Gloria Gaynor ganha cinebiografia no Lifetime e revisita marcos de sua trajetória em entrevista coletiva

Filme estreia em 28 de junho no canal e retrata desde os primeiros passos de Gloria Gaynor até o sucesso com “I Will Survive”, incluindo as dores e superações por trás do hit.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Gloria Gaynor divulga filme biográfico
Gloria Gaynor divulga filme biográfico (Crédito: Divulgação)

Aos 81 anos, Gloria Gaynor segue fazendo shows, lançando músicas inéditas e emocionando plateias mundo afora. No próximo dia 28 de junho, às 22h, a artista será homenageada com a estreia da cinebiografia “Gloria Gaynor: I Will Survive”, produção original do canal Lifetime que reconta sua história desde a infância em Newark até o reconhecimento global como um dos maiores ícones da música disco. 

O filme, estrelado por Joaquina Kalukango e com produção executiva da própria Gaynor, marca também um exemplo de uma cinebiografia autorizada lançada enquanto a protagonista ainda está viva e ativa. Trata-se de um movimento cada vez mais frequente, de Ney Matogrosso a Elton John. Durante coletiva de imprensa promovida pela Lifetime para jornalistas da América Latina e com participação do Mundo da Música, Gloria Gaynor comentou como foi ver sua trajetória retratada nas telas: 

“É catártico. Te ajuda a purgar e se liberar de sentimentos negativos sobre certas coisas que você viveu. Foi uma experiência empoderadora”. 

Ela disse ainda que se sentiu inspirada ao perceber que sua história pode ajudar outros a superar momentos difíceis. 

“Foi uma bênção ver que eu atravessei essas situações e saí do outro lado. E acho que o público também pode fazer isso.”

Produzido por Robin Roberts, apresentadora do programa Good Morning America, e dirigido por Alicia K. Harris, o longa cobre cerca de 50 anos de carreira e traz canções que marcaram época, como “Never Can Say Goodbye”, “Let Me Know (I Have a Right)” e, claro, a faixa que dá título ao filme. 

Escrita por Dino Fekaris e lançada em 1978, “I Will Survive” foi inicialmente gravada como lado B de outro single, mas logo se impôs nas pistas de dança. No filme, essa reviravolta é retratada como ponto de virada na vida da artista, que enfrentava dificuldades pessoais e uma recuperação delicada após uma cirurgia na coluna. A música, que fala sobre resiliência após o fim de um relacionamento, tornou-se um hino atemporal de superação.

Bastidores e passagens pouco conhecidas

O longa apresenta detalhes do relacionamento conturbado entre Gloria Gaynor e seu então marido e empresário, Linwood Simon, interpretado por Lance Gross. Segundo a artista, foi desafiador decidir o que incluir na trama:

“Não dá pra contar toda a vida de uma pessoa em uma hora e meia. Mas quis que minha fé estivesse presente, porque é o que me sustentou. A música me anima, mas nada me anima tanto quanto minha fé em Jesus Cristo.”

Essa dimensão espiritual se torna mais evidente a partir da virada de sua carreira nos anos 2000, quando Gloria abraça a música gospel e começa um novo capítulo artístico. Essa guinada é representada no filme com o apoio de Stephanie Gold, nova empresária e amiga pessoal da cantora. Foi nesse período que ela lançou o álbum “Testimony”, vencedor do Grammy de Melhor Álbum de Gospel de Raízes em 2020.

A produção também mostra momentos marcantes da vida da artista fora dos holofotes, como a perda da irmã Irma em 1995 e o fim de seu casamento em 2005, quando Gloria finalmente se divorcia de Simon após anos de desgaste emocional e profissional. Apesar do tom emotivo, a narrativa enfatiza sua força e capacidade de reconstrução.

Legado e conexões de Gloria Gaynor com o público

Gloria Gaynor em entrevista coletiva
Gloria Gaynor em entrevista coletiva

Ao ser questionada sobre o impacto contínuo de “I Will Survive”, Gaynor afirmou que a canção representa uma missão cumprida. 

“Quando a gente canta algo que levanta o ânimo das pessoas, sente que está fazendo o que devia. Me sinto lisonjeada quando outros artistas gravam essa música. Isso também é um reconhecimento para os compositores.”

A lista de intérpretes inclui nomes como Selena Quintanilla e Celia Cruz, cujas versões reforçaram o alcance da faixa em diferentes públicos e línguas. A estreia do filme ocorre no mês do orgulho LGBTQIA+, e embora Gloria diga que não teve envolvimento com a escolha da data, reconhece a importância da comunidade em sua trajetória: 

“Fico muito feliz que minha música seja uma forma de empoderamento. Todos merecem se sentir amados e apoiados.”

Além da conexão com diferentes públicos, Gloria se mostrou especialmente emocionada ao falar sobre suas memórias com a América do Sul. 

“Nunca vou esquecer quando cantei em Viña del Mar. Olhei pela janela do hotel e tinha uma multidão gritando meu nome. Foi inesquecível.” 

Ela também relembrou sua relação com o Brasil: 

“Sou sempre muito bem recebida. Quando me apresentei no Rock in Rio, senti tanto amor. Sempre estou disposta a voltar.”

Carreira ativa e novos lançamentos

A artista segue em atividade. Em junho de 2025, ela lançou o EP “Happy Tears”, com faixas inéditas como “Fida Known” e “When I See You”. Segundo Gaynor, a canção “Fida Known” representa uma continuação espiritual de “I Will Survive”: 

“Ela ajuda a lembrar tudo que você já superou, mesmo quando duvida da sua força no presente.”

Gloria também mantém uma agenda de shows ao redor do mundo. Em 2025, ela tem apresentações previstas em países como Grécia, Turquia, Espanha, Inglaterra, Suíça e Itália. Ao ser perguntada sobre os próximos passos, foi direta: 

“Minha carreira continua. Estou sempre me apresentando em diferentes partes do mundo.”

A produção da Lifetime reforça a mensagem que a própria artista vem sustentando há quase cinco décadas: sobreviver é possível, e seguir em frente, também. Ao transformar perdas, quedas e recomeços em música e inspiração, Gloria Gaynor reafirma o que canta desde 1978. Mais do que um refrão marcante, I Will Survive é a realidade de quem construiu uma carreira longeva, enfrentou seus fantasmas e continua, aos 81 anos, decidida a viver (e cantar) com força e propósito.

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