Pollstar e TheWrap apontam estabilidade no mercado global de shows e retração em casas menores em 2025

Relatório reúne dados da Pollstar, pesquisa da TheWrap/WrapPRO e indicadores da Comscore para analisar o cenário do entretenimento ao vivo em 2025.
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Nathália Pandeló
Capa do estudo Taking a Beat on Live Entertainment, do Pollstar e The Wrap
Capa do estudo Taking a Beat on Live Entertainment, do Pollstar e The Wrap (Crédito: Reprodução)

Depois de anos de crescimento acelerado, o mercado global de shows entrou em uma fase de estabilidade. O novo relatório especial da Pollstar, em parceria com a TheWrap, mostra que grandes turnês e arenas continuam com público e receita em alta, enquanto clubes e teatros menores vivem um momento de desaceleração. O estudo combina seis bases de dados da Pollstar, uma pesquisa feita pela WrapPRO com leitores da TheWrap e dados de bilheteria da Comscore, para traçar um panorama do setor entre 2019 e 2025.

O levantamento mostra que o topo do mercado segue sólido, sustentado por produções de grande porte e ingressos com valores elevados. Já os espaços médios e pequenos lidam com um público mais cuidadoso nos gastos, aumento de custos e margens mais apertadas. Em comparação com o cinema, o entretenimento ao vivo se mantém como uma das principais formas de lazer. Isso fortalece o que o relatório chama de “economia da experiência”, em que o público prefere investir em vivências marcantes a produtos.

O que o estudo mede

O relatório “Taking a Beat on Live Entertainment” analisa o que cresceu, se manteve ou caiu desde 2019, comparando o desempenho do ao vivo com o das bilheterias de cinema no mesmo período. A pesquisa feita pela WrapPRO em setembro mostra como os consumidores decidem onde gastar com lazer e quais fatores mais influenciam suas escolhas. O material também destaca os artistas, turnês e locais que tiveram melhor desempenho em 2025.

Segundo o estudo, o mercado opera em dois níveis distintos. Estádios e arenas continuam lotados e com preços altos, enquanto as casas de médio e pequeno porte registram uma leve queda de público e renda. O cenário exige planejamento mais preciso de artistas, produtores e gestores, que precisam ajustar preços, formatos e experiências sem afastar o público.

Indicadores de preços, público e receita

Estado da economia de shows, segundo Pollstar e TheWrap
Estado da economia de shows, segundo Pollstar e TheWrap (Crédito: Reprodução)

Desde 2019, o preço médio do ingresso entre as 100 maiores turnês do mundo cresceu de forma constante, acompanhando a procura por experiências de grande escala. Em 2025, porém, o ritmo de alta diminuiu e o número médio de ingressos vendidos por show caiu um pouco. A pesquisa indica que a maioria dos entrevistados gasta até US$ 150 por ingresso e ainda prioriza shows quando pensa em lazer, mas se volta para streaming ou restaurantes quando decide economizar.

Esses dados explicam por que o topo continua crescendo: os grandes artistas seguem movimentando arenas e estádios, com forte apelo internacional e produções cada vez mais elaboradas. Já os eventos de médio porte sentem mais os efeitos da inflação e da cautela dos consumidores, o que torna a precificação um desafio constante.

Artistas e venues em destaque no ano

Segundo Pollstar e TheWrap, as turnês de Coldplay, Imagine Dragons, Shakira e Beyoncé estão entre as mais bem-sucedidas do ano e mostram a força do circuito global. Nos palcos, o Estadio GNP Seguros (Cidade do México) e o Allianz Parque (São Paulo) aparecem entre os estádios com maior público, enquanto arenas como a K-Arena Yokohama (Japão), a Movistar Arena (Madri) e a Sphere (Las Vegas) registram excelentes resultados. 

Entre os anfiteatros e teatros, o Red Rocks Amphitheatre e o Radio City Music Hall se destacam pela consistência de bilheteria. Já o Hard Rock Live Hollywood lidera o segmento de clubes, mesmo em um cenário de leve queda nas vendas e alta de custos operacionais.

Esses resultados mostram um mercado cada vez mais globalizado, com forte presença da América Latina, Europa e Ásia entre os maiores públicos e receitas. No caso brasileiro, o desempenho do Allianz Parque confirma o papel dos estádios multiuso como peça central na geração de receita da música ao vivo.

Festivais, experiências imersivas e o que vem pela frente

Oasis (Crédito: Divulgação)
Oasis (Crédito: Divulgação)

Os festivais continuam sendo uma das principais apostas do setor. O Coachella 2026, por exemplo, esgotou os dois fins de semana de ingressos após anunciar nomes como Sabrina Carpenter, Justin Bieber e Karol G. Outro movimento de destaque é o avanço das experiências imersivas. Casas como a Sphere, em Las Vegas, combinam tecnologia, hologramas e repertórios populares para criar novos formatos de espetáculo.

O relatório também aponta o sucesso das turnês de artistas que marcaram os anos 1990, como Oasis, Radiohead, Pearl Jam e Alanis Morissette. A análise é que se trata de um reflexo do poder de compra de um público que hoje busca experiências nostálgicas, mas de alta qualidade.

O recado do estudo é de que o setor de shows segue forte, mas enfrenta um público mais seletivo e consciente. Investir em propostas bem definidas, experiências diferenciadas e preços equilibrados será essencial para manter o ritmo e garantir a renovação de plateias nos próximos anos.

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