O mercado global de música gravada atingiu US$ 18,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, segundo o novo relatório da MIDiA Research. O crescimento de 5,9% em relação ao mesmo período de 2024 não deixa de ser um bom resultado, mas também indica um ritmo mais lento do que o observado nos dois anos anteriores.
O estudo, que faz parte do relatório Music Industry Metrics H1 2025, analisa mais de 40 páginas de métricas de mercado, dados financeiros e comportamento do consumidor. Segundo o diretor-geral da empresa, Mark Mulligan, “o crescimento não apenas desacelerou em termos percentuais, mas o valor absoluto adicionado também foi menor”.
DSPs lideram o crescimento dentro do ecossistema musical

Enquanto as receitas das gravadoras e editoras cresceram em ritmo mais contido, os serviços de streaming digital (conhecidos como DSPs, ou Digital Service Providers) tornaram-se o segmento de crescimento mais rápido da indústria.
“Os DSPs foram a parte que mais cresceu no primeiro semestre de 2025 e, talvez mais significativamente, adicionaram mais do que o dobro da receita das companhias de direitos autorais acompanhadas pela MIDiA”, explicou Mulligan.
Essa virada é significativa se comparada a 2022, quando as plataformas de streaming haviam acrescentado apenas um terço da receita obtida pelos detentores de direitos. O novo cenário aponta para o que Mulligan descreve como “uma mudança de valor ao longo da cadeia do streaming em direção aos DSPs”, um movimento que poderá influenciar as próximas rodadas de renegociação de licenças com as grandes gravadoras.
Gravadoras asiáticas crescem enquanto majors ocidentais perdem fôlego

Além da diferença entre gravadoras e DSPs, a pesquisa destaca a crescente divergência entre os selos asiáticos e os conglomerados ocidentais. As empresas da Ásia vêm registrando um aumento expressivo na receita proveniente de formatos digitais e no consumo doméstico, enquanto as majors tradicionais (Universal Music Group, Sony Music Entertainment e Warner Music Group) enfrentam um cenário de maior estabilidade e dependência do streaming.
Esse movimento confirma uma tendência observada em relatórios anteriores: o fortalecimento das economias criativas asiáticas e a consolidação de mercados locais como protagonistas na música global. A combinação de artistas regionais com estratégias tecnológicas tem aumentado a fatia de mercado das empresas da Ásia.
Editoras mantêm crescimento
O relatório também mostra que as editoras musicais continuam apresentando um desempenho acima da média do setor. Elas foram, ao lado dos DSPs, o grupo com crescimento mais acelerado entre 2023 e 2025, beneficiadas pelo aumento das receitas de sincronização e pelo uso de catálogos em novos formatos audiovisuais.
Segundo Mulligan, o avanço das editoras reflete uma “revalorização dos direitos de composição”, impulsionada pelo aumento de demanda em filmes, séries, jogos e redes sociais. Com a explosão do consumo de música em contextos não tradicionais, a gestão de direitos autorais tornou-se uma das principais fontes de receita no ecossistema fonográfico.
O desafio da desaceleração e o futuro do crescimento

Apesar dos números positivos, a MIDiA alerta que 2025 marca o quarto ano consecutivo de desaceleração nas taxas de crescimento semestrais das principais empresas da indústria. A expansão ainda é sólida, mas o relatório sugere que a fase de crescimento acelerado pós-pandemia chegou ao fim.
A valorização crescente dos DSPs e a concentração de receitas nas grandes plataformas indicam um novo equilíbrio de forças dentro da música gravada. Ao mesmo tempo, a diferença entre os mercados ocidentais e asiáticos tende a aumentar, levantando questões sobre diversidade, modelos de monetização e distribuição de valor.
A MIDiA Research aponta que, em um cenário de competição intensa e margens mais ajustadas, o futuro da música gravada dependerá da capacidade de inovação dos agentes do setor (desde as majors até as plataformas e editoras) em encontrar novas formas de gerar valor e engajar o público.
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