A “recessão da atenção” é um dos principais desafios enfrentados atualmente por profissionais de comunicação e criativos em geral. O termo define o declínio no tempo que os consumidores estão dispostos ou conseguem dedicar a qualquer tipo de conteúdo. Segundo o Google, o tempo médio de atenção caiu de 75 segundos, em 2012, para apenas 47 segundos em 2025.
Em meio a notificações, abas abertas e feeds infinitos, o Think With Google apresentou cinco estratégias para manter a relevância das mensagens diante desse cenário. Para quem atua no setor da música, as recomendações também oferecem pistas importantes sobre como se comunicar com fãs e construir comunidades digitais mais engajadas.
A seguir, veja os caminhos sugeridos pelo Google para destacar projetos criativos, produtos e ideias em meio ao ruído da era digital.
Entregue valor real
A primeira diretriz do Google é clara: o conteúdo precisa ser útil. Publicações que apenas divulgam produtos tendem a ser ignoradas rapidamente. No lugar disso, materiais que resolvem problemas, oferecem guias, tutoriais e ferramentas práticas mantêm a audiência por mais tempo. O canal de YouTube da Shopify é citado como referência. Recheado de vídeos com dicas práticas, ele se posiciona como um recurso educativo para seus usuários.
No setor musical, esse princípio pode ser aplicado por gravadoras, selos e artistas que usam seus canais para ensinar sobre o processo criativo, apresentar bastidores de turnês ou mostrar como funciona a produção de uma faixa. Quanto mais valor concreto se entrega, maior a chance de capturar o interesse em meio à dispersão digital.
Vá direto ao ponto
Ser objetivo é o segundo ponto defendido pelo Google. Conteúdos longos podem funcionar, mas precisam de aberturas impactantes que justifiquem o tempo do espectador. Para redes sociais, a recomendação é investir em pílulas: vídeos curtos, cards explicativos e pequenos resumos facilitam o consumo e aumentam a retenção.
Na música, isso pode se traduzir em trailers curtos de lançamentos, recortes de entrevistas e conteúdos adaptados para o consumo rápido em plataformas como YouTube Shorts, Instagram Reels ou TikTok. É a estética do “snack content”, que não compromete a profundidade, mas respeita o tempo da audiência.
Incentive a interação e a comunidade
O Google também reforça a importância de experiências participativas. Testes, quizzes, desafios e iniciativas que envolvam a audiência de forma ativa podem aumentar o engajamento e a lembrança de marca. A plataforma de ideias da Lego, que permite aos fãs enviar e votar em novos designs, é um exemplo citado pelo Think With Google.
No campo musical, artistas independentes e grandes nomes já exploram essa lógica com enquetes sobre repertórios, concursos criativos, fóruns de fãs e espaços interativos em plataformas de streaming. A construção de comunidade, especialmente em nichos, ajuda a sustentar a atenção em ciclos mais longos e consistentes.

Aposte no poder visual
A quarta estratégia está relacionada ao impacto das imagens e vídeos. Estudos apontam que conteúdos visuais têm muito mais chances de serem lembrados do que textos. Mas não basta usar qualquer imagem. Campanhas eficazes constroem narrativas visuais marcantes e, de preferência, emocionalmente envolventes.
Para músicos, clipes, visualizers, animações e experiências audiovisuais imersivas são caminhos para prolongar a atenção e ampliar o alcance das obras. A campanha do colchão Purple, nos Estados Unidos, é destacada como exemplo de narrativa visual eficiente. No setor fonográfico, é possível pensar em formatos similares que conectem som e imagem de forma “fora da caixa”.
Personalize sempre que possível
Por fim, o Google destaca que a personalização é uma das chaves para criar conexões. Isso inclui segmentar o público com base em dados e interesses específicos e adaptar a linguagem, as ofertas e os conteúdos a cada grupo. A marca Smartwool, voltada a esportes ao ar livre, foi mencionada por utilizar bem os segmentos de afinidade no Google Ads, exibindo anúncios sob medida para diferentes perfis.
Artistas podem adotar abordagens similares ao utilizar newsletters, anúncios personalizados e segmentações em plataformas para dialogar de maneira mais direta com superfãs, públicos regionais ou seguidores de determinados gêneros musicais.
A chamada recessão da atenção não significa o fim do engajamento, mas exige uma nova mentalidade. Menos interrupções e mais convites à interação. Ao seguir as cinco abordagens (valor, concisão, interatividade, apelo visual e personalização), profissionais do marketing, da música ou de qualquer outro setor podem transformar a disputa por atenção em uma relação mais sólida com o público.
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