O Spotify divulgou um novo recorte sobre comportamento de fãs que pode mudar a forma como artistas e equipes de marketing estruturam suas estratégias: os chamados “superouvintes”. Segundo a plataforma, esse grupo representa apenas 2% da base mensal de ouvintes de um artista, mas é responsável por metade das vendas de ingressos promovidas pelo próprio Spotify.
A definição é ainda mais restrita do que a tradicional categoria de superfãs. De acordo com a empresa, superouvintes escutam 20 vezes mais músicas de um mesmo artista do que os ouvintes “programados” (aqueles que clicam em faixas inseridas em playlists ou indicadas por algoritmos). Eles compartilham nove vezes mais conteúdo musical e gastam, em média, mais de US$ 25 por artista em shows, produtos e outras compras no período de 30 dias.
A lealdade também impressiona. Em levantamento feito com 4.500 ouvintes nos Estados Unidos, mais da metade dos superouvintes de um artista continuam escutando suas músicas seis meses depois do primeiro contato. “Esses fãs não são casuais. Eles são comprometidos”, afirmou o Spotify em publicação no blog oficial. “Se você quer construir uma base real de fãs, não basta atrair ouvintes. É preciso se conectar com os ouvintes certos.”
Ferramentas para localizar superouvintes na base de fãs
Para ajudar os artistas a identificar seus superouvintes, o Spotify destaca recursos já disponíveis na plataforma Spotify for Artists. Na aba Público → Segmentos, o painel exibe a proporção de ouvintes classificados como superouvintes, ouvintes moderados ou ouvintes leves.
Já em Público → Visão geral, é possível visualizar um gráfico com as origens dos streams, mostrando se as músicas foram acessadas por meio de playlists editoriais, recomendações, buscas diretas pelo perfil do artista ou visitas às páginas de lançamentos.
A empresa também estruturou um funil dividido em três estágios: crescimento, reativação e engajamento. O primeiro reúne ouvintes potenciais e programados, e o Spotify recomenda o uso de ferramentas como Discovery Mode ou envio para curadoria de playlists como forma de estimular o primeiro clique.
No estágio de reativação, o foco são antigos ouvintes inativos há mais de 28 dias. A orientação é ativar campanhas com os produtos Showcase ou Marquee, que promovem lançamentos diretamente nos feeds dos usuários. Segundo a plataforma, esses recursos dobram as chances de conversão em superouvintes durante uma campanha.
Engajamento depende de estímulo recorrente

A última etapa do funil é o engajamento, que tem o objetivo de manter a base ativa. O Spotify recomenda atualizações frequentes nos perfis de artista, como vídeos curtos, produtos oficiais e inclusão de novas datas de turnê. Esses elementos ajudam a incluir o artista nas seções Shows Perto de Você e Eventos ao Vivo e nas sugestões personalizadas de eventos.
Lançamentos também são fundamentais. De acordo com o Spotify, há um aumento médio de 18% na quantidade de superouvintes após a liberação de novos projetos.
“Há algo poderoso em saber quem está sempre presente. São esses fãs que permanecem engajados, espalham a música e apoiam os artistas em todos os níveis”, disse Claudia Zamora, gerente de marketing de produto para promoção musical no Spotify.
Superouvintes devem influenciar novo plano Music Pro
A atenção dada aos superouvintes pode antecipar mudanças estruturais na monetização da plataforma. O mercado acompanha com expectativa o lançamento do novo plano Music Pro, prometido há meses e voltado a criadores. A depender das funcionalidades oferecidas, ele pode fortalecer ainda mais o vínculo direto entre artistas e superfãs, com possibilidades de ganhos adicionais e novos formatos de engajamento.
A leitura do Spotify é clara: aumentar o número bruto de ouvintes nem sempre é o caminho mais eficaz para a consolidação de uma carreira. O foco agora está em identificar e nutrir o relacionamento com os superouvintes, que podem representar uma minoria em números, mas que têm grande impacto no sucesso de longo prazo de um artista.
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