IFPI: mercado global de música gravada cresce 4,8% em 2024, impulsionado pelo streaming

IFPI aponta crescimento pelo décimo ano consecutivo, com receita global de US$ 29,6 bilhões e avanço em todas as regiões
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Nathália Pandeló
IFPI divulga seu Global Music Report de 2025 (Crédito: Reprodução)
IFPI divulga seu Global Music Report de 2025 (Crédito: Reprodução)

O mercado global de música gravada registrou crescimento pelo décimo ano consecutivo em 2024, alcançando uma receita total de US$ 29,6 bilhões, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior. O relatório Global Music Report 2025, divulgado pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) hoje (18), destaca que todas as regiões do mundo tiveram avanço, com destaque para Oriente Médio, África e América Latina.

Os dados reforçam a importância do streaming como principal motor da expansão da indústria, com as assinaturas pagas alcançando um recorde de 752 milhões de usuários. Além disso, o crescimento regional e a ascensão do México ao top 10 dos maiores mercados musicais foram destaques da pesquisa.

Streaming ultrapassa US$ 20 bilhões pela primeira vez

O streaming segue como o formato dominante na indústria musical, representando 69% das receitas globais. Pela primeira vez, as receitas do segmento superaram US$ 20 bilhões, impulsionadas pelo crescimento de 9,5% nas assinaturas pagas.

O total de assinantes aumentou 10,6% no ano, atingindo 752 milhões de usuários globalmente. Esse resultado demonstra o fortalecimento do modelo de assinatura na indústria, mesmo diante da competição com plataformas de vídeo e redes sociais.

“O papel essencial da música em tantas partes de nossas vidas é evidenciado pelo crescimento contínuo da indústria global. O mais empolgante é que ainda há um grande potencial para desenvolvimento futuro, impulsionado pela inovação, tecnologias emergentes e investimentos tanto em artistas quanto nas áreas em evolução do ecossistema musical global”, afirmou Victoria Oakley, CEO da IFPI.

Ela continua:

“Esses avanços positivos não acontecem por acaso. Eles refletem a brilhante criatividade, visão e trabalho árduo de artistas e compositores ao redor do mundo, apoiados, em parte, pelo esforço, investimento e paixão das gravadoras e suas equipes. No caso das gravadoras, a recuperação das receitas permite que elas sejam investidores pacientes, de longo prazo e consistentes em artistas, inovação e cultura”.

Crescimento regional e mudanças nos principais mercados

IFPI revela números do mercado fonográfico por região (Crédito: Reprodução)
IFPI revela números do mercado fonográfico por região (Crédito: Reprodução)

Todas as regiões registraram crescimento em 2024, consolidando um cenário positivo para o setor. O Oriente Médio e Norte da África teve o maior avanço, com 22,8%, seguido pela África Subsaariana (22,6%) e América Latina (22,5%).

O Brasil foi um dos destaques na América Latina, com crescimento de 21,7%, consolidando-se como o mercado de crescimento mais rápido entre os dez maiores do mundo. No ranking global, os Estados Unidos mantiveram a liderança, seguidos por Japão, Reino Unido, Alemanha e China. O México entrou no top 10, ultrapassando a Austrália.

Formatos físicos em queda, mas vinil segue em alta

Embora o streaming lidere as receitas, os formatos físicos registraram um declínio de 3,1% em 2024. Esse recuo veio após um crescimento expressivo de 14,5% em 2023, indicando oscilações na demanda.

O vinil, no entanto, continua tendo resultados positivos, registrando sua 18ª alta consecutiva, com um crescimento de 4,6% na receita. Esse desempenho confirma a consolidação do vinil como um nicho relevante para colecionadores e entusiastas da música.

Direitos de execução e sincronização também avançam

IFPI revela números do mercado fonográfico global (Crédito: Reprodução)
IFPI revela números do mercado fonográfico global (Crédito: Reprodução)

Os direitos de execução pública também registraram avanço, com crescimento de 5,9% em relação ao ano anterior. As receitas do setor alcançaram US$ 2,9 bilhões, impulsionadas pelo uso de músicas em transmissões e eventos.

O segmento de sincronização, que envolve licenciamento para filmes, TV e publicidade, também apresentou crescimento de 6,4%, atingindo US$ 550 milhões. Esse resultado reforça a relevância da música no mercado audiovisual.

Inteligência artificial e desafios regulatórios

A IFPI também abordou os desafios impostos pela inteligência artificial na indústria musical. O uso de gravações protegidas por direitos autorais para treinar modelos de IA sem autorização tem sido motivo de preocupação para artistas e gravadoras.

“Uma das principais questões abordadas neste relatório é o papel da inteligência artificial na música. As gravadoras têm explorado seu potencial para aprimorar a criatividade dos artistas e desenvolver novas e empolgantes experiências para os fãs. No entanto, está claro que os desenvolvedores de sistemas de IA generativa que ‘ingerem’ músicas protegidas por direitos autorais para treinar seus modelos sem autorização dos detentores dos direitos representam uma ameaça real e imediata à arte humana. Estamos pedindo que os legisladores protejam a música e a criatividade artística. Precisamos aproveitar o potencial da IA para apoiar e amplificar a criatividade humana, e não para substituí-la”, afirmou Victoria Oakley.

Perspectivas para a indústria

A IFPI defende que o crescimento sustentado da indústria reflete investimentos de longo prazo em talentos e novas formas de engajamento com o público. As gravadoras seguem buscando inovação e proteção da propriedade intelectual para garantir a sustentabilidade do setor.

A instituição reforça a necessidade de regulação no uso da IA e de medidas para combater a manipulação de streams. O setor segue evoluindo com base na criatividade dos artistas e no investimento contínuo das gravadoras em novos formatos e mercados.

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