O cantor, compositor e diretor artístico Fióti se apresentou no último domingo, 31 de agosto, na 39ª edição do Festival SummerStage, no Central Park, em Nova York. O show, intitulado “Adupé, honra ancestral”, marcou o anúncio de uma nova fase em sua trajetória, em que o artista passa a adotar o nome Evandro Okàn.
O nome une dois significados. Evandro, escolhido por sua mãe, Dona Jacira, significa “homem bom”. Já Okàn, do iorubá, significa “coração”. A junção dos termos resulta em “homem de coração bom”, simbolizando o desejo do artista de se reconectar com sua essência e ancestralidade, além de homenagear o legado materno após o falecimento de Jacira, no final de julho.
A reflexão por trás do novo nome
Em seu discurso, Evandro destacou que a mudança surgiu de um processo de autoconhecimento e de um resgate profundo da própria história.
“Essa mudança para Okàn veio após uma reflexão profunda sobre quem sou, quando minha mãe revelou o significado do meu nome, que vem do grego, ela afirmou a mim que sabia do meu caráter e do meu coração, isto me emocionou, por isso busco agora afirmar essa nova marca, mas uma conexão profunda com minha essência e olhando profundamente para minha ancestralidade”, explica.
Ele continua:
“Representa um olhar mais afetuoso para o que eu quero transmitir através da minha arte. Sempre me norteei pela minha consciência, valores, e emoções e não mudarei meu jeito de ser em virtude dos estereótipos que buscam limitar pessoas negras e homens negros a estigmas sociais e violentas. Minha sensibilidade e vulnerabilidade são minhas potências e seguirei honrando o legado de meus ancestrais”, completou Evandro.
O espetáculo apresentado no SummerStage foi inspirado na espiritualidade negra, com referências aos Orixás Iansã, Ogum e Obaluaê. A proposta artística celebrou a diáspora musical por meio de fusões entre MPB, funk e soul, evocando nomes como Sam Cooke, Marvin Gaye e bell hooks. A criação partiu da filosofia Sankofa, que reforça a importância de olhar para o passado para compreender o presente e projetar o futuro.
Novas músicas e homenagem à mãe

Durante a performance, Evandro revelou dois singles inéditos que farão parte do próximo álbum, previsto para o verão de 2026. Entre eles está “Se Acolhe”, que traz a última gravação de Dona Jacira em vida. A canção foi recebida com emoção pelo público, que acompanhou a homenagem ao papel central da mãe na construção de sua identidade artística.
A apresentação contou com a direção criativa, artística e de produção do próprio artista, ao lado de Damien Seth, responsável também pelos arranjos e produção musical. A equipe incluiu nomes como Tatiana Dascal na gestão, além dos músicos Thiago Dom, Fernando Firmino, Flavio Silva e Fernando Saci.
O fim da parceria com Emicida e a nova fase
O anúncio de Evandro Okàn acontece meses após o fim da parceria com o irmão Emicida na produtora e selo Laboratório Fantasma. A separação foi oficializada em março de 2025, após 16 anos de atuação conjunta.
Em 28 de março, Emicida anunciou que a empresa não representava mais seus interesses, marcando o encerramento de um ciclo. O rompimento veio acompanhado de uma disputa judicial, em que o rapper acusou o irmão de desviar R$ 6 milhões da produtora. Evandro negou as acusações e afirmou que as movimentações diziam respeito a retiradas de lucros previstas em acordo assinado por ambos em dezembro de 2024.
Com o desfecho da sociedade, Evandro declarou que passaria a focar em sua carreira musical, além de atuar em consultoria estratégica para artistas. O espetáculo em Nova York e a mudança de nome consolidam esse novo caminho, centrado em sua expressão artística e na afirmação de suas raízes.
O palco internacional
A participação no SummerStage reforça a projeção internacional da nova fase de Evandro Okàn. O festival, considerado um dos principais eventos de música ao ar livre dos Estados Unidos, reuniu em sua 39ª temporada cerca de 70 apresentações em 13 parques de Nova York.
O show “Adupé, honra ancestral” apresentou ao público norte-americano um recorte da produção artística de Evandro, em diálogo com referências globais da música negra, mas ancorado em sua vivência pessoal e familiar.
Com a fusão de ritmos, a homenagem à mãe e a redefinição de sua identidade artística, Evandro Okàn inaugura um novo capítulo, marcado por autonomia e memória.
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