Tierry antecipa tendências e mostra como artistas podem inovar em parcerias com marcas

Modelo criado por Tierry revela novos caminhos para artistas e marcas além das campanhas tradicionais e influenciadores.
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Nathália Pandeló
Tierry
Tierry (Crédito: Divulgação)

No Brasil, a relação entre música e marcas sempre foi marcada por jingles, patrocínios e ações publicitárias. Mas Tierry, conhecido por hits como “Rita”, “Hackearam-me” e HB20, tem mostrado que é possível ir além desse padrão. Ele cria músicas onde marcas aparecem de forma natural, antecipando demandas e transformando essas referências em parte de sua identidade artística.

Durante o São João no Nordeste, Tierry apresentou “Meriane”, feita em parceria com a rede social Privacy. A música, em ritmo de forró eletrônico, conta a história de um rapaz apaixonado por Meriane, jovem do interior que publica conteúdos na plataforma. 

“Eu adoro fazer música para o povo e essa é mais um hit, e está muito legal”, contou o cantor. Ele explicou que a escolha de lançar a música primeiro nas redes sociais foi para que “todos aproveitem esse sucesso quanto antes”.

Para Tierry, esse modelo não surgiu por acaso. 

“Vários artistas fazem música citando marcas, então por que não chamar essas marcas pra serem parceiras e investirem nessas músicas?”, diz. 

Ele acredita que há espaço para transformar composições em ativos comerciais que beneficiam tanto os artistas quanto as empresas: 

“Eu quero que cada dia que passe mais marcas me procurem pra cantar suas músicas de forma que elas virem um hit eterno.”

Jingles disfarçados de single

As músicas com marcas integradas, segundo Tierry, funcionam como “jingles disfarçados de single”. Ele explica: 

“Sem querer a pessoa ouve a marca numa história que elas já ouviram.” 

Esse efeito fortalece a relação com o público, tornando as marcas parte da narrativa do cotidiano, e não apenas um elemento de marketing explícito.

O cantor destaca que muitas marcas ainda não perceberam o alcance que esse formato pode ter. 

“Se as marcas fossem espertas, elas briefariam vários repertórios pra que suas marcas estivessem disfarçadas e eternamente sendo citadas. A Brahma fez isso com a Alô Ambev! Com HB20 poderia ter sido muito maior! Foram quase 200 milhões de plays e eu nem investi”, comenta. 

Ele acredita que a conexão com o público se torna mais direta quando a música fala a mesma linguagem: 

“A música faz parte do nosso dia a dia. Esse tipo de música fala a linguagem do povo!”

Caminhos espontâneos e encomendados

Tierry
Tierry (Crédito: Divulgação)

Ao longo de sua carreira, Tierry viveu diferentes experiências com marcas. Algumas foram espontâneas, como o uso de “Tadala” por farmácias ou a repercussão de “Mounjaro” entre os usuários do remédio. 

Outras vieram de pedidos formais, como projetos para TIM, Tigre e Brahma. “Já fiz de tudo!”, afirma. Para ele, tanto as composições espontâneas quanto as encomendadas abrem possibilidades de inovação e mostram que música e mercado podem caminhar juntos.

O artista ainda sugere um modelo pouco explorado: o patrocínio de álbuns inteiros, onde todas as músicas mencionem discretamente uma marca. 

“Eu acho super inteligente marcas patrocinarem álbuns onde todas as músicas falem de forma discreta dela. As músicas bombam e falam delas! Fica a dica hein…”, provoca.

Nova dinâmica para artistas e mercado

Tierry
Tierry (Crédito: Divulgação)

A proposta de Tierry revela uma inversão interessante: ao invés de esperar que as marcas criem campanhas ou convidem influenciadores, ele mesmo oferece o repertório como plataforma de engajamento. O artista reforçou esse ponto ao afirmar que investir no cenário musical é uma forma de conexão orgânica e aproximação genuína com diferentes comunidades.

Essa dinâmica mostra um caminho possível para outros artistas que buscam diversificar suas fontes de receita e ampliar o impacto de seus trabalhos. Para quem deseja seguir essa linha, Tierry dá o conselho: 

“Fiquem ligados nas tendências!” 

Ele lembra que o sucesso está em unir criatividade e estratégia, sempre pensando no público: 

“Eu faço música pro povo!”

Esse caminho, como tantos outros na indústria da música, não tem receita pronta. Mas Tierry mostra que quem arrisca pode transformar uma ideia em resultados concretos.

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