Jimmy Cliff, um dos nomes mais conhecidos do reggae no cenário mundial, morreu aos 81 anos em Kingston. A informação foi confirmada pela família na manhã desta segunda-feira (24), após o músico sofrer uma convulsão seguida de pneumonia. A notícia traz à tona seu papel na difusão global do gênero, da Jamaica ao mainstream internacional.
A esposa do artista, Latifa, publicou um comunicado em suas redes sociais anunciando a morte e agradecendo o apoio de familiares, amigos e público. O texto também pediu privacidade neste momento e informou que novos detalhes serão divulgados posteriormente.
A trajetória de Jimmy Cliff sempre esteve ligada à expansão do reggae, ao cinema e à presença marcante de suas canções em diferentes gerações.
Primeiros anos e ascensão internacional
Jimmy Cliff, nascido James Chambers, começou a cantar ainda criança em feiras e festivais locais. Aos 14 anos, se mudou para Kingston em busca de oportunidades profissionais e adotou o nome artístico que carregaria por toda a carreira. Foi na capital jamaicana que conheceu o produtor Leslie Kong, responsável por seus primeiros lançamentos e pelo início de sua projeção.
O primeiro sucesso, “Hurricane Hattie”, abriu caminho para novas gravações e participações importantes, como sua inclusão na delegação jamaicana da Feira Mundial de Nova Iorque em 1964 e no programa “Isto é ska!”. No mesmo ano, Cliff se mudou para a Inglaterra após assinar com a Island Records, gravadora que buscava introduzir o reggae em mercados dominados pelo rock.
Seus primeiros álbuns internacionais surgiram no final dos anos 1960. “Hard Road to Travel”, de 1967, marcou sua chegada ao público global. A canção “Waterfall” venceu o Festival Internacional da Canção em 1969, enquanto “Wonderful World, Beautiful People” entrou no Top 30 dos Estados Unidos naquele mesmo período.
A força do cinema e a consolidação do repertório
O filme “Balada Sangrenta”, de 1972, marcou um dos momentos decisivos da carreira do artista. A trama, protagonizada por Cliff, aumentou a visibilidade do reggae e impactou novos públicos. O álbum da trilha sonora, que inclui faixas como “You Can Get It If You Really Want”, tornou-se referência da música jamaicana no exterior.
Durante os anos 1980, Cliff circulou por diferentes mercados. Fez apresentações no Saturday Night Live, excursionou com Gilberto Gil, participou do Pinkpop, cantou com os Rolling Stones e esteve presente em trilhas sonoras de novelas brasileiras. Em 1985, o álbum “Cliff Hanger” recebeu o Grammy de Melhor Álbum de Reggae.
Nos anos seguintes, o músico seguiu atuando de forma constante no cinema e na música. Seu cover de “I Can See Clearly Now”, lançado em 1993 para o filme “Jamaica Abaixo de Zero”, se tornou um dos maiores sucessos da carreira no streaming. Em 2012, “Rebirth”, produzido ao lado de Tim Armstrong, recebeu indicação ao Grammy e entrou na lista dos 50 melhores álbuns do ano pela Rolling Stone.
Família de Jimmy Cliff faz post emocionado no Instagram
A família divulgou uma nota sobre o falecimento do artista. No comunicado, a esposa, Latifa, expressou gratidão a todos que acompanharam sua trajetória:
“É com profunda tristeza que compartilho que meu marido, Jimmy Cliff, cruzou para o outro lado devido a uma convulsão seguida de pneumonia. Sou grata à sua família, amigos, colegas artistas e companheiros de trabalho que compartilharam essa jornada com ele. A todos os seus fãs ao redor do mundo, saibam que o apoio de vocês foi sua força durante toda a carreira. Ele realmente valorizava cada fã pelo amor que recebia. Também gostaria de agradecer ao Dr. Couceyro e a toda a equipe médica, que foram extremamente solidários e prestativos durante este processo difícil.”
A nota continua:
“Jimmy, meu querido, que você descanse em paz. Vou seguir seus desejos. Espero que todos possam respeitar nossa privacidade nesses tempos difíceis. Mais informações serão fornecidas posteriormente. Nos vemos, e nós vemos você, Lenda.”
A nota foi assinada por Latifa e seus filhos, Lilty and Aken.
Presença constante no Brasil e conexões com Salvador

A relação de Jimmy Cliff com o Brasil foi construída ao longo de décadas, marcada por turnês, festivais e colaboraçõe. O músico excursionou com Gilberto Gil em 1980, período em que todos os auditórios onde se apresentou registraram grande público. Poucos anos depois, retornou para shows próprios e participações em programas de TV, como o Cassino do Chacrinha. Em Salvador, viveu um período mais longo, no qual estabeleceu vínculos pessoais e profissionais. Um de seus filhos nasceu na capital baiana, e essa fase marcou a aproximação definitiva de Cliff com músicos e produtores locais.
Foi ali que gravou o álbum “Breakout”, lançado em 1992, com participações de Olodum na faixa “Samba Reggae” e do Araketu em “Breakout” e “War a Africa”. Essas parcerias aproximaram Cliff dos músicos baianos e registraram um encontro entre o reggae jamaicano e ritmos produzidos na Bahia. O artista também voltou ao país para o Rock in Rio de 1991, onde apresentou sucessos já conhecidos do público brasileiro.
Além das gravações com artistas baianos, Cliff teve participações que se tornaram referência. Em 1997, esteve no acústico dos Titãs, onde interpretou “The Harder They Come”, recriada em português como “Querem Meu Sangue”.
Um legado conectado à cultura brasileira
Algumas de suas músicas circularam de forma expressiva no Brasil, seja em festivais, seja em trilhas sonoras de novelas. “Hot Shot” fez parte de “Ti Ti Ti” (1985–1986) e “Rebel In Me” integrou a trilha de “Rainha da Sucata” (1990). O acervo de gravações e colaborações construídas no país, especialmente na Bahia, reforça a presença de Cliff em momentos importantes da indústria musical brasileira.
Sua morte encerra uma trajetória extensa, marcada por passagens importantes pelo Brasil. As músicas, filmes, participações e gravações realizadas no país seguem disponíveis em diferentes plataformas, mostrando como essa relação faz parte do acervo que o artista construiu entre a Jamaica, Salvador e outros mercados.
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