Estudo da Duetti revela quais plataformas pagam melhor (e pior) os artistas independentes

Relatório revela que 1.000 streams renderam, em média, US$ 3,41. Amazon Music pagou mais e Spotify entregou um dos menores valores entre as plataformas.
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Nathália Pandeló
Plataformas de streaming - Spotify, Apple Music
Plataformas de streaming (Crédito: Cottonbro Studio)

Depois de anos de queda, o valor médio pago por stream parece estar se estabilizando para artistas independentes. Em 2024, cada 1.000 streams geraram, em média, US$ 3,41, uma redução inferior a 2% em relação ao ano anterior. O levantamento, feito pela Duetti, analisou dados globais de pagamentos em diversas plataformas de streaming, incluindo Spotify, YouTube, Apple Music e Amazon Music.

A pesquisa aponta que essa estabilidade é resultado do aumento dos preços das assinaturas e da mudança na distribuição das receitas entre as plataformas. O YouTube, por exemplo, ampliou sua participação na remuneração de artistas independentes, enquanto o Spotify continua com valores reduzidos por reprodução, influenciado por fatores como planos gratuitos, alcance global e adesão ao Discovery Mode.

Diferenças entre plataformas seguem influenciando ganhos

O relatório detalha as disparidades entre serviços de streaming, mostrando que algumas plataformas oferecem remuneração significativamente maior por 1.000 streams. O Amazon Music lidera com US$ 8,80, impulsionado pelo vínculo com o Prime, que mantém assinaturas pagas em alta. Já o Apple Music paga US$ 6,20, beneficiado por sua presença em mercados onde a adesão ao plano pago é predominante.

O YouTube registrou crescimento nos pagamentos, chegando a US$ 4,80 por 1.000 streams, reflexo da expansão dos programas de assinatura. O Spotify, por sua vez, manteve um dos menores valores, com US$ 3,00, influenciado pelo alto volume de consumo e pela forte dependência de planos gratuitos e com desconto.

YouTube avança em gêneros específicos

YouTube na tela de um celular
(Crédito: Free Stocks)

Outro ponto levantado pelo estudo é a mudança no consumo de determinados gêneros musicais. O YouTube registrou um crescimento significativo em nichos como música eletrônica e dance, ampliando sua participação no total de receitas desses estilos em 17 pontos percentuais em 2024. O Spotify, que até então dominava essa área, perdeu espaço na mesma proporção.

Apesar disso, o Spotify ainda é a principal fonte de receita para muitos artistas, especialmente em gêneros com forte presença nas playlists editoriais. No entanto, a rápida transformação nos hábitos de consumo pode mudar esse cenário nos próximos anos, pressionando a plataforma a rever suas estratégias.

Viralidade no TikTok não garante royalties maiores

TikTok

O estudo também analisou o impacto da viralidade no TikTok sobre a remuneração dos artistas. Apesar de a plataforma ser um importante meio de promoção, apenas 15% das músicas que viralizam apresentam crescimento expressivo em streams nas principais plataformas de áudio.

O levantamento aponta que não há um padrão claro de gênero musical para o sucesso pós-TikTok. Entre os artistas que conseguiram converter viralidade em receita sustentável, há nomes de gêneros como hip hop, gospel e música latina. Esse dado reforça que o TikTok pode ampliar a exposição de uma faixa, mas não necessariamente se traduz em ganhos recorrentes.

Gêneros de nicho apresentam melhor retorno por streaming

Os gêneros considerados de nicho apresentam uma remuneração por streaming superior à de estilos mais populares. Enquanto pop, rap e hip hop pagam, em média, US$ 3,20 por 1.000 streams, estilos como goth punk, phonk e hyperpop chegam a US$ 3,50.

Entre os fatores que explicam essa diferença está a menor adesão ao Discovery Mode no Spotify e a presença maior de ouvintes pagantes nesses estilos, o que melhora a média de remuneração. Além disso, os fãs desses gêneros costumam consumir faixas repetidamente, contribuindo para um volume de streams mais constante ao longo do tempo.

Spotify rebate críticas sobre pagamentos

Catálogo musical Spotify, playlists

Diante dos números apresentados pela pesquisa, o Spotify contestou a metodologia do estudo. À Billboard, a empresa afirmou que não adota um modelo de pagamento fixo por reprodução, pois isso poderia desestimular o engajamento dos usuários. A plataforma defende que seu foco é aumentar o tempo de permanência dos ouvintes, o que, segundo ela, resulta em maiores pagamentos totais para artistas e gravadoras.

Ao Music Ally, o Spotify classificou as alegações como “ridículas e infundadas”. Além de contestar os números apresentados pela Duetti, o Spotify rejeitou a premissa do estudo, alegando que a metodologia usada está desalinhada com a realidade do setor. A empresa reconheceu que o Discovery Mode impacta os ganhos por reprodução, mas destacou que os próprios artistas e selos escolhem aderir ao programa.

A empresa também destacou que, em 2024, distribuiu US$ 10 bilhões em royalties para detentores de direitos musicais, um valor recorde. No entanto, o modelo de negócios da plataforma segue sendo questionado, especialmente por artistas independentes, que buscam formas de melhorar sua remuneração.

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