Guggenheim projeta expansão do streaming até 2026 com reajustes e modalidades para superfãs

Relatório da Guggenheim projeta que assinaturas de música via streaming seguirão em alta até 2026, sustentadas por reajustes e novas modalidades premium.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Plataformas de streaming - Spotify, Apple Music, IFPI
Plataformas de streaming (Crédito: Cottonbro Studio)

O mercado global de streaming de música deve continuar em expansão até 2026, de acordo com um novo relatório da consultoria Guggenheim Securities. O estudo aponta que a combinação de reajustes nos planos de assinatura e a chegada dos chamados planos de superfãs deve manter a receita em trajetória positiva, mesmo com sinais de desaceleração em mercados maduros como Estados Unidos e Reino Unido.

Os analistas destacam que, após a onda de aumentos nos preços entre 2022 e 2023, o ritmo de crescimento das receitas em 2025 diminuiu, mas segue considerado saudável. Resultados recentes divulgados por grandes gravadoras confirmaram esse cenário: o Warner Music Group e o Universal Music Group registraram crescimento de 8,5% em suas receitas de assinatura no último trimestre, enquanto a Sony Music reportou alta de 7,3% em streaming.

Crescimento de assinantes e diferenças entre serviços

Apple disponibiliza música ambiente gratuitamente no iPhone (Crédito: Reprodução)
Apple Music (Crédito: Reprodução)

Segundo a Guggenheim, o número de assinantes globais de música por streaming aumentou 11,6% no segundo trimestre de 2025. A taxa se manteve próxima ao patamar dos cinco trimestres anteriores, que variaram entre 12,0% e 12,8%. 

Os serviços que mais cresceram foram Spotify e YouTube Music, enquanto Amazon Music, Apple Music, Tencent Music Entertainment (TME), Pandora e Deezer ficaram abaixo da média.

A expectativa dos analistas é que o crescimento em assinaturas siga em dois dígitos até o fim de 2025, com projeção de 11,1% no terceiro trimestre e 10,1% no quarto. Ainda assim, há um processo gradual de desaceleração, especialmente em países já consolidados. 

Nos Estados Unidos, a receita de assinaturas cresceu 5,3% em 2024, queda em relação aos 10,6% de 2023, segundo a RIAA. O mesmo ocorreu no Reino Unido, onde o BPI registrou desaceleração de 8,1% para 5,9% no mesmo período.

Aumento de preços garante fôlego extra

Fone de ouvido áudio

Um dos fatores que deve impulsionar a receita no curto prazo é o novo aumento de preços do Spotify, anunciado em agosto para diversos mercados na Europa, Ásia-Pacífico, África, Oriente Médio e Sul da Ásia. Esse movimento, somado à renovação de contratos de licenciamento entre as majors e as plataformas, deve refletir diretamente nos números de 2026.

Para os analistas, os reajustes trazem ganhos tanto para os serviços quanto para os detentores de direitos autorais, equilibrando a menor expansão em número de usuários de streaming em países desenvolvidos.

Superfãs como novo motor de receita

Superfans / superfãs - Live Nation
Crédito: Unsplash

Outra frente de crescimento está na criação de modalidades premium voltadas para superfãs, que oferecem experiências diferenciadas em troca de mensalidades mais altas. Até agora, apenas a Tencent Music Entertainment lançou oficialmente um modelo nesse formato. O Super VIP, anunciado pela empresa chinesa, alcançou 15 milhões de assinantes até junho.

O impacto foi imediato: o valor médio por usuário (ARPU) da TME aumentou 9,3%, com crescimento de 6,3% em sua base de assinantes no segundo trimestre. Já o Spotify, sem um plano equivalente, registrou alta de 3% em ARPU no mesmo período, com expansão de 12% no número de usuários.

Durante a divulgação de resultados em julho, Alex Norström, diretor de negócios do Spotify, afirmou que a empresa está desenvolvendo “algo grandioso” para superfãs, mas ressaltou que o projeto exige tempo para alcançar os “altos padrões de valor” da plataforma.

Mercado segue dividido entre potencial e desafios

Mesmo com a desaceleração em países líderes, a consultoria vê espaço para crescimento em mercados emergentes e desenvolvidos, ainda com grande potencial de novos assinantes. A aposta em superfãs e a política de preços devem compensar eventuais quedas em ritmo de aquisição de novos clientes.

O relatório indica que, enquanto a expansão desacelera nas maiores economias, o streaming ainda tem força global para sustentar receitas em alta nos próximos anos. A indústria musical, ao que tudo indica, caminha para um equilíbrio em que qualidade da experiência e diversidade de preços se tornam fatores determinantes.

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