O Edital Petra Zuca, iniciativa criada por Marina Sena e Talita Morais para impulsionar novas vozes da música brasileira, acaba de chegar ao seu primeiro resultado concreto. O cantor e compositor Maurício Pazz lança o álbum “Afã e Fé”, selecionado na primeira edição do programa e produzido dentro da Casa da Música Brasileira – Petra Zuca, em São Paulo.
O disco representa o encontro entre a proposta de fomento do edital e o olhar artístico de um criador que atravessa ancestralidade, fé e musicalidades afro-diaspóricas. “Afã e Fé” materializa o propósito do projeto: oferecer estrutura profissional, mentoria e espaço de experimentação a artistas independentes.
A Casa da Música Brasileira e o papel do edital
A Casa da Música Brasileira – Petra Zuca foi inaugurada em 2024 como um centro voltado à criação, formação e celebração da música nacional em suas múltiplas vertentes. O edital lançado pela instituição recebeu mais de mil propostas de todo o país, confirmando a demanda por oportunidades estruturadas de desenvolvimento artístico.
“A Petra Zuca nasceu da vontade de criar um espaço de acolhimento, criação e desenvolvimento artístico. O edital Petra Zuca Audições surge como um desdobramento direto do nosso propósito, voltado especificamente para artistas que ainda estão no início da caminhada”, explicou Talita Morais.
Com curadoria artística de Marina Sena, o programa oferece aos contemplados um processo completo de fomento: mentorias, gravação, lançamento, apresentações ao vivo e conexões com profissionais do mercado. O álbum de Maurício Pazz é o primeiro fruto dessa experiência, e simboliza o início de um ciclo de novos lançamentos previstos para os próximos meses.
“Afã e Fé”: Maurício Pazz constrói ponte entre o visível e o invisível
Em “Afã e Fé”, o artista transforma o ato de criar em um exercício de plenitude e escuta. O “afã” surge como impulso para fazer com presença e entrega; a “fé” amplia-se para além das doutrinas, alcançando o campo do sensível.
“Esse é um disco que atravessa memórias, experiências e desejos de outrora e de agora, construindo e reinventando um espaço para se existir com plenitude e leveza”, diz Maurício Pazz.
As faixas percorrem influências que conectam o Brasil a países como Cuba, Cabo Verde, Mali, Angola e Jamaica, revelando uma rede sonora afro-diaspórica. O repertório abre com “Negro Movimento” e “Sobrevoar”, inspiradas na força dos movimentos negros e na imaginação como ato político. Em “Quilombaque”, o artista presta homenagem à comunidade cultural de Perus, enquanto “Espiral da Memória” reverencia mestres como Luiz Melodia, Itamar Assumpção e Pixinguinha.
Um disco coletivo e ancestral
A obra destaca o caráter coletivo da criação. O trompetista Walmir Gil, referência para o artista, participa de seis faixas. Também colaboram nomes como Rudson Daniel, Cauê Silva, Vanessa Ferreira, Fábio Leandro, Allan Abbadia e Alysson Bruno, que representam diferentes gerações da música negra brasileira.
“Cada um representa um pedaço dessa história. A força do disco está nesse encontro de gerações e nesse fazer coletivo que mantém vivas as nossas memórias”, afirma Pazz.
Entre outras faixas, “Para Bonga e Bogum” dialoga com religiosidades de matriz africana; “Sarau para Alforria” transforma o lamento em celebração da liberdade; “Gratitude” é uma oferenda aos ouvintes; e “O Tao Digital” reflete sobre a presença das musicalidades negras no mundo digital.
Encontro e partilha na Casa da Música Brasileira
No dia 10 de outubro, uma escuta especial de “Afã e Fé” reuniu convidados, profissionais da imprensa e artistas como Marina Sena na Casa da Música Brasileira – Petra Zuca. O encontro reforçou o caráter sensorial e comunitário que atravessa o álbum.
“Esse projeto da Petra Zuca é muito importante. Pensando, por exemplo, a figura da Marina Sena, uma artista com a grandeza dela, se for pensar o tipo de música que eu faço e o lugar que eu estava, em que encruzilhada haveria esse encontro? Então eu acho que esse edital é maravilhoso, porque ele convida a gente a trabalhar em rede e junto com as diferenças”, disse o artista.
A fala sintetiza o impacto pretendido pelo edital: criar pontes entre diferentes cenas, artistas e linguagens. Ao inaugurar seus resultados com um disco autoral e potente, o projeto Petra Zuca cumpre seu papel de ampliar a visibilidade e a circulação de novas vozes da música brasileira.
“Afã e Fé” já está disponível nas plataformas digitais.
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