BMG atinge receita recorde em 2024 com crescimento digital e investimentos em catálogos

Empresa controlada pela Bertelsmann, BMG supera R$ 6 bilhões em receita anual, impulsionada por aquisições e sucessos como Bruno Mars.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Lucro da BMG em 2024 (Crédito: Reprodução)
Lucro da BMG em 2024 (Crédito: Reprodução)

A BMG, uma das principais empresas de música e editoras do mundo, encerrou 2024 com resultados financeiros expressivos, consolidando sua estratégia de crescimento orgânico e investimentos agressivos em catálogos. Controlada pelo grupo alemão Bertelsmann, a empresa registrou receitas de R$ 5,9 bilhões (equivalente a € 963 milhões), um aumento de 6,4% em relação ao ano anterior. O lucro operacional ajustado (EBITDA) atingiu o recorde de R$ 1,6 bilhão (€ 265 milhões), com margem de 27,5%, a mais alta da sua história.

Os números refletem um ano de forte desempenho no mercado digital, que respondeu por 68% da receita total, além de investimentos estratégicos em aquisições de catálogos e parcerias com artistas consagrados. 

O relatório anual da Bertelsmann, divulgado em 31 de março de 2025, destacou que o crescimento foi impulsionado por “efeitos positivos das vendas digitais diretas, foco em negócios essenciais e investimentos significativos”.

Crescimento digital e domínio dos EUA no mercado

Logotipo da BMG, uma empresa de entretenimento e música, destacando um design moderno em amarelo e azul escuro, ideal para identificação em plataformas digitais.
Nova logo da BMG (Crédito: Divulgação)

A BMG vem ampliando sua presença no segmento digital, que saltou de 63% para 68% da receita total entre 2023 e 2024. Esse movimento acompanha a tendência global da indústria musical, onde streaming e licenciamento representam a maior fatia dos ganhos. Os Estados Unidos seguem como o principal mercado da empresa, responsável por 49,6% das receitas, embora com leve recuo em relação aos 51,5% do ano anterior.

Outros territórios também tiveram participação relevante, como Reino Unido (12,9%), Alemanha (8,1%) e França (6%). O restante da Europa somou 16,3%, enquanto mercados fora dos EUA e Europa contribuíram com 7,1%. A estratégia de diversificação geográfica tem sido um dos pilares da BMG para reduzir dependência de um único mercado e explorar oportunidades em regiões emergentes.

Investimentos pesados em catálogos e novos talentos

Lucro da BMG em 2024 por região e categoria (Crédito: Reprodução)
Lucro da BMG em 2024 por região e categoria (Crédito: Reprodução)

Em 2024, a BMG destinou cerca de R$ 1,4 bilhão (€ 243 milhões) apenas na compra de catálogos musicais, um aumento considerável em relação aos R$ 1,2 bilhão (€ 197 milhões) investidos em 2023. Desse total, R$ 1,2 bilhão (€ 210 milhões) foram aplicados em aquisições nos EUA, reforçando o interesse da empresa em direitos autorais e royalties de artistas consagrados.

Além das compras, a BMG fechou contratos com nomes como o cantor country Blake Shelton, os produtores Mustard e YG, e bandas como New Kids on the Block e The Script

Já na editora, destacaram-se acordos com Carly Pearce, KT Tunstall e parcerias estratégicas, como a administração dos direitos da Tomorrowland Music e do catálogo do Cirque du Soleil.

Sucessos musicais e estratégia de reestruturação

Lady Gaga e Bruno Mars tiveram uma das colaborações mais bem sucedidas do ano - Die With a Smile foi a música mais rápida a chegar a 1 bilhão de streams
Crédito: Divulgação

O ano de 2024 foi marcado por lançamentos de peso, como o álbum “Tension II”, de Kylie Minogue, que alcançou o primeiro lugar no Reino Unido, e “Beautifully Broken”, de Jelly Roll, estreia do artista no topo da Billboard 200. 

Enquanto editora, a BMG teve participação em 13 faixas do aclamado “Cowboy Carter” de Beyoncé, além de administrar direitos de sucessos como “Houdini”, de Eminem. Bruno Mars, um dos artistas ligados à BMG, quebrou recordes no Spotify com “Die With A Smile”, parceria com Lady Gaga

Esses resultados foram impulsionados pela reestruturação interna sob o comando do CEO Thomas Coesfeld, que implementou o plano BMG Next, incluindo a migração da distribuição digital para sistemas próprios e redução de custos operacionais. O número de funcionários caiu de 1.073 em 2023 para 1.020 no ano passado.

Tecnologia e desafios da inteligência artificial

Inteligência artificial - IA
Crédito: Freepik

A BMG também avançou em iniciativas tecnológicas, lançando uma nova plataforma de gerenciamento de direitos e sistemas de análise de dados para otimizar royalties. A empresa tem explorado ferramentas de inteligência artificial para melhorar seu marketing e descoberta de músicas, mas alertou para os riscos regulatórios.

No relatório, a Bertelsmann afirmou que “a BMG enfrenta riscos crescentes ligados ao uso de inteligência artificial, especialmente devido às condições regulatórias inadequadas sobre criação e monetização de conteúdo”. O posicionamento reflete preocupações da indústria com o uso não autorizado de obras protegidas por sistemas de IA generativa.

Com esses resultados, a BMG mantém sua posição como uma das principais players do mercado musical, equilibrando investimentos em catálogos tradicionais, crescimento digital e adaptação às novas tecnologias. A empresa deve manter sua estratégia agressiva em 2025, com foco em aquisições e expansão de parcerias globais.

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