Ninguém duvida que os shows e festivais voltaram com força total no Brasil, mas o cenário atual está longe de ser simples. O novo report da Nozy Content Agency, produzido em parceria com a Super Sounds® e o Mapa dos Festivais®, revela que o mercado da música ao vivo vive uma fase de expansão, embora marcada por novos desafios. A pesquisa mostra um público mais exigente, marcas em busca de relevância e produtores tentando equilibrar custos e experiências.
O levantamento, intitulado “Report No.6 – Festivals, Tours & Music Events: Where Culture Resonates”, reuniu respostas de 1.617 pessoas conectadas à cena musical, além de entrevistas com 13 players do mercado e representantes de marcas como McDonald’s, Budweiser e Porto Seguro. O objetivo foi entender o que mudou na relação entre público, eventos e marcas após a retomada dos grandes encontros.
Crescimento e descentralização do mercado de shows, eventos e festivais

O estudo mostra que o Brasil teve 364 festivais em 2024, um aumento de 20% em relação a 2023. A retomada se espalhou pelo mapa: o Norte foi a região com maior crescimento, com alta de 155%, seguido pelo Centro-Oeste (60%), Nordeste (22%), Sudeste (14,6%) e Sul (5%). Entre os estados, São Paulo lidera com 98 festivais, seguido por Rio de Janeiro (46), Minas Gerais (40), Bahia (24) e Pernambuco (19).
Segundo Juli Baldi, diretora do Mapa dos Festivais, a previsão é que 2025 feche com cerca de 400 eventos mapeados, o que indica estabilidade e redução no número de cancelamentos. O dado reflete uma descentralização gradual e o fortalecimento de novos polos culturais em todas as regiões do país.
O avanço dos eventos de médio porte
Mais de 80% dos festivais brasileiros são de micro, pequeno ou médio porte. Embora os gigantes como Lollapalooza e Rock in Rio continuem dominando a visibilidade, são os eventos menores que sustentam a cena de forma mais distribuída, movimentando economias locais e revelando artistas regionais.
Para 36% dos produtores entrevistados, os festivais de médio porte oferecem o melhor equilíbrio entre viabilidade financeira, curadoria e experiência do público. Eles exigem menos estrutura, permitem um contato mais próximo com o artista e criam um sentimento de pertencimento difícil de alcançar em megaeventos.
Um público mais atento e exigente

Os dados apontam uma mudança de comportamento. O público não quer só os shows: quer conforto, organização e experiências completas. Metade dos entrevistados cita o preço do ingresso como o principal obstáculo, e 51% dizem que infraestrutura e conforto são fatores decisivos para comparecer a um evento.
O ticket médio, que foi de R$ 432 no primeiro semestre de 2024, caiu para R$ 406,08 em 2025. Ainda assim, o custo segue alto para quem mais sustenta o mercado: o público entre 26 e 35 anos, faixa etária que concentra o maior poder de compra e frequência em festivais.
A Nozy também destaca o aumento da valorização de áreas de descanso, hidratação e bem-estar, especialmente entre jovens adultos. Esse comportamento tem impulsionado festivais diurnos e híbridos, que combinam música, gastronomia, arte e experiências sensoriais.
Custos altos e o papel das marcas
Do lado dos bastidores dos shows, 71% dos produtores apontam o aumento de custos de produção como o maior desafio para viabilizar um festival. A captação de patrocínios e a logística aparecem logo em seguida na lista de dificuldades. Ainda assim, 79% afirmam que a principal motivação continua sendo criar projetos autorais e inovadores, mesmo com margens menores.
As marcas também precisaram se adaptar. O report mostra que presença sem propósito já não funciona. As ativações precisam ser criativas e integradas ao festival. A Budweiser Zero, por exemplo, transformou o trem expresso que levava o público até o Lollapalooza Brasil 2025 em palco para um set do DJ Mochakk, enquanto o McDonald’s criou a “MéquiLand” dentro do evento. Essas ações se tornaram parte da experiência, não apenas publicidade.
Diversidade sonora e novos hábitos

A pesquisa revela que quase metade dos festivais brasileiros é multigênero, reunindo artistas de pop, rap, samba, pagode e funk no mesmo line-up. Esse modelo amplia o público e reduz riscos financeiros. O pop lidera como gênero favorito para apresentações ao vivo (68%), seguido por MPB (52%) e rock (35%).
Os artistas com shows mais presentes nos line-ups entre 2024 e 2025 incluem Menos é Mais, Sorriso Maroto, BK, Ana Castela, Ludmilla, Os Garotin e Wesley Safadão. O estudo aponta ainda a força das redes sociais na construção dessa conexão: 98% do público acompanha festivais pelo Instagram, e o TikTok é a principal fonte de descoberta entre os mais jovens.
Com mais gente atenta à experiência e mais custos em jogo, o mercado de shows e festivais no Brasil entra em uma nova fase. O crescimento continua, mas sustentado por formatos menores, público mais consciente e marcas que entendem o valor da autenticidade.
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