A Deezer anunciou o lançamento de uma ferramenta de detecção de conteúdo gerado por inteligência artificial. A tecnologia, em desenvolvimento há um ano, já identificou que cerca de 10 mil faixas lançadas diariamente na plataforma são totalmente produzidas por IA, o que representa aproximadamente 10% do conteúdo enviado. A iniciativa visa aumentar a transparência para os ouvintes e proteger os direitos autorais de artistas e compositores.
Segundo a empresa, a ferramenta é capaz de detectar músicas criadas por modelos generativos como Suno e Udio, com a possibilidade de expandir para outros sistemas. Além disso, a Deezer já solicitou duas patentes para proteger a tecnologia, que promete ser mais robusta do que as soluções disponíveis atualmente.
Como a ferramenta de detecção de IA da Deezer funciona
A nova tecnologia foi projetada para identificar músicas geradas por IA sem a necessidade de treinamento em conjuntos de dados específicos. Isso significa que a ferramenta pode detectar conteúdo sintético mesmo quando exposta a novos modelos generativos, algo que outras soluções do mercado ainda não conseguem fazer de forma eficiente.
Aurelien Herault, chefe de Inovação da Deezer, comemorou:
“Nosso objetivo era criar a melhor ferramenta de detecção de IA do mercado, e fizemos progressos significativos em apenas um ano”.
Ele destacou que a tecnologia atual disponível no mercado depende de treinamento em dados específicos, o que limita sua eficácia. Já a solução da Deezer foi desenvolvida para ser mais generalista, podendo ser aplicada a diversos modelos generativos.
Impacto das músicas geradas por IA na indústria
A presença de músicas geradas por IA em plataformas de streaming não é apenas uma questão técnica, mas também um desafio para a indústria musical. Essas faixas, embora muitas vezes não sejam reproduzidas, podem diluir o catálogo das plataformas e até mesmo ser usadas para atividades fraudulentas, como manipulação de royalties.
Além disso, a proliferação de conteúdo sintético pode prejudicar a descoberta de artistas legítimos, já que as recomendações algorítmicas podem acabar priorizando faixas geradas por IA. Para combater isso, a Deezer planeja implementar um sistema de marcação que identifique claramente o conteúdo gerado por IA e o exclua das recomendações editoriais e algorítmicas.
Próximos passos para a Deezer
A empresa não pretende parar por aí. Um dos próximos objetivos é aprimorar a ferramenta para detectar deepfakes de voz, um problema crescente na indústria musical. A iniciativa faz parte de um esforço maior da Deezer para promover transparência e justiça no ecossistema da música.
Vale lembrar que, em outubro de 2024, a Deezer foi a primeira plataforma de streaming a assinar uma declaração global contra o uso não licenciado de obras criativas para treinamento de IA generativa. A empresa reforça que, embora a IA tenha potencial para impactar positivamente a criação e o consumo de música, seu uso deve ser guiado por responsabilidade e cuidado.
O desafio da IA para a indústria musical
A Deezer não está sozinha nessa batalha. Um estudo recente da CISAC e da PMP Strategy, com participação de players-chave da indústria, incluindo a própria Deezer, apontou que cerca de 25% da receita dos criadores pode estar em risco até 2028 devido ao avanço da IA. Esse cenário é um desafio para o setor, que precisa encontrar formas de equilibrar inovação e proteção aos direitos autorais.
A importância do tema para a indústria é conhecida pelo CEO da Deezer, Alexis Lanternier:
“À medida que a inteligência artificial continua a impactar cada vez mais o ecossistema musical, com uma quantidade crescente de conteúdo gerado por IA inundando plataformas de streaming como a Deezer, estamos orgulhosos de ter desenvolvido uma ferramenta de ponta que aumentará a transparência tanto para criadores quanto para fãs. A IA generativa tem o potencial de impactar positivamente a criação e o consumo de música, mas seu uso deve ser orientado por responsabilidade e cuidado para proteger os direitos e a receita dos artistas e compositores. No futuro, nosso objetivo é desenvolver um sistema de marcação para conteúdo totalmente gerado por IA e excluí-lo das recomendações algorítmicas e editoriais”.