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Entrevista: Roberta Medina destaca a importância de ter 63% de mulheres na equipe do Rock in Rio

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Redação

Elas fazem toda a magia da Cidade do Rock acontecer! Mais de 60% de toda equipe do Rock in Rio brasileiro é composta por mulheres. Além disso, entre as posições de liderança, elas também se destacam, ocupando 65% destes cargos. No mês em que é comemorado o Dia da Mulher, o POPline.Biz é Mundo da Música bateu um papo com Roberta Medina, VP Executiva do festival, para falar sobre mudanças do mercado do entretenimento, liderança e empoderamento feminino.

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Há muitos questionamentos sobre as ações pontuais desenvolvidas em datas comemorativas como esta por grandes empresas e marcas que, não necessariamente colocam em prática a equidade dentro das suas estruturas. Por isso, entender o olhar de uma mulher atuante na cena, que está a frente de um dos mais importantes festivais do país, que vivencia na rotina a falta de equidade no mercado do entretenimento, foi um dos motivadores para essa entrevista.

Roberta não é apenas mais uma executiva, ou mais uma liderança dentro de uma grande empresa. Ela é porta-voz de milhares de vozes que buscam se colocar no mercado da música. Ela é uma das referências de profissionalismo do país, e mais do que isso, ela é inspiração muitas outras mulheres.

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Foto: Divulgação

Questionada sobre os avanços do mercado em prol da equidade de gênero nos últimos anos,  Roberta acredita que há uma evolução em curso. “Mais do que nunca debate-se e vemos que as pessoas estão com um olhar mais voltado para a diversidade, equidade de gênero e empoderamento. Uma equipe que é formada por pessoas que tenham vivências distintas agrega muito nos resultados, já que olhares diferentes sobre determinado projeto ou ação são capazes de trazer um produto final de alta qualidade”, diz a executiva.

“A abertura de olhar está trazendo e vai trazer ainda mais resultados rapidamente para o mercado, não só da música e do entretenimento. Mas é preciso incentivar e investir na participação e na formação das mulheres (e da diversidade em geral) em toda a cadeia produtiva, da produção, composição, técnicos, músicos, cantoras, só assim poderemos ver resultados concretos no cenário musical de forma geral”, revela.

E continua: “Estamos em 2022, estes temas precisam estar inseridos na cultura das empresas e se ainda não estiverem, é preciso começar”.

Para ela, há diversas formas de inserir iniciativas que englobam a diversidade, a inclusão e o empoderamento feminino, não apenas em uma data, mas ao longo do ano. “No que cabe às mulheres, no Rock in Rio o quadro de funcionários é majoritariamente feminino, 63%. Além disso, 65% dos cargos de liderança são preenchido por mulheres“.

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A equipe do Rock in Rio Brasil é formada 63% por mulheres | Foto: Divulgação

Como parte do Grupo Dreamers, o Rock in Rio participa do comitê de Diversidade que trabalha a questão de inclusão feminina sob diversas óticas: do crescimento da liderança feminina a inclusão da mulher negra e/ou LGBTQIA+ no mercado de trabalho. Além do debate latente sobre políticas de apoio as mulheres que são mães, e muitas outras. “Nosso olhar é mais amplo, não é tratar apenas a questão do gênero, mas o olhar plural, que reconhece valor e potencia na integração das diferenças, sejam elas de gênero, raça, idade, culturas e tudo mais”, conta.

Brasil X Mundo: como o país está posicionado nesta questão?

Com olhar da sua vivência no exterior, Roberta é otimista ao falar sobre como enxerga o Brasil nessa evolução em prol da equidade de gêneros no mercado da música. “O Brasil tem hoje uma vantagem, debate-se abertamente e intensamente o tema da diversidade o que está abrindo a cabeça e o olhar de toda a sociedade para uma visão de mundo mais plural”, comenta.

O que ainda falta é o debate virar ação na esfera legislativa e judicial. O que estamos fazendo no Rock in Rio é dar voz a este debate para todos aprendermos juntos. O Rock in Rio enquanto evento sempre foi plural, o nosso desafio está em fazer com que o núcleo da organização também o seja – novamente, no que cabe às mulheres já  é, o que queremos é mais pluralidade no geral”, completa.

Ela revela que para tornar isso realidade, tem feito, em conjunto com o Grupo Dreamers, formações, palestras e outras iniciativas internamente e que promove pesquisas ao longo dos dias de evento para ter um retrato real e atual da diversidade dentre as 25 pessoas que fazer do festival uma realidade e, a partir daí, identificar se novas e diferentes ações são necessárias.

“Enquanto isso vamos alimentando e participando do debate publico ativamente. No Dia Internacional das Mulheres fizemos o anúncio do chamado ‘Dia Delas’, em 11 de setembro, em que teremos pela primeira vez um dia do festival no Brasil com um line-up formado somente por mulheres em quatro dos seus principais palcos: Mundo, Sunset, New Dance Order e Espaço Favela. O que já tínhamos feito no Rock in Rio Lisboa um dia no Palco Mundo, em 2018, com Katy Perry, Jessie J, Ivete Sangalo e Hailee Steinfeld”, revela.

Desafios de estar à frente do Rock in Rio

Questionada se ela acredita que é mais cobrada, questionada sobre suas decisões ou que precisa provar a sua competência mais fortemente por ser mulher, Roberta revela que não se vê prejudicada em nada por ser mulher muito pela criação que teve. “Mais difícil terá sido o papel de filha, esse sim trás enormes desafios. Mas isso tem muito a ver com a educação que tive em casa que, apesar de ter regras diferentes dos meus irmãos, na hora de ter opinião, de entrar no mercado de trabalho e assumir responsabilidades isso nunca foi uma questão”.

“O que certamente terá me ajudado foi ter sido verdadeiramente empoderada pelo meu pai [o empresário Roberto Medina, o criador do Rock in Rio] a liderar o Rock in Rio desde muito cedo, então se alguém tinha algum preconceito tinha que ir para casa, resolver e voltar para falar comigo mesma. Grande parte do preconceito está enraizado dentro de nós, se conseguirmos silenciar estes medos e receios passamos a ter a potencia do feminino a nosso favor, e é imbatível!”, revela.

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Roberto e Roberta Medina | Foto: Mark Von Holden/FilmMagic

Rock in Rio Por Um Mundo Melhor

Por falar em educação, dentro do Rock in Rio é possível encontrar diversas vertentes que não são só a música, que vai desde ações socioambientais até uma coisa mais educacional, como foi o Humanorama – que tem potencial de ser esse elo para promover debates e mudanças no mercado. Questionada se ela acredita que esse seja um bom caminho para explorar ideias, provocar mudanças e oportunidades inovadoras do mercado, Roberta relembra os ensinamentos do avô, o empresário Abraham Medina.

“Vivemos ativamente um olhar que meu avô partilhava e que deixou semeado dentro de cada um de nós: a certeza de que ‘para nós estarmos bem o outro também tem que estar bem’. É neste olhar que nasce o Rock in Rio, motivado pela vontade de dar voz a uma população que buscava por liberdade de expressão há tanto tempo e também buscando trazer impacto econômico para o Rio de Janeiro através da promoção internacional e do turismo”.

Ela relembra que em 2001 o festival trouxe essa motivação para a marca passando a chama-lo de “Rock in Rio Por Um Mundo Melhor” e assumindo o papel de porta-voz e agente mobilizador. “Em 2013 fomos o primeiro grande evento de música do mundo a ser certificado pela ISO20121 dos eventos sustentáveis. Em 2019 implementamos a Lexu (unidade de learning experience do festival) e em 2022 nasce o Humanorama, na certeza de que a educação e a criação de comunidades que acreditam no mesmo é a melhor forma de semear e acelerar as mudanças que desejamos ver no mundo”, destaca.

O Humanorama foi um sucesso e já está confirmada a edição de 2022. No ano passado foram quatro dias de evento totalmente digital, que colocou em pauta assuntos relevantes para que as pessoas refletissem sobre as suas atitudes e quais mudanças poderiam fazer para a construção de um mundo melhor.

“Acho que estamos em um momento em que parar para escutar o próximo é muito importante, por isso resolvemos realizar este evento promovendo o diálogo, fomentando novas ideias e fornecendo ferramentas e insights que podem gerar um impacto significativo na sociedade, começando pelo próprio desenvolvimento de cada um”, finaliza Roberta.