morning Glory?”, de 1995, subiu para o segundo lugar, e o debut “Definitely Maybe”, de 1994, ficou na quarta posição.
Catálogo em alta após shows
Os números impressionam, mas não surpreendem. Quando uma banda desse porte volta aos palcos, é comum que os fãs antigos revisitem os álbuns e novos ouvintes descubram os hits. A coletânea “Time Flies” soma agora mais de 2,19 milhões de unidades consumidas desde 2010. Já “(What’s The Story) Morning Glory?” teve alta de 197,5% na semana, com 15.733 unidades, e “Definitely Maybe” subiu 178%, com 11.421.
Entre os singles, chamou atenção a entrada de “Acquiesce” no Top 20, uma música que era lado B de “Some Might Say” e que nunca tinha figurado isoladamente nas paradas. Ela aparece agora na 17ª posição, após um crescimento de 877,8% no consumo. Clássicos como “Don’t Look Back in Anger” e “Live Forever” também voltaram, ocupando os números 18 e 19, respectivamente.
Um reencontro esperado

O reencontro dos Gallagher foi amplamente comentado porque marca o fim (pelo menos temporário) de anos de brigas públicas. Desde o fim do Oasis, em 2009, Liam e Noel seguiram carreiras solo e mantiveram uma relação turbulenta, trocando provocações pela imprensa e redes sociais. O último álbum de inéditas do grupo, “Dig Out Your Soul”, foi lançado em 2008, o que significa que parte do público atual nunca teve a chance de vê-los juntos no palco.
A Live ’25 tem 41 datas confirmadas, com shows em Manchester, Londres, Edimburgo, Dublin e passagem pela América do Norte a partir de agosto. Em Manchester, onde começaram cinco noites seguidas no Heaton Park, a cidade viu o comércio local se movimentar, com bares, lojas e até estúdios de tatuagem relatando aumento no fluxo de fãs.
O público brasileiro não ficou de fora. O Oasis tem duas datas no Morumbis, em São Paulo: 22 e 23 de novembro. Seguindo a tendência de outras cidades, os ingressos aqui também esgotaram.
Reedições e oportunidades
A banda também anunciou para outubro uma edição deluxe de “(What’s The Story) Morning Glory?”, marcando os 30 anos do álbum mais vendido da carreira. Um box set com os sete álbuns de estúdio e a coletânea de lados B “The Masterplan” será lançado em CD e vinil, mirando os colecionadores e novos ouvintes.
No streaming, os resultados também chamam atenção. Desde o show em Cardiff, o catálogo do Oasis teve crescimento de 93% nas plataformas. Esse tipo de movimento, comum em reuniões de artistas populares, gera receita além dos ingressos, impactando também em vendas físicas, produtos licenciados e uso de músicas em campanhas e mídias.
Enquanto isso, não há qualquer previsão de lançamentos inéditos dos irmãos Gallagher (o que não parece fazer falta para os fãs, ávidos por se debruçar pela discografia já lançada).
Um modelo que se repete
O caso do Oasis mostra mais uma vez como o mercado musical funciona em ciclos. O interesse renovado em álbuns antigos não acontece por acaso: envolve planejamento, ações promocionais, relançamentos e um apelo emocional que conecta diferentes gerações de fãs. Não por acaso, poucos dias antes do anúncio oficial, a banda atiçou rumores de reunião ao publicar nas redes sociais imagens misteriosas com referências à turnê.
Isso prova como as turnês comemorativas continuam sendo uma estratégia eficiente para gerar receita e manter o grupo em evidência. A volta do Oasis escancara como os shows ainda são peça-chave no faturamento do setor e aliados na geração de receitas paralelas.
- Leia mais:
- SoundCloud lança serviço de vinil sob demanda em parceria com a elasticStage
- Funk ganha espaço com novas ações culturais em São Paulo
- Exclusivo: Sandy encerra temporada de “Nesse Canto Eu Conto” com Vanessa da Mata e Ana Castela
- Oasis volta às paradas e mostra o impacto das turnês em catálogos musicais
- Dia Mundial do Rock: ciência mostra como o gênero faz bem ao cérebro, mesmo fora do topo das paradas