Fraudes em ingressos para shows e festivais causam prejuízos milionários e preocupam organizadores, alerta Bilheteria Digital

Golpes e fraudes crescem no Brasil e no exterior, explorando alta demanda e uso de tecnologia avançada para enganar fãs de música e esportes em busca de ingressos.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Operação contra fraude de streaming Brasil

O aumento das fraudes na compra de ingressos para eventos tem preocupado fãs e organizadores em todo o mundo. Os golpistas usam desde anúncios falsos nas redes sociais até cópias sofisticadas de sites oficiais para enganar consumidores em busca de entradas para shows, festivais e partidas esportivas.

No Brasil, dados da ClearSale indicam que, em 2023, a média mensal de tentativas de fraudes no e-commerce chegou a 295 mil, totalizando R$ 3,5 bilhões no ano. Embora esse número envolva todo o comércio eletrônico, o setor de entretenimento ao vivo é um dos mais afetados em períodos de alta demanda, como turnês internacionais e festivais de grande porte.

Com atuação em eventos de diferentes portes e perfis desde 2009, a Bilheteria Digital lida diretamente com os períodos de maior vulnerabilidade para o público: vendas esgotadas em minutos, alto tráfego simultâneo e grande circulação de links não oficiais. Ao comercializar cerca de 40 milhões de ingressos e gerenciar mais de 7 mil atrações por ano, incluindo eventos como Tardezinha e o Festival de Parintins, além de jogos da seleção brasileira, a empresa acumula experiência prática no enfrentamento de tentativas de fraudes em larga escala. Isso a torna um termômetro importante para entender como esses golpes evoluem e como podem ser evitados.

Casos recentes mostram crescimento do problema

No Reino Unido, a situação também é preocupante. Em 2024, houve 9.826 casos de fraudes relacionadas a ingressos, que resultaram em perdas de £ 9,8 milhões, alta de 47% em relação ao ano anterior. Um dos episódios mais notórios ocorreu com a turnê de reunião da banda Oasis: cerca de 5 mil fãs perderam, em média, £ 436 cada, totalizando mais de £ 2 milhões em prejuízos.

A criatividade dos golpistas também se reflete em estratégias mais elaboradas. Uma fã britânica teve sua conta no Instagram invadida e usada para oferecer ingressos falsos a amigos e familiares, acumulando um prejuízo de £ 1.400. Casos semelhantes foram relatados em diferentes países, explorando falhas de segurança nas redes sociais para alcançar as vítimas com mais facilidade.

Na Irlanda, a venda de ingressos para o primeiro jogo de temporada regular da NFL no país gerou aumento de 80% nas fraudes e de 48% no valor perdido apenas nas duas semanas seguintes ao início das vendas. Já na Dinamarca, a tecnologia de inteligência artificial tem sido usada para criar ingressos falsificados quase idênticos aos originais, dificultando a identificação por parte dos consumidores e até de organizadores.

Golpes e fraudes se sofisticam também no Brasil

Imagem de ingressos de shows de artistas populares como Justin Bieber e Harry Styles, destacando eventos musicais grandiosos e memoráveis. Eventim fraudes

No mercado brasileiro, as redes sociais têm sido o espaço ideal para esse tipo de crime. Em julho de 2025, um perfil falso do festival Cine Vista enganou clientes ao vender ingressos falsos por Pix, com prejuízos de até R$ 280 por pessoa. Mais recentemente, surgiram anúncios de eventos inexistentes, como uma suposta apresentação do Pearl Jam, veiculados em sites que imitavam plataformas oficiais de venda.

A Bilheteria Digital alerta que, em períodos de grande procura, é comum o surgimento de páginas falsas copiando identidade visual e layout de canais legítimos. 

“O surgimento de páginas falsas é cada vez mais sofisticado. Por isso, investimos continuamente em tecnologia e monitoramento para garantir um ambiente seguro. Mas a proteção é uma via de mão dupla: o consumidor também precisa estar atento e seguir boas práticas na hora da compra”, afirma Guilherme Feldman, CEO da empresa.

Como evitar cair em golpes

Entre as orientações mais comuns estão verificar se o site começa com “https” e exibe o cadeado de segurança, digitar manualmente o endereço oficial no navegador, desconfiar de preços muito abaixo do valor original e consultar a reputação da página antes de finalizar a compra.

Os especialistas também recomendam evitar compras em sites que não estejam listados pela produção do evento como canais autorizados, dar preferência ao uso de cartão de crédito (que permite contestar cobranças) e não confiar em anúncios recebidos por mensagens ou redes sociais sem confirmação prévia.

Um desafio para o setor de eventos

Oasis (Crédito: Divulgação)
Oasis (Crédito: Divulgação)

Com a retomada do calendário de grandes atrações no Brasil e no mundo, a combinação entre alta demanda e golpes cada vez mais sofisticados se tornou um desafio central para o setor. 

As organizações têm investido em sistemas de autenticação, monitoramento de tráfego e comunicação preventiva com o público, mas destacam que a conscientização do consumidor ainda é uma das barreiras mais eficazes contra perdas financeiras e frustração.

Enquanto a tecnologia avança tanto para organizadores quanto para criminosos, a atenção e a cautela permanecem como aliados indispensáveis para quem quer garantir que a experiência de ver seu artista favorito no palco não se transforme em prejuízo.

  • Leia mais: