Ecad afirma que Florianópolis lidera a inadimplência com direitos autorais em Santa Catarina

Florianópolis aparece no topo da lista de inadimplência no estado, com dívida milionária em direitos autorais de música.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Florianópolis
Florianópolis (Crédito: Oscar Fava)

A inadimplência com direitos autorais de execução pública musical voltou ao debate em Santa Catarina após um novo levantamento do Ecad mostrar que Florianópolis concentra a maior dívida entre os municípios do estado. Segundo os dados divulgados pelo órgão, a prefeitura da capital acumula mais de R$ 18,2 milhões em valores referentes ao uso de música em eventos públicos, transmissões e demais atividades que exigem licenciamento prévio pela Lei dos Direitos Autorais (9.610/98).

O tema ganha destaque neste período, quando Florianópolis se prepara para as festas de fim de ano. A cidade costuma atrair um grande fluxo de turistas e promover celebrações públicas com música ao vivo, DJ sets e eventos patrocinados. O uso de obras musicais em qualquer ambiente público, ainda que gratuito, exige autorização prévia para garantir que compositores, intérpretes e demais titulares recebam os valores devidos.

Além de Florianópolis, outros municípios catarinenses apresentam pendências com o Ecad. Entre os destaques estão Laguna, com R$ 1,3 milhão; São José, com R$ 766 mil; Balneário Rincão, com R$ 709 mil; Cocal do Sul, com R$ 640 mil; e Imbituba, com R$ 627 mil. As cifras mostram que o estado ainda enfrenta desafios para regularizar o pagamento integral pela execução pública musical.

No anúncio do levantamento, o gerente regional do Ecad responsável por Santa Catarina, Augusto Freitas, reforçou que o pagamento é uma obrigação legal e destacou a relevância das cidades turísticas no cenário de fim de ano. Ele afirmou: 

“É fundamental que os gestores públicos compreendam que o pagamento dos direitos autorais é uma obrigação legal e uma forma de respeitar quem vive da música. Em cidades turísticas como Florianópolis, onde os eventos de fim de ano movimentam o setor cultural, essa conscientização é ainda mais necessária”.

Municípios adimplentes e o impacto para o setor cultural

Ecad

O Ecad também evidenciou cidades catarinenses que estão em dia com os pagamentos e adotam práticas de respeito aos direitos dos criadores. Entre elas estão Balneário Arroio do Silva, Balneário Camboriú, Fraiburgo, Jaraguá do Sul, Treze Tílias, Concórdia e Itapoá. Essas localidades, segundo o levantamento, mantêm o licenciamento atualizado e garantem que o uso de música nos espaços públicos gere remuneração para quem cria e produz obras musicais.

Esses exemplos ajudam a evidenciar que o pagamento regular dos direitos autorais pode coexistir com agendas culturais ativas, festivais regionais e eventos turísticos, desde que os municípios adotem processos de licenciamento e diálogo contínuo com o Ecad. A estrutura de arrecadação permite que o valor retorne aos titulares das obras, fortalecendo a cadeia produtiva e incentivando a criação artística.

Ao publicar os novos dados, o Ecad pontuou a importância de reconhecer os municípios que cumprem a legislação. 

“Destacar os bons exemplos e os municípios que cumprem a legislação é importante para reforçar que o pagamento dos direitos autorais garante a remuneração de milhares de compositores e artistas”, completou Augusto Freitas.

Arrecadação em Florianópolis e no estado e ações de conscientização

Em 2024, Santa Catarina arrecadou mais de R$ 45,6 milhões em direitos autorais pela execução pública de música. O volume representa aproximadamente 13% de crescimento em comparação ao ano anterior. O estado ocupa a 6ª posição no ranking nacional de arrecadação. A capital Florianópolis teve uma participação considerável nesse resultado, com 21% do total arrecadado no ano.

O Ecad informou que deverá intensificar o trabalho de conscientização no estado nas próximas semanas, especialmente pela proximidade das festas de réveillon. As ações incluem encontros com gestores públicos, orientação sobre processos de licenciamento e reforço sobre a responsabilidade dos municípios na gestão do uso de obras musicais durante eventos oficiais.

A movimentação acontece em um momento em que as cidades organizam celebrações de grande porte, como shows, apresentações culturais e atrações turísticas, o que naturalmente aumenta o volume de música utilizada em espaços públicos. A regularização dos pagamentos garante que compositores e artistas recebam pelos usos das obras, mantendo o fluxo de remuneração dentro da indústria musical.

As iniciativas de comunicação do Ecad têm como objetivo melhorar a compreensão sobre como funciona a arrecadação e distribuição, além de reforçar que a legalidade deve ser uma preocupação central de municípios que utilizam música como parte de suas ações culturais e turísticas.

A expectativa do órgão é que o diálogo com as prefeituras catarinenses contribua para reduzir a inadimplência e oferecer mais previsibilidade a quem cria e trabalha na cadeia musical. Para os profissionais do setor, a regularização permite que a música continue sendo um elemento central das festas de fim de ano, sem prejuízos aos titulares das obras.

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